Capítulo 3

1570 Words
Coloco o celular para carregar e somente agora vejo as inúmeras ligações perdidas de Ethan. Acabo fazendo uma careta ao saber que ele ainda tem esperanças em termos algo, mas minha aversão a ele vem desde o passado, não é culpa minha e nem dele, afinal, ele apenas seguia o que o pai mandava, ainda assim, não me esqueço do quanto ele e seus irmãos importunaram tanto a mim quanto Megan. Para ser sincera Samuel odeia Ethan com todas as suas forças e nem mesmo posso culpá-lo. Na verdade eu queria entender como Megan perdoou os primos com tanta facilidade? Eu não sou o tipo de pessoa que esquece tão facilmente do passado e libera o perdão se esquecendo de todo o m*l que nos causaram é quase impossível. Na verdade, o problema em si nem é Ethan, e sim o fato de que não confio em nenhum dos irmãos Avallon. Eles podem ter mudado como Megan afirma, mas prefiro manter distância por pura precaução. Ignoro as ligações e mensagens de Ethan que me chama para almoçar em um dia qualquer e acabo pegando no sono. *** Em meio a pensamentos tão complexos me pego mais uma vez sonhando com Túlio. Acordo assustada com o toque do celular e o barulho alto me traz de volta a realidade, soando frio e com o coração acelerado estico o braço desconectando o carregador do celular atendendo a ligação sem ao menos ver quem era. — Alô! — Atendo irritada. — Já vai começar a brigar comigo por causa de uma simples ligação? — Airon ri do outro lado da linha. — Airon? Você me ligando... — Retiro o celular da orelha apenas para checar as horas. — Às sete da madrugada? Aconteceu algo com Megan e os bebês? —Me levanto preocupada. — Eles estão nascendo? — grito, não deixando-o responder minhas perguntas. — Ai meus Deus, meus sobrinhos estão nascendo. — Entro em desespero. — Calma Katy os bebês ainda não estão nascendo de acordo com o médico eles virão mês que vem. Liguei apenas para saber se tem notícias de Samuel. Ele não veio para empresa hoje e temos uma reunião importante, mas ele está evitando minhas ligações. — Sua voz soa preocupada e ao mesmo tempo irritada. — Ele não está aqui — afirmo preocupada. — Eu sei que ele odeia quando o forço a participar das reuniões como um sócio, mas ele nunca falta sem avisar então achei estranho. — Airon bufa irritado. — Ele é um irresponsável mesmo.   — A culpa é sua, você sabe que ele odeia dirigir a empresa e você o obriga, mas vou tentar falar com ele — falo para tentar acalmá-lo, pois sei que Airon está preocupado com o amigo, se não nem teria se dado ao trabalho de me ligar.  — Preciso desligar estão me esperando para começar a reunião.  Me despeço e desligo logo em seguida.  Será que aconteceu alguma? Samuel odeia dirigir as empresas Cross Road, mas não é irresponsável o suficiente para deixar Airon na mão dessa maneira.    Samuel não gosta muito de falar sobre a aversão em ser um dos sócios de Airon. Na verdade, o problema não está no amigo e sim nele que sempre preferiu ficar nos bastidores e foi forçado pelo amigo a assumir um cargo que não queria. Tento algumas ligações em seu celular, mas ele não atende nenhuma delas e isso acaba me preocupando, pois se tem algo que ele jamais faria é recusar minhas ligações. Não querendo ser paranoica, afinal acabamos de começar nosso relacionamento, tem menos de vinte e quatro horas, opto por esperar ele retornar as ligações. Mesmo preocupada sigo com meu dia normalmente preparando um café da manhã rápido. Coloco um dos meus vestidos preferidos para ir trabalhar, um tubinho azul marinho com decote comportado e por causa do frio jogo um sobretudo preto por cima do vestido, coloco um scarpin preto e pego minha bolsa. Antes de sair do apartamento ligo para o taxista, pois odeio dirigir e ficar horas procurando uma vaga de estacionamento não rola, então prefiro pagar o táxi que é bem mais rápido. Cumprimento Rodrigues com um aceno e sigo para rua esperando o táxi. Meus pensamentos estão completamente focados em Samuel e nas mensagens não respondidas. Na recepção da empresa encontro Sara que está totalmente animada falando ao telefone. Aceno para ela que faz um movimento com as mãos dizendo que precisamos conversar mais tarde. Concordo rindo do seu jeito e sigo para minha sala que fica no terceiro andar junto a de Jack. Passo pelos corredores e vejo Jack sentado em sua mesa com uma cara de poucos amigos. Bato na porta e seus lindos olhos verdes se voltam para mim.  — O que aconteceu? — pergunto, já sabendo que ele brigou com George. — Bom dia para você também —  responde ríspido. — Hum... já percebi que hoje teremos um longo dia pela frente. — Jogo minha bolsa sobre a poltrona o encarando. Quieto ele mexe no celular evitando me encarar.  — Vamos lá Jack o que aconteceu? Eu te conheço muito bem e sei que essa cara de enterro não é normal. — Cruzo os braços sentando na poltrona em frente à sua mesa. Com um forte suspiro ele me observa visivelmente chateado e culpado.  — George brigou comigo por chegar tarde em casa. — Dá de ombros magoado. — Bem que eu te avisei.  — Não precisa jogar na cara bicha r**m. Não posso deixar a empresa na mão com Jean na França. — Desanimado ele se levanta enfiando as mãos no bolso da calça.  — Te entendo perfeitamente Jack, mas às vezes você se dedica demais a empresa e esquece sua vida. Se George te ama de verdade essa briga vai passar, mas sinceramente estou crendo que ele não te merece. Eu até compreendo que ele é uma pessoa boa e gentil, mas você sabe que ele também é muito ambicioso e totalmente diferente de você, porém, ele não está errado em exigir mais de sua atenção. — Apoio as mãos sobre a mesa vendo-o suspirar pesadamente.  — Eu sei. — Ele fecha os olhos levando uma de suas mãos aos cabelos. — Tenha paciência e tente redimir seus erros saindo no horário correto.  — Sorrio encolhendo os ombros. — Você é minha salvação. — Ele abre os braços me chamando para um abraço, reviro os olhos me levantando. Jack me abraça com carinho e posso sentir a tenção do seu corpo diminuir. Afago seus cabelos em sinal de conforto e ele fica ali somente para sentir aquele pequeno sinal de afeto. Jack sofreu muito na vida por ser homossexual, ele foi motivo de chacota, humilhação e desprezo de seus familiares e amigos, mas se reergueu ao se tornar chefe da sua própria empresa e mostrar que sua sexualidade não é motivo de derrota como todos afirmavam.  Jean que é o seu sócio está em viagem para abrir uma filial da Gasper, empresa de engenharia na França. Apesar de muito dedicado, Jack às vezes é preguiçoso e deixa seu trabalho se acumular tendo que ficar na empresa até tarde.  Ele é uma pessoa incrível e merece toda a felicidade do mundo por ser tão humilde e amoroso, mas muitas vezes as pessoas abusam de sua boa vontade o maltratando o que eu jamais permiti quando estou por perto. Depois de deixar um pouco de sua mágoa para trás ele retorna aos seus serviços e eu pego minha bolsa me encaminhando para minha sala. Jack leva tão a sério o termino de seu trabalho diário que nem sai para almoçar apenas para compensar as horas e sair mais cedo.  Preocupada com sua saúde acabo comprando meu almoço e o dele, que obviamente agradeceu. Checo várias vezes meu celular ao longo do dia na espera de uma resposta de Samuel, e ele simplesmente não responde. Isso de certa forma me magoa, ele nunca fez isso antes e as paranoias na minha cabeça começam a achar que o problema está em ter aceitado o começo de um relacionamento com ele. Talvez ainda não fosse o momento correto de aceitar o seu pedido. Limitei meu dia em organizar as planilhas e remarcar algumas entrevistas e reuniões, mas minha mente não se desvia da preocupação em saber onde Samuel se meteu. Observo o relógio e vejo que já está quase na hora de ir embora. Junto minhas coisas decida a passar na casa dele, antes de ir embora passo na sala de Jack e mando ele ir para casa. Pensativo ele recusa dizendo que vai ficar mais um pouco, mas apenas para dar espaço para George pensar um pouco na briga que tiveram. Resolvo não discutir deixando-o decidir o que é melhor, afinal, não sei qual é a proporção da discussão e briga dos dois. Pego o primeiro táxi que avisto e me jogo dentro dando o endereço de Samuel, somente quando estou em frente à sua casa — que por sinal era enorme e luxuosa — pondero se é a melhor opção ter vindo até aqui. Já está escurecendo e por incontáveis segundos me pergunto se devo ou não descer do carro. Como já estou aqui, pago a rodada e sigo até a entrada de sua casa com certo receio por nunca ter vindo em sua casa antes, ou melhor dizendo, nunca ter aceitado seus incontáveis convites para vir aqui antes.  
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