Prólogo

809 Words
Dizem que as pérolas são produzidas pelas feridas da ostra causadas por pequenos grãos de areia, eu cá fico pensando como pode uma ferida produzir algo tão belo e de tamanho valor... Bom seria se nossas feridas produzissem pérolas... mas infelizmente muitos estão tão focados nos grãos de areia , que as feridas ao invés de serem produtivas , infeccionam a alma e tiram a beleza dos corações. Lembrem-se , as pérolas são produzidas pelas feridas que cicatrizam, e não pelos grãos que as causam... que tudo em nossa vida por mais absurdo que seja tem um propósito, tem um porque, e por mais difícil e pesado que seja , a gente só vai entender quando começarmos a produzir pérolas de crescimento, de força, de ousadia, de batalhas vencidas.... Melhor que se importar com os grãos é cuidar das suas feridas.... Cecilia Sfalsin Henrico A densidade da escuridão noturna me fazia lembrar nossas calorosas noites em que nos amamos, já o gosto da bebida amarela me recordava o homem egoísta e egocêntrico que eu era, as esperanças de que houvessem chances para nós eram mínimas. O maldito mundo ao qual eu vivia, me dava o total poder sobre muitas coisas, pessoas, dinheiro, fama, mas a única coisa que eu desejava não podia ter, não me era permitido viver com a mulher que eu amava, podia tê-la de varias maneiras, menos como minha esposa. Ser o capo da Itália exigia renuncias, e era sua obrigação casar-se com uma infeliz herdeira da máfia, uma mulher submissa desde o ventre de sua mãe, nascida pra ser uma verdadeira c****a de seu marido, não que o mesmo devesse obrigação igual, poderia existir tudo dentro de um casamento na máfia, menos a fidelidade do marido para com a esposa. E antes mesmo de ser condenado ao casamento, ela apareceu na minha vida, trazendo seu sorriso como calorosos dias de verão, trazendo cor para minha vida tão vermelha, como os muitos corpos que deixei sem vida pela minha trajetória, o doce som da sua voz amenizava a amargura que se instalou na minha boca. Eu era um condenado ao inferno, matar era o que eu sabia fazer, açoitar e destruir vidas, me davam prazer, sempre fui um sádico por dor alheia, não que eu tenha matado algum inocente, todos que morreram pelas minhas mãos, foram mais que dignos de tal ato. Mas agora o que restava desse homem que me tornei, eram só cacos, impotente para mudar tal situação, eu não podia mudar regras que foram fundadas desde o principio na máfia. Não era digna de ser amante, não era digna de se envolver em um mundo tão obscuro e devastador que a máfia era. O seu coração bondoso e seu sorriso angelical, não mereciam a vida de migalhas que eu poderia proporcionar a ela, mesmo se tornando minha esposa. - Por favor, não me leve mais nesses lugares. - Choramingou após estarmos no apartamento. - Me perdoe, eu deveria ter pensado mais. - Aproximei me mais do seu corpo tão minúsculo perto do meu. Envolvi meus braços em sua volta. - Eu odeio aqueles olhares, eu não sou um objeto, eu..... eu sinto, tenho dores, sentimentos, existe alguém aqui, uma alma, porque tudo gira em torno de status? - Seus soluços ficaram mais ouvintes, demonstrando o quanto aquela situação havia a magoado, me odeio mais ainda por tê-la colocado nessa posição. - Ei, eu sei, você é importante para mim, eu amo você, me perdoe, as vezes esqueço como os homens neste mundo são tão hipócritas. - Apertei mais seu corpo contra o meu, tentando de alguma forma, fazer com que ela sentisse o quanto era importante para mim. - Será que sou? -Falou se afastando do meu abraço, seus olhos tão vermelhos, inchados, fazendo meu coração se tornar do tamanho de um grão de mostarda. -Por favor, não vou sair da máfia, tenho responsabilidades, esqueça essa noite, tudo bem?- Tentei me aproximar do calor que somente ela poderia me proporcionar. - Enxerga? É disso que falo, você não se importa que vivamos dessa maneira, porque sabe que todos os dias estarei aqui, te esperando, pra você é tão conveniente, mas e eu? O que sinto não importa pra você.- Não consegui responder antes que ela se afastasse e fosse quarto adentro. Me sentia derrotado, pois não era verdade, eu a amava, como amava! Mas não posso simplesmente largar tudo que minha família tanto lutou para construir. - La ragazza perché rende tutto difficile! - Exclamei, mas sabendo que o culpado por tudo era somente eu. As nossas lembranças me atormentaram até os últimos dias da minha vida, e o copo agora arremessado na parede, estilhaçado no chão em vários fragmentos de vidro, refletiam a situação do homem infeliz que eu seria. - Eu só queria ser digno de todo seu amor, minha Pérola.
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