CAPÍTULO 2

1155 Words
NARRAÇÃO CLARA Abro a porta e não acredito no que vejo. - Fernando! Ele parece com dor e cansado. Ergue um envelope branco com a marca do hospital de São Paulo. - Me diz que isso é verdade. Sua voz é falhada e sussurrada. Ele segura o resultado do DNA. - Não sou sua irmã. Solta um suspiro e joga o envelope no chão, vindo em minha direção. Suas mãos agarram meu rosto e seus olhos encaram os meus. - Nunca mais me deixe. Diz avançando em meus lábios e me beija. Sua boca quase devora a minha desesperadamente e meu corpo instantaneamente já se encosta no dele em busca de seu calor. Minhas mãos se espalmam em seu peito e posso sentir seu coração acelerado como o meu. Não acredito que ele esta mesmo aqui. Desço minha mão e sinto sua camisa molhada. - Fernando! Solto meus lábios do dele e abaixo meus olhos. - Você esta sangrando. Seu corpo amolece e vejo que esta pálido demais. - Você não devia ter vindo. Digo o apoiando de lado e puxando seu corpo até a cama. - Precisava vir. Sua voz é de dor. O deito na cama e levanto sua camisa. - Seu curativo esta cheio de sangue. Seus olhos se fecham um pouco. - Só preciso dos meus remédios. Abre os olhos e sorri. - E de você. Sei que devia estar muito brava com ele agora por ter saído do hospital assim, mas a verdade é estou feliz em vê-lo aqui. Era o que eu mais precisava agora. - Onde esta seu medicamento? - Atrás de você. Me viro e vejo Teddy. - Mozão, você devia ter me esperado. - Você é muito lento. - Teddy! Saio do lado de Fernando e corro para os braços do meu amigo. - Você não devia ter vindo com ele assim. - Ele não sossegaria até te ver. Assim que o solto me passa a sacola com medicamentos. - Erick mandou essa lista com os horários e tudo bem explicadinho. Encaro a lista e já pego o medicamento de Fernando. Dou a ele com um copo de água. Aos poucos ele vai se acalmando. - Preciso trocar esse curativo. Teddy pega o exame de DNA do chão e fecha a porta. - Eu te ajudo. Juntos tiramos a camisa suja do Fernando Com uma tesoura que Erick mandou na sacola, corto o curativo sujo e Fernando geme. - Desculpa! - Tudo bem! Retiro tudo e vejo a cicatriz. Meu coração aperta. - Olha pra mim. Fernando pede e ergo minha cabeça. - Não se sinta culpada. - Não adianta falar. Eu sei que sou. Coloca sua mão sobre a minha. - Foi graças a isso que você descobriu que não somos irmãos. Isso é verdade. Ainda viveríamos essa mentira toda. Continuo limpando o sangue sem dizer nada. - Quem de nós dois não é um Ribeiro? Fernando pergunta e respiro fundo. - Eu... Começo a cobrir a cicatriz com outro curativo. - Certeza? Confirmo com a cabeça. - Já achou alguma coisa por aqui? - Sim... Termino o curativo e olho pra ele. - Tenho tanta coisa pra te contar. Nem sei por onde começar. - Vamos fazer assim... Passa a mão em meu rosto. - Você deita aqui comigo, no meu peito e me conta tudo. - Posso deitar do outro lado do seu peito pra ouvir também? Fernando ri com a pergunta do Teddy, mas logo para por causa da dor. - Precisa ser no meu peito? - Vai ser mais confortável. - Que tal se você me deixar essa noite sozinho com a Clara e amanhã deixo vocês sozinhos pra conversar? - Mas eu queria deitar no seu peito sarado. - Teddy, isso não vai acontecer. Me levanto rindo, vendo a evolução dos dois nessa amizade. - Essa noite sou dele e amanhã sou sua. Mas agora preciso que fique de olho nele para eu tomar um banho. - Certo! - Já conversou com o pessoal do hotel pra ver se tem quarto? - Sim, mozão! Vai ficar aqui com a Clara e eu no quarto ao lado ouvindo o sexo nervoso de vocês de saudade. Sigo para o banheiro rindo e ouvindo os dois brigando. *************** Tomo um banho rápido, coloco uma camisa e minha calcinha. Respiro fundo ao me encarar no espelho. Observo meu rosto e me comparo a Sra. Silva. Seus olhos me vêm a mente. O traço dos lábios e nariz. Me pego percorrendo com o dedo cada traço do meu rosto parecido com o dela. Minha mãe... Minha família. Respiro fundo e abro a porta do quarto. Encosto nela ao ver Teddy e Fernando na cama conversando animadamente. Teddy esta contando algo empolgado e Fernando sorri. - Atrapalho? Os dois me olham. - Não... Teddy responde pulando da cama. - Vou para o meu quarto. Todo animado me abraça. - Cuida dele. - Pode deixar. - Boa noite, Anjo! - Boa noite, Teddy! Obrigado por vir. - Não perderia esse babado por nada. Me solta e vai até o Fernando. - Depois termino de te contar, mozão. Agora descansa. Se inclina sobre ele. - Nada de fazer besteira, ainda esta dodói. Guarda o mozizim na cueca. - Mozizim? - Tipo miniatura do mozão. Fernando revira os olhos e tenho uma crise de riso. - Vai dormir, Teddy. - Estou indo. Vai até a porta e sorrindo sai do quarto. Fernando me olha, estica o braço e bate na cama ao seu lado. - Vem! Ando até ele e percebo que esta sem as calças e os sapatos. Esta apenas de cueca coberto por um lençol. - Tirou a roupa sozinho? - Não... Me sento ao seu lado. - Teddy tirou pra mim. - Vocês estão bem íntimos. Digo rindo e me deito ao seu lado. - Não sabe de nada. Ele já até me deu banho. - Mentira?!?!?! - Temos muitas coisas pra te contar de lá, mas... Para de falar e ergue o braço. Me deito nele e me acomodo em seu peito. - Quero agora saber sobre você e o que passou aqui. Alisa meu cabelo e meu corpo relaxa depois de dias na tensão e angustia. A sensação de ser acolhida e protegida por Fernando, me faz querer chorar. Sem conseguir segurar, solto o choro e ele me aperta mais em seu peito. - O que foi? - É tudo tão complicado. - Me conta. - Você não ficou abalado em saber que não somos irmãos? - Não... Ergo meus olhos e o vejo me encarar. - Me sinto extremamente feliz em não ter você como irmã. Ele inclina o rosto. - Agora você poder ser minha, só minha e sem culpa. Seus lábios roçam os meus. - Você ficou abalada? - Por não ser sua irmã? Não. Subo minha mão e toco seu rosto. - Eu quero ser sua. Só sua para sempre.
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