O dono do morro

1630 Words
Ana Vitória No dia seguinte acordei com o despertador tocando, me sentei na cama, fiquei uns segundos olhando pro nada, eu estava cansada, literalmente cansada, estou trabalhando sem descanso, sabe aquela vontade de jogar tudo pro ar e simplesmente deitar e dormir como se não houvesse o amanhã? pois bem, era isso que eu queria fazer, mas não podia, não era por mim e sim pela minha mãe, ela precisa de mim, precisa que eu trabalhe, como ela caiu doente teve que se afastar do trabalho onde ela trabalhava em casa de família lá na pista, agora só tem eu arcando com as despesas da casa, é cansativo pra caralh0, mas nada do que eu faça vai chegar ao pés do que a minha mãe fez e faz por mim, isso que eu estou fazendo é o mínimo. Fui tomar o meu banho, mesmo sem ter condições eu gosto de me arrumar, de me perfumar, por mais baratos que sejam os produtos que eu tenho, o importante é está limpa e cheirosa, sou bastante cuidadosa com as minha coisas, aprendi a valorizar desde cedo já que o pouco que eu tinha era muito para nós. - Mãe, já estou indo tá, deixei seu café pronto já._ Falo na porta do quarto dela vendo a mesma deitada. - Tá bom filha, vá com Deus, se cuida. - Amém, te amo. - Te amo também minha ruivinha._ Fala e eu saio dali. Desci a favela onde o sol ainda estava a se abrir, toda vez eu acordo bem cedo, saio de casa às 5 da manhã para chegar no trabalho as 7. O morro do Vidigal é maravilhoso, fui criada aqui, tem gente de bem, lógico que tem a bandidagem né, mas a maioria não é de mexer com morador, isso é bom, imagine você ficar encurralado pelos bandidos daqui, lógico que eles botam ordem, o que eles dizem vira lei e aí de quem não cumprir né, o fim é triste. (...) Cheguei mais uma vez no morro, estava subindo quando escutei alguém me chamando. - ANA._ olhei para o lado e era a doida da Jennifer, minha melhor amiga. - Oi maluca. - CHEGA AQUI._ Ela estava no bar, faço careta, ela sabe que eu não gosto de sentar em bar quando os bandidos então no ambiente. - VEM LOGO MULHER._ Grita mais uma vez e eu vou contra a minha vontade, cheguei do lado dela, cruzei os braços. - Fala Jennifer._ Falo revirando os olhos. - É assim que você fala comigo filha de uma mãe?_ Faço cara de deboche e abraço a mesmo e dou um beijo no seu rosto. - Agora sim pô, senta aí, vamos tomar uma. - O quê? não, tá louca, nem a p@u que eu vou sentar pra beber aqui com esses..._ Nem terminei a frase pois ela já sabia de quê eu estava falando. - Ah para de ser careta Ana Vitória, ninguém aqui vai ter fazer nada, vem senta aqui, nunca mais bebemos uma juntas. - Você sabe que eu não aguento beber né, só uma e eu vou embora, tenho que ir pra casa fazer a janta, sem conta que eu não gosto de deixar a mãe por muito tempo sozinha. - Relaxa mulher, senta vem._ Me sentei contra a minha vontade né, mas quem é que consegue dizer não para a dona Jennifer, não tem como, essa mulher tem argumentos pra tudo, pior, se não faz o que ela quer a mesma cresce maior bico tá. Começamos a conversar né. - Então é isso, estamos esperando o resultado do exame que ela fez, deve sair semana que vem, estou rezando para que não tenha nada de grave. - Nosso que barra viu amiga, mas com fé em Deus não vai ter nada de mais. - Que assim seja amiga. Estávamos ali conversando que do do nada começou uma confusão na rua, duas mulheres se atacando, puxando de cabelo. - SUA VAGABUND@, VOU TE MOSTRAR O QUE ACONTECE QUANDO SE PEGA O MACHO DOS OUTROS._ Uma grita, essa era a Graziele, já estudei com ela, na infância até que éramos amigas, mas depois da adolescência ela começou a se envolver com esses caras daqui e acabou se afastando de mim. - SE FOD£ PIRANH@, TEU MACHO É UM CARALH0, É MEU, É SEU, NOSSO E VOSSO, ELE É DE TODAS._ a outra gritava enquanto as duas saiam na porrada mesmo, gente como essas mulheres brigam assim por causa de macho, fico imaginando quem será o " Princeso", olha vou te contar viu, que vergonha alheia. - Quem será esse macho tão maravilhoso que tá fazendo essas duas sair na mão assim hien?_ Pergunto pra Jennifer que sabe de tudo da vida dos outros. - Tenta imaginar que é o gostosão. - O Henrique ou o Joilson? - Dessa vez não é nenhum deles não, se fosse pelo Joilson certeza que eu estaria ali no meio também._ Fala gargalhando, n**o com a cabeça, ela pega o Joilson, ele é um safado, pega várias, ela sabe porém não quer largar né. - Você não tem vergonha né, ele é meu amigo, amo ele de mais, mas já te falei que ele não é homem pra você, o Joilson é safado Jennifer, ele não quer nada sério com ninguém. - Fica de boa menina, eu sei bem a fama dele, só estamos nos curtindo, nada de mais. - Só espero que você não saia machucada disso aí tá. - Não vou amiga, acredite, eu não vou._ n**o com a cabeça. - Mas por quem é a briga? - Pelo Coringa né amorzinho. - Coringa?_ Ela revira os olhos. - O dono do morro Vitória, pelo amor de Deus, mora aqui a anos e não sabe quem é o Coringa?!_ Eu não vou mentir que eu sei quem é porque não sei, como já disse faço o máximo pra não ser notada nem vista por esses caras. - Aaah entendi, Deus me livre viu, como que briga assim por homem. - A fama de que o Coringa faz gostoso né mona, por isso que elas ficam assim doidas, sem contar no patrocínio, ele deixa forte mermo, come e a meta é grandona na mão certeza, mas delas duas aí, a amante dele mesmo é a Grazi, a outra só deve ter sido uma fod@, aí a Grazi que se acha a fiel, patroa, dona do pedaço, deve ter ficado sabendo e foi na caça da mina._ Quem diria que aquela menina que estudou comigo iria se tornar amante de bandido e hoje estaria assim na rua brigando com outra por causa dele, sinto pena viu. Começou a encher de gente, acabou que não deu pra vermos mais a briga por quê estávamos sentadas e a aglomeração impediu. Do nada só escutamos uma voz grossa que é capaz de assustar qualquer um. - ACABOU COM ESSA PORR@, CHEGA DESSA PATIFARIA AQUI NO MEU MORRO, JA FALEI QUE NÃO GOSTO DE BRIGA NA PORR@ DA MINHA FAVELA. - O dono da porr@ dona chegou botando ordem mais uma vez nas suas marmitas._ A Jennifer fala rindo. - É ele?_ Ela concorda, não dava pra ver ele por causa do pessoal que ainda estava na frente, ainda deu pra escutar a Grazi falando, ele dando maior esculacho nela e botando a outra pra ralar. Aproveitei a confusão, essa era a minha deixa porque se eu ficar aqui a Jeniffer não me deixa sair mais. - Bom amiga, tenho que ir, vou aproveitar e vazar._ Falo me levantando. - Ah não Ana, fica mais um pouco mano. - Ah não, não, tenho que ir, beijos, depois apareça por lá._ Saio dali, quando eu estava saindo na porta do bar me bati com uma muralha de músculo que me jogou pro lado. - Aiii._ Gritei pleo susto, quando olhei para cima vi um cara branquinho cheio de tatuagem, lindo, caralh0, igual nunca tinha visto na vida, mas o que tinha de bonito tinha cara de m*l, olhar sombrio que me deu um frio na espinha na hora. - OLHA POR ONDE ANDA CARALH0. - Mas..._ Tentei argumentar que tinha sido ele que bateu em mim, mas fui cortada no mesmo instante. - MAS UM CARALH0, SAÍ DA MINHA FRENTE LOGO SUA CABELO DE FOGO ANTES QUE EU DESCONTE A RAIVA QUE EU TOU AQUI EM TU._ Fala e passa arrastando uma mina pelos cabelo que só agora que eu percebi isso, era a Grazi. - E TU PASSA NA MINHA FRENTE GRAZIELE PRA EU NÃO TE ARREBENTAR NA PORRAD@ MANÉ, FILHA DA PUT@, CACHORRA DO CARALH0._ Vai entrando com ela no bar, fiquei atordoada vendo aquela cena, gente que ogro. Só acordei do traste com a Jennifer parando na minha frente e falando comigo. - Tá bem amiga? - Estou sim, nossa quem é esse ogro? - O Coringa mulher._ Fala disfarçadamente, olhei na direção dele que já estava sentado já com a Grazi no colo bebendo como se nada tivesse acontecido. - Nossa, olha deixa eu indo porque na primeira vez que vejo esse homem já levo dois gritos dele e não estou afim dele cismar com a minha cara. - Vai lá, que agora o ambiente vai virar um brega, já que ele chegou e a putinh@ dele tá junto com ele._ A Jennifer fala numa naturalidade, gente eu definitivamente não sou daqui, cara é nítido que essas coisas é longe da minha realidade mesmo eu sendo daqui, sem explicação. Me despedi da Jennifer e segui meu caminho, ainda atordoada com o fato do dono do morro ser um tremendo de um gostoso, ops, meu Deus, o que eu estou falando, ele é bonito não posso negar, porém é um ogro, um pedaço de m*l caminho literalmente.
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