Quem imaginária que um lugar chamado "paraíso" pertenceria a um demônio.
É isso que Hardy Wolf é, um demônio direto do inferno que anda por entre a poeira ao calor do deserto de nevada aterrorizando todos que cruzam seu caminho.
Eu nunca o vi pessoalmente,mas infelizmente estou a sua mercê.
Dois meses atrás eu o procurei, precisava de dinheiro para pagar parte da nossa hipoteca para que meu pai e eu não fôssemos mandados embora dá nossa própria casa.
É, eu sei, sou muito burra por fazer um empréstimo para pagar outro empréstimo, mas não pensei direito no que estava fazendo.
Agora, sentada na sala de Hardy wolf com as mãos suadas e o coração acelerado, percebo o grande erro que cometi.
Todo mundo sabe o que acontece com quem não paga o Sr.Wolf.
Eu preferiria ter que lidar com seu braço direito, o Sr Egas, que é com certeza muito mais agradavel que Wolf.
Quando vim pedir o dinheiro foi Egas quem negociou comigo, gostaria que fosse assim agora, não quero ter que conhecer o demônio que todos na cidade temem.
Ao ouvir a porta se abrindo levanto-me rapidamente e viro-me, e o que eu vejo não é nada igual ao que imaginei.
Hardy Wolf é um homem maduro, mas não velho como eu havia pensado.
Ele é incrivelmente alto e tenho que admitir, ele é lindo.
Ou seria caso seu semblante não fosse o de um homem completamente arrogante e puramente m*l.
Seus cabelos e barba são pretos, os olhos castanhos e a pele amendoada.
Ele veste um terno que com certeza custa mais do que eu ganho em um mês.
A porta se fecha e eu fico sozinha com o demônio.
Sei que talvez seja exagero chama-lo assim, mas depois das coisas que eu ouvi a seu respeito ( coisas que eu deveria ter levado em consideração antes de aceitar seu dinheiro ) me parece certo chama-lo assim.
O Sr.wolf fica parado, as mãos ao lado do corpo, a expressão indecifrável.
Mas seus olhos revelam mais que seu rosto, vejo ele me olhando dos pés a cabeça várias vezes, como se eu também não fosse o que ele esperava.
A cada segundo em que ele não diz nada e o silêncio cresce, sinto que estou mais perto de pular a janela e sair correndo daqui.
Até que finalmente fala e quando o faz, sinto um arrepio percorrer o meu corpo, como se eu tivesse acabado de escutar o próprio demônio se apresentando para mim.
- Hardy Wolf
-L -Laura mercy
Digo e me sinto patética ao gaguejar.
Lentamente ele caminha até a mesa, abre o único botão que mantinha seu terno fechado e senta-se em sua cadeira.
Sento-me sem saber se deveria esperar ele me mandar fazer isso ou não.
Passei horas imaginando como seria esse encontro, o que o Sr.Wolf me diria quando soubesse que não vim para pagar o que lhe devo e vim para pedir uma extensão no prazo, por isso o fato dele não dizer absolutamente nada me enerva completamente.
Ele apenas me observa com seus olhos analisadores e o mais assustador é que sinto como ele estivesse enxergando a minha alma.
- Vejo que você já ouviu falar da fama que carrego pela cidade.
- Perdão ?
- Desde que entrei nesta sala você lançado olhares para os lados, como se procurasse por onde escapar.
Ele diz.
Não havia percebido que estava fazendo isso.
Desvio olhar, com vergonha por ser tão covarde
- Não se preocupe, você tá segura... por enquanto.
Ele diz e sinto um arrepio me percorrer.
- Diga Srta.mercy, você veio pagar o que me deve?
- Sobre isso..
Esfrego minhas mãos nervosa elas estão suadas e pegajosa.
- Eu sinto muito, mas não tenho seu dinheiro.
- Não ?
Ele pergunta levantando uma sobrancelha.
Sua voz é calma mas muito assustadora.
- Eu não consegui, achei que conseguiria mas não.
- Mas eu vou só preciso de um pouco mais de tempo, eu vou te pagar, eu juro.
- Srta.mercy, se você já ouviu falar de mim deveria saber que não posso deixar isso acontecer.
-Mas ...
- Srta mercy,
Ele diz perdendo a calma.
- Você sabe o que seria de mim caso eu fosse tolerante com aquele que me devem ?
- Eu perderia totalmente o respeito que conquistei, e isso eu não posso aceitar.
- Eu sinto muito, Sr.wolf, não quis ofende -lo .
- Você estava ciente dos riscos quando veio.
- Eu preciso do meu dinheiro e preciso hoje.
- Senhor, eu não tenho como paga- lo hoje, não tenho dinheiro.
- Então vou ter que pegar algo que pertence.
- Mas eu não tenho nada.
Exclamou indignada.
- Você tem uma casa, que está no nome do seu pai, seu único parente vivo, não é?
- Como o senhor sabe disso ?
Pergunto Espantada.
- Você acha mesmo que eu empresto dinheiro para qualquer um ?
- Não, Srta mercy, meu assistente fez uma investigação minuciosa sobre você antes de aceitar lhe conceder o empréstimo.
- Sua casa deve servir como pagamento.
- Mas o motivo de eu ter pegado seu dinheiro foi justamente para salvar a nossa casa, o senhor não pode tirá- la de mim.
- Não me diga o que posso ou não posso fazer!
Ele diz com uma raiva controlada.
- Sinto muito.
- Não tenho interesse nenhum em tirar você e seu pai e coloca-los na rua, mas entenda, eu preciso do meu dinheiro de volta de alguma forma.
- Eu entendo.
- O que você faz, Srta mercy ?
- Trabalha ? estuda ?
- Eu trabalho, senhor, sou garçonete em uma lanchonete.
- Seu pai faz o que ?
- Tenho certeza que o senhor sabe, já que mandou seu assistente investigar minha vida.
Digo e me repreendo imediatamente pela minha audácia.
Mas ao contrário do que imaginei, Wolf não fica furioso com minha resposta.
Ele sorri.
- Sim, eu sei.
- Ele é um bêbado desempregado e inútil que é sustentado pela própria filha.
Suas palavras e a verdade nelas machuca.
- Mas o que eu não sei foi, o que aconteceu com a sua mãe?
- Ela morreu.
Respondo torcendo para que ele não se interesse mais por minha vida pessoal e simplesmente decida logo o que vai fazer sobre minha dívida.
Wolf me observa, me analisando com seus olhos astutos e me deixando desconfortável.
- Hoje é o seu dia de sorte, Srta mercy, decidi que não vou pegar sua casa.
- Não ?
- Não, ela não me seria de muita utilidade. Mas ainda precisamos resolver o nosso probleminha.
- Se o senhor me der mais um tempo eu...
- Eu já disse que não posso fazer isso, não disse ?
Seu tom faz com que eu me sinta uma criança burra.
- E mesmo que fizesse, você levaria quanto tempo para me pagar tudo o que me deve ?
- Seu salário de garçonete não deve ser grande coisa.
- Não, não é.
- Porque algo me diz que você sabia que não poderia me pagar quando pediu o dinheiro ?
- Talvez você achou que poderia me enganar.
- Foi isso, Srta mercy, você achou que poderia me fazer de t**o ?
Ele pergunta estreitando os olhos.
- Não, claro que não eu estava desesperada, íamos perder a casa e ...
Calo- me no mesmo instante em que ele levanta a mão em um gesto para me impedir de continuar com minhas desculpas.
- Egas nunca deveria ter concordado com isso, mas como eu ,disse hoje é seu dia de sorte.
- Já sei como você vai me pagar o que deve.
- Como ?
Pergunto e sinto um frio na barriga ao ver certa malícia em seus olhos.
Sinto que isso não será bom, nada bom.
Como eu queria voltar no tempo e nunca ter me envolvido com essa gente, seria melhor morar na rua do que ficar devendo para um homem sem escrúpulos como hardy wolf .
- Você irá trabalhar para mim,Srta mercy, aqui mesmo no paraíso.
- Ele diz e sinto o Pânico tomar conta de mim.
- Não!
Grito.
- Não vou ! se você pensa que eu vou ser uma dessas garotas que dorme com um homem por dinheiro, pense duas vezes, prefiro que o senhor me mate !
- Eu nunca permitiria que você dormisse com os meus clientes.
Ele disse e acho que ouvi um grunhido saindo por entre seus lábios.
Pelo modo que ele me olha sei exatamente o que está se passando em sua mente.
Ele está pensando sobre meu peso, sobre o fato que eu nunca conseguiria atrair nenhum homem porque sou gorda.
Sei o que ele pensa não deveria me incomodar, mas incomoda.
Eu tenho consciência do meu peso e dos olhares zombeteiro das outras mulheres quando passo na rua .
É claro que um homem como hardy nunca nem sequer pensaria em mim.
Eu sou apenas uma gorda estúpida que lhe deve dinheiro.
- Você irá trabalhar servindo bebidas aos clientes e não fará nada com eles.
- Você trabalhará de segunda a segunda e será a primeira a chegar e a última a sair e fará isso até pagar tudo o que me deve. Entendeu ?
Abro a boca para protestar, mas sei que estou abusando da sorte.
Uma hora dessas eu poderia estar dentro de uma caixa sendo enterrada no deserto onde ninguém me encontraria.
Por isso apenas concordo.
- Entendi.
- Vou chamar Egas para lhe explicar como deve proceder.
Ele diz e com uma breve ligação chama seu assistente, que entra na sala alguns segundos depois.
Egas é parecido com Wolf em alguns aspectos.
Ele é alto, poucos centímetros mais baixo que seu chefe, e é forte, seus músculos não deixam nem um espaço vago dentro do seu terno caro ( porém não tão caro quanto o de Wolf ).
Sua pele é n***a como ébano
Seu cabelo e sua barba são curtos, rente à pele.
Um brinco de diamantes enfeita sua orelha esquerda.
Ele tem um ar charmoso e perigoso por mais que não seja tão perigoso quanto Wolf.
É jovem também, mas tem muita confiança.
- Egas, faça-me o favor de explicar para Srta.mercy sobre as regras da casa.
- Ela será a nossa nova atendente.
-É claro, senhor ?
Egas diz e então se vira em minha direção.
- Vamos, Srta.mercy ?
Levanto-me e acompanho Egas.
- A sua mãe morreu antes de lhe dar uma boa educação, Srta.mercy.
Paro ao ouvir a voz de Wolf e então me viro, sua expressão é irritada.
- Acho que você deveria me agradecer por ter sido tão compreensivo com a sua falha e ter lhe dado uma chance de liquidar sua dívida.
- É claro, me desculpe.
Alguns segundos de silêncio se passam e então ele levanta uma sombrancelha.
- Então, estou esperando.
-Obrigada, Sr.wolf, pela sua... bondade.
Digo e ele apenas assente, como se fosse um rei benévolente que tivesse acabado de poupar um súdito.
Assim que saímos de sua sala e passamos pela bela ( E magrissima ) secretária do Sr.Wolf, Egas sussurra para mim.
- Você teve sorte por ele não estar de mau humor hoje.
- Isso foi ele de bom humor.
Pergunto incrédula.
- Isso mesmo.
Ele diz e sorri e não posso deixar de notar que ele tem um sorriso muito lindo.
- Preferia que você fosse o chefe, é mais simpático.
Digo e ele ri.
- Acho que deveria me preocupar com isso, ser considerado simpático não é nada bom para minha reputação.
- Reputação. parece que é só com isso que vocês se importam, hum ?
- Reputação é nosso meio mais eficaz de se evitar violência,Srta mercy.
Ele diz parecendo um pouco ofendido.
Tenho que me lembra que apesar do Sr.Egas ser mais simpático que o Sr.Wolf, ambos são perigosos e não posso irrita--los.
- É mesmo ?
Pergunto apenas porque sinto a necessidade de preencher o silêncio.
- Sim, é mesmo.
Ele diz, parando enfrente de uma porta e olhando para mim.
- Não há necessidade de violência contra uma pessoa que se submete à você por medo do que você é capaz antes mesmo de você de fato fazer algo contra ela.
Isso até que faz sentido, penso.
- Achei que pessoas como você e o Sr.Wolf não se importassem em ser violentos.
- E não nos importamos, mas eu particularmente prefiro evitar machucar, mutilar ou matar uma pessoa se assim é possível.
Ele diz sério, mas então ri ao ver minha expressão.
- Não se preocupe Srta.mercy, ao contrário da crença popular, nós não matamos pessoas inocentes.
- Não ?
- E os boatos que ouvi sobre pessoas que deviam o Sr.Wolf e desapareceram ?
Apenas me permito ser audaciosa, pois estou na mesma situação que essas pobres pessoas e sei o quão injusto é.
Egas dá um passo em minha direção, ficando alguns centímetros mais próximo.
Ele é uns bons dez ou quinze centímetros mais alto que eu e seu corpo e intimidante.
- São todos verdade, mas de inocentes essas pessoas não tinham nada.
- As pessoas que vêm até nos e são como você, pura e com um bom coração, sempre encontram uma oportunidade de nós pagarem de outra forma.
- Pessoas como eu..como Você pode ter certeza que eu sou assim, que eu tenho um bom coração?
- Eu sempre faço uma breve investigação sobre todos que se aproximam do Sr.wolf...
- Sim, ele me disse que você andou xeretando minha vida.
Digo e cruzo os braços.
Egas ri e coça o queixo.
- E quando eu busquei informações sobre você, descobri o que você faz pelo seu pai.
- O que eu faço por meu pai ?
- Sim, você cuida dele, mesmo que em minha opinião ele não mereça seu esforço.
Desvio o olhar e limpo a garganta desconfortável.
- Onde estamos indo ?
Pergunto.
Querendo mudar o rumo da conversa.
- Minha sala.
Ele diz e me dá um sorriso cortês.
- Vou lhe explicar tudo o que precisa saber sobre seu novo emprego.
Episode 2
Chego em casa depois de mais um dia no diners.
Hoje vou começar a trabalhar no paraíso para pagar minha dívida com hardy Wolf, o homem mais arrogante e odioso que eu conheci.
- Pai, cheguei !
Grito, mas a casa de cinco cômodos minúsculos está silenciosa.
Papai nunca poderá saber que aceitei trabalhar em o que, sejamos honestos, é um prostibulo.
Por mais que todos digam que o paraíso e uma casa de " acompanhantes de luxo" a verdade nua e crua é que aquelas garotas oferecem sexo em troca de dinheiro.
É degradante, é humilhante, é revoltante.
É o pior é que terei que trabalhar lá todas as noites.
Por mais que eu vá apenas servir bebidas, sinto um nó no estômago de imagina em como aquele lugar se transforma ao cair da noite.
Bato na porta do quarto de papai e entro mesmo sem ouvir uma resposta.
- Pai?
Vejo-o sentado na cama com as mãos no rosto.
- O senhor está bem ?
Pergunto me aproximando, o cheiro de bebida é forte.
Como sempre,penso.
- Não estou me sentindo muito bem,filha.
Ele diz.
- Você comeu alguma coisa ?
Pergunto e ele balança a cabeça dizendo que não.
- Não comeu nada o dia todo ?
Pergunto, mas não sei porque me surpreende.
Não seria a primeira vez que ele prefere encher o estômago de álcool ao invés de comida.
- Pai, o senhor não pode beber tanto assim e ficar sem comer.
- Mas você não estava aqui e não tem nada na geladeira.
Ele fala como se fosse uma criança.
- Desculpe,eu me esqueci de deixar algo pronto para o senhor comer.
Digo e lhe acaricia as costas.
- Tudo bem.
- Venha,vou fazer algo para comermos.
Digo e o ajudo a se levantar.
Enquanto papai fica no sofá assistindo qualquer coisa na nossa TV minúscula, vou até a cozinha ( na qual m*l cabem duas pessoas ao mesmo tempo ) descasco algumas batatas e as coloco para cozinhar.
Pego a embalagem de frango na geladeira e dois ovos, farinha de rosca e farinha de trigo.
Solto um suspiro ao perceber que os armários estão ficando vazios, preciso fazer compras ou muito em breve não teremos o que comer .
Coloco os três frangos empanados ao lado do fogão, pego uma frigideira e coloco um pouco de óleo,deixando esquentar.
Começo a lavar alguns ingredientes para a salada e quando o óleo esta quente o suficiente coloco o frango para fritar.
Depois da salada uso as batatas para fazer purê.
Coloco os pedaços de frango frito em um papel toalha para absorver a gordura e preparo o prato de papai.
- Pai ! Venha jantar !
Grito e o escuto murmurar algo.
Ele ocupa um lugar à pequena mesa enquanto encho dois copos com água,
- Pode me trazer uma cerveja ?
Ele pergunta ao me ver com os copos d'água.
Refiro os olhos e vou até a geladeira.
- Essa é a última.
Digo -lhe.
- Você poderia comprar mais amanhã.
Minha vontade é lhe dizer vá arrumar um emprego e comprar sua própria cerveja, mas fico em silêncio no lugar.
Sento-me a mesa e remexo minha salada.
- Eu vou sair hoje a noite.
Digo.
- Tudo bem.
Papai responde.
- Não sei que horas vou voltar.
Espero alguns segundos para ver se ele ira dizer algo e quando não diz sinto- me decepcionada por ele nao se importar comigo o suficiente para perguntar aonde eu vou.
Só queria alguém para cuidar de mim, se preocupar comigo.
- Não quer saber aonde eu vou ?
- Filha, você vive na cidade mais pecaminosa desse país e nem uma vez sequer me deu dor de cabeça, sei que você é responsável o suficiente para não se meter em problemas.
Ele diz e sorrio.