CAPÍTULO 6

1403 Words
NARRAÇÃO CLARA Teddy e Erick juntos é algo que me dá medo. - Isso não é bom. - Por que não é bom? Encaro Fernando. - Não sabemos se Erick realmente é. Acho que os dois desenvolveram uma amizade, assim como você com Teddy. - Eu não sou amigo daquele ser estranho. Olho pra ele com uma sobrancelha erguida. - Só um pouco. Cruzo os braços ainda o encarando. - Certo, sou amigo dele e curto suas loucuras. - Ai esta! As loucuras dele! Teddy se entrega muito e ainda não sabemos qual é a do Erick. - Clara, pensa comigo. Fernando se ajeita na cadeira e pega a minha mão. - O cara vive grudado no Teddy. Veio de São Paulo de madrugada após um plantão e não foi pra te ver. Vira a cabeça e olha os dois ainda pegando a comida. - Ficou no quarto do Teddy, sabendo que poderia ser comido por ele. Aperta minha mão com carinho. - Se ele não era, agora é. - Só espero que dê certo. Teddy quando tem uma decepção amorosa se torna a depressão em pessoa. - Tudo vai dar certo. Deixe os dois. Paramos de falar quando eles se sentam com a gente. - Conta pra gente tudo que descobriu. Erick pede me olhando. - Se preparem, a coisa é bem complicada. *************** Assim que termino de contar, os dois estão calados e assustados. - Minha nossa senhora dos babados caralhudos. Teddy solta e Fernando começa a rir. - Lina é sua cunhada? Confirmo com a cabeça para Erick. - Você já conheceu seus pais e seu irmão? Novamente confirmo com a cabeça pra ele. Teddy segura a mão do Fernando. - Mozão perdeu a Clara como irmã e ainda descobre que a gêmea dele morreu no parto. Você esta bem? Quer um abraço? - Estou bem, Teddy! Para de arranjar desculpa pra me abraçar. - Credo, seu grosso! Só queria te oferecer um abraço amigo. - Obrigado, mas estou bem! Minha preocupação é Clara. Todos me olham e respiro fundo. - Qual o problema, anjo? - Todos, Teddy! Tenho um amor pelos Ribeiro de pai e mãe, não é fácil esquecer tudo. - Você não precisa esquecer. - Eu sei, só que minha mãe perderá duas filhas ao mesmo tempo. Não consigo imaginar o sofrimento dela. - Entendo! - Por outro lado tem a família Silva que durante anos conviveram com a dor da perda da filha deles, que na verdade esta viva. Eles merecem depois de tudo descobrir que estou aqui. - Eu não queria estar no seu lugar. Erick diz com o olhar triste. - Mas você não pode simplesmente fingir que não aconteceu a troca. Precisamos de alguma forma fazer tudo isso ser o menos doloroso possível para cada lado dessa história. - É o que quero tentar fazer. Quero ser de alguma forma uma Ribeiro e ainda uma Silva. - Dupla identidade. Teddy diz com um enorme sorriso. - Em São Paulo Clara Ribeiro e em Holambra Clara Silva. Todos começam a rir e então Lina surge com sua mãe. - Parece que seu grupo aumentou. A Sra. Lombard diz sorrindo e acho estranho. Ela parece não me odiar tanto agora. - Eles vieram passar um tempo comigo. Teddy e Erick se apresentam. - Teddy o amigo. - Erick o outro amigo. - Fernando o marido. Olho para o Fernando sem entender sua apresentação. - Marido? Não vi aliança na mão de Clara. - Clara perdeu em uma de nossas viagens e desde então não usamos. Mas logo compraremos novas. Ainda o estou encarando, sem entender nada. - Vou lá terminar de organizar a cozinha. Assim que a Sra. Lombard se afasta, bato nele. - Por que disse que somos casados? Fernando me puxa pra ele e me beija. - Finalmente estamos em um lugar que ninguém sabe que sou seu irmão, mesmo não sendo. Pelo menos aqui eu posso ser seu homem e você minha mulher. - Vai poder me beijar e andar comigo sem medo. - Sim... Beija meu pescoço. - E outras coisas também. Sussurra e sinto meu rosto ficar vermelho. - Ele disse safadeza pra você. Que fofo! Teddy diz apontando para o meu rosto. - Não disse! Tento disfarçar. - Ele disse que vai te comer sem culpa, né? Meu rosto queima ainda mais. - Sabia... Todos estão rindo da minha cara. Lina vem para o meu lado. - Quero te fazer um pedido. Olho pra ela que esta radiante. - Pede! Se abaixa ficando quase de joelhos na minha frente. - Contei para a minha mãe sobre a gravidez. - Como ela reagiu? - Ficou muito feliz. Nunca vi ela tão sorridente. - Que bom! Ela respira fundo. - Vamos almoçar na casa dos Silva. Seus olhos brilham e já sei o pedido. - Lina... - Por favor! É só ir como minha amiga de novo. Vai ser uma grande comemoração e vai poder conhecê-los mais um pouco. Não sei o que dizer ou como fugir desse pedido. - Leva seu marido. Lina diz com um enorme sorriso. - Não apela. - Será seu primeiro momento com ele, sendo um casal. Sinto uma mão em meu ombro, sei que é Fernando. - Quero conhecer sua família. Fala baixo perto do meu ouvido. - Não sei como reagir perto deles. E se me der pânico de novo e eu sair correndo como ontem a noite? - Clara, você correu quando toda a verdade surgiu. Agora você vai sabendo de tudo e poderá apenas ver como é ser um Silva. Fernando beija meu ombro. - Estarei ao seu lado. Respiro fundo. - Eu vou, mas primeiro quero ler aqueles arquivos. Quero ver se acho algo. - Certo! Leia os arquivos e meio dia esteja aqui embaixo para irmos. - Combinado! Lina segue para a cozinha onde esta a mãe dela. - Vamos subir e ver os arquivos. Digo me levantando e ajudando Fernando a levantar. - Nós queremos ajudar. Erick e Teddy também se levantam e seguimos para o quarto em silêncio. Um sentimento de medo toma meu corpo. Tenho medo do que posso descobrir nesse arquivo. Entramos no quarto e Fernando segue para sentar na cama. Enquanto pego as pastas, Erick e Teddy seguem para as cadeiras perto da cama. Me sento ao lado de Fernando e entrego a ele a pasta da família Ribeiro. - Acho que prefere ver a sua primeiro. Sorri e abre a pasta em suas mãos, enquanto seguro a minha firme. - O que tem aí? - Minha mãe deu entrada com fortes dores. Dr. Saulo Lombard iniciou atendimento, mas o parto foi realizado pela Dra. Fátima Hank. Me olha e respiro fundo. - Lina disse que ela é a Dra. Fátima Torres. Deve ter casado e pego o nome do marido. Ainda trabalha no hospital. - Aqui fala de parto de gêmeos com complicação no segundo, mas nada sobre morte. Tem a alta da nossa mãe e a nossa. Ele me mostra o papel com a assinatura de alta dada pela Dra. Fátima. Com as mãos tremulas abro a minha pasta. Observo a a******a do atendimento. - O casal Silva deu entrada após um acidente de carro. Foi o Dr. Saulo Lombard quem atendeu e realizou o parto. Observo as anotações do parto. - Aqui consta que o segundo bebê nasceu sem vida. Olho para Fernando. - Olha quem relatou isso e assinou. Ao fim da folha vejo o nome de Fátima. - Se foi o Dr. Lombard quem realizou o parto, porque ele mesmo não relatou a morte? - Lina me disse que foi na noite do nosso parto que ele sofreu o acidente e posteriormente morreu. Ficamos em silêncio até Erick se levantar assustado. - E se... Para de falar e balança a cabeça. - Fala Tomatinho. Teddy diz se levantando também. - Nós poderíamos imaginar uma troca comum de maternidade, mas pode ser mais que isso. - Como assim mais? - E se essa Fátima trocou você pelo bebê morto para encobrir algo que fez de errado como médica no parto. - Isso seria loucura demais. - Fátima fez a troca e o pai da Lina descobriu. Se negou a participar e então ela fez algo a ele que o matou. Tornando esse um segredo apenas dela. - Não é só dela. A enfermeira Mercedes, ela é a resposta para tudo isso.
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