NARRAÇÃO FERNANDO
Teddy esta na cadeira lendo as noticias do mundo em seu celular pra mim. Acho na verdade que esta tentando se distrair até a hora do almoço. Ainda estou chocado pra caramba com a possibilidade do Erick ser gay.
- Teddy!
Ele para de ler e me olha.
- Chega de notícias.
Abre um pequeno sorriso e suspira.
- O que quer fazer?
- Não sei.
A porta do quarto se abre.
- Sr. Ribeiro.
Uma enfermeira entra. Na verdade uma jovem e sorridente enfermeira.
- Como se sente?
- Bem!
- O médico liberou andar pelo quarto e o banho.
Um sorriso safado surge em seus lábios.
- Vim ajuda-lo.
- Não precisa.
Teddy diz se levantando.
- Eu dou banho no mozão. Pode levar essas mãos atrevidas daqui.
Tento não rir da cara dele bravo com ela.
- Tem certeza?
Olho pra ele e depois pra ela.
- Clara vai adorar saber do seu banho dado por essa bela enfermeira.
Fala com os braços cruzados, balançando a cabeça.
- Tenho! Adoro banho dado por amigo gay da mulher que amo.
Feliz da vida ele olha pra enfermeira.
- Mais alguma coisa?
- Não. Apenas vou ajudar a levanta-lo.
Vem para a cama e com a ajuda do Teddy me tira dela, finalmente.
- Pequenos passos.
Ela diz me soltando e ele acompanha. Respiro fundo e ando um pouco.
- Com dor?
- Não muita. Apenas me incomoda esses curativos.
- Vou arrumar antes do banho.
- Obrigado!
Em poucos minutos ela troca o curativo em minha barriga por um menor e me deixa sem camisa.
Não sei quem suspirou mais em me ver sem ela.
- Tente não molhar.
- Serei cauteloso. Cuidarei bem do mozão.
Olho para Teddy que parece bem animado.
- Sem tocar lá.
- Posso olhar?
- Nem passar os olhos. Vou tomar banho de cueca.
- Cueca branca pra ficar transparente?
- Teddy quando eu ficar melhor, me vingo de você.
- Você me ama, para de se fazer de difícil. Olha esse sorriso.
- Vamos logo!
Entramos no banheiro e Teddy tranca a porta. Tiro os chinelos e respiro fundo com um pouco de dor. Ele liga o chuveiro.
- Vou tirar sua calça.
Se aproxima e quando toca a minha calça, começa uma melodia sexy de striptease.
- Para!
Digo rindo da cena dele fazendo caras e bocas puxando a minha calça.
- Vamos tornar esse momento mais engraçado, mozão.
Tira uma perna minha da calça e deita a cabeça, vendo meu pacote.
- Acho que Clara se apaixonou por isso tudo aqui.
- Teddy!!!!
- Isso já tem volume assim mortinho, pensa nele criando vida.
- Inferno!
Digo rindo e me virando.
- Agora sim a visão de dois montes carnudos lindos.
- Sai do banheiro.
- Parei!
Tenta parar de rir e vai tirando minha outra perna da calça.
- Já guardei a minha bicha no cofre do tio patinhas.
Ando até o chuveiro rindo e assim que a água quente bate em meu corpo solto um suspiro de alivio.
- Vou esfregar as costas e você se diverte com a frente.
Teddy diz já passando a bucha em meu corpo. Apoio as mãos na parede.
- Acha que Clara demora pra voltar?
- Pra te responder isso vou ter que soltar a bicha do cofre. Ela é a intuitiva.
- Não aguento mais essa distância.
- Falta um dia no hospital. Provavelmente amanhã você tem alta.
- Não vão me liberar para ir a Londres.
A mão dele fica tensa nas minhas costas.
- Ela não esta em Londres, né?
- Esta...
Sua voz falha e me viro, encaro seus olhos.
- Te conheço pouco, mas da pra perceber que não sabe mentir.
Teddy revira os olhos.
- Faz o peito e o pacote da felicidade.
Me entrega a bucha com mais sabonete.Enquanto me lavo, desvia o olhar. Ele nunca desviaria o olhar. Estaria me irritando e fazendo piadas picantes. Desviar o olhar me diz que esta escondendo algo. Seu celular toca e Teddy vai para o canto.
- Sra. Ribeiro!
Observo falar com a minha mãe.
- Claro que fico de tarde com ele, será um prazer. Esta tomando banho e logo almoça.
Fica calado ouvindo-a falar.
- Sem problemas. Fico o tempo que precisar.
Desliga o telefone e volta.
- Mais umas horas comigo, mozão.
Termino de lavar minha cabeça.
- Pronto!
Teddy fecha a água do chuveiro e vem com a toalha. Me seca com cuidado na parte de trás e me seco na frente.
- Como vamos tirar essa cueca molhada?
Pergunta rindo.
- Se me contar onde Clara esta, deixo você tirar.
- Isso não vale, mozão.
- Sabia... ela não esta em Londres. Onde ela esta Teddy?
- Odeio minha boca enorme. Esta perto.
Enrola a toalha em minha cintura e se abaixa. Enfia a mão por baixo da toalha e rapidamente arranca minha cueca.
- Perto onde?
Pega a cueca seca e começa a me vestir por baixo da toalha, também.
- Vem para o canto seco vestir a calça.
Ordena serio e ando até onde ele pediu. Tira minha toalha e coloca minha calça. Coloco o chinelo e me olha.
- Consegue colocar a camisa?
- Não...
Ele com calma coloca a minha camisa.
- Teddy...
Me olha.
- Por favor, onde ela esta?
- Amanhã... prometo que amanhã quando tiver alta eu conto.
- Conta tudo?
- Sim...
- Obrigado!
Abre a porta do banheiro e nos assustamos ao ver Erick.
- Como foi o banho?
Pergunta vermelho e acho que isso é ciúmes.
- O melhor que já tive.
Teddy me olha assustado.
- Teddy tem mãos boas para esfregar.
A boca dos dois se abrem me encarando e Erick respira fundo.
- Vou almoçar.
Se vira indo para a porta.
- Você não vem Palmitão?
Teddy ainda esta me encarando.
- O que esta fazendo?
Sussurra achando que não chama atenção.
- Te ajudando. Olha como ele esta com ciúmes.
- Você acha?
Confirmo com a cabeça e ele sorri.
- Bicha ciumenta?!?!? Adoroooo!
Tento não rir.
- Teddy!
Erick o chama mais uma vez.
- Vai ficar bem?
- Sim... parece que minha comida já chegou.
Digo apontando a sopa horrível perto da cama.
- Quer ajuda?
- Não. Chega de me ajudar com essas boas mãos.
- Já volto!
Ele me abraça, tomando cuidado pra não me machucar.
- Obrigado!
**************
Termino minha sopa sem nada. Sem sabor, sem sal, sem merda nenhuma. A porta do quarto se abre.
- Quarto 246?
- Sim...
Um homem entra segurando um envelope.
- Srta. Clara Ribeiro!
- Minha irmã.
Ele olha em volta.
- Alguém que possa receber o exame dela?
- Eu...
Digo nervoso. Ela fez um exame antes de ir? O homem me entrega o envelope e me da um papel para assinar.
- Obrigado!
Sai do quarto e encaro o envelope. Será algo grave? Ela esta doente e se tratando em outro lugar? Inferno!!!!! r***o o envelope desesperado pra saber o que é. Analiso as folhas e vejo meu nome também. As respostas sempre ficam na ultima folha. Sigo para a ultima página e leio a ultima linha.
" Compatibilidade sanguínea: Negativa"
A porta do quarto se abre. Erick e Teddy entram sorrindo, mas logo os sorrisos somem ao me ver.
- O que é isso?
Pergunto nervoso.
- Ai merda!!!!
Erick vem correndo e arranca o exame da minha mão.
- Me explica agora isso, Erick.
Ele olha para o Teddy.
- O que apareceu?
- Negativo.
- Parem de falar entre vocês.
- Temos que contar a ele.
- Contar o que?
Teddy segura minha mão e calmamente começa a falar. As palavras desaparecem após ele dizer que Clara não é minha irmã. Meu coração só precisa saber disso.
- Onde ela esta?
Erick senta na cama.
- Em Holambra, onde vocês nasceram. Ela queria ver se achava algo, antes do resultado sair.
- Me levem pra Holambra.
Digo saindo da cama.
- Fernando, você ainda não pode sair.
- Se não me levarem, vou sozinho.
Tiro meus chinelos e começo a procurar meu tênis.
- Você ainda esta debilitado.
- Que se f**a a p***a dessa cirurgia.
Grito nervoso e sinto minha barriga doer.
- A mulher que eu amo esta passando pelo pior momento da vida dela. Eu quero estar lá! Quero ser seu apoio nessa hora e quero ouvir da boca dela que nosso amor é mais que permitido.
Teddy se abaixa a minha frente e me ajuda com o tênis.
- Espere até amanhã.
- Não, Erick! Já esperamos tempo demais.
Teddy pega minha mala.
- O que vai fazer?
- Vou levar o Fernando até a mulher dele.
Estica a mão para o Erick.
- Preciso do seu carro.
- O que?
- Vamos precisar do seu carro para ir até Holambra.
- Vocês são loucos.
- Erick, imagine você na situação dele. A pessoa que ama precisando de você e você dela.
Os dois ficam se olhando.
- Espera aqui.
Erick se vira e sai do quarto. Alguns minutos depois, volta com uma sacola e as chaves do carro.
- Ele precisa dessa medicação. Daqui 6 horas você começa conforme indiquei no papel dentro da sacola.
Se aproxima de mim.
- Toma esse.
- O que é isso?
- Vai te ajudar a suportar a viagem.
- O que faremos com meus pais?
- Cuido deles.
Se vira para o Teddy.
- Amanhã cedo estarei lá com vocês.
- Não precisa.
Teddy fala de forma doce.
- Eu cuido dele.
- Precisa sim...
Erick segura a mão do Teddy.
- Alguém precisa cuidar de você, enquanto ele cuida dela.