Draco
Severus se encontrava imerso em pensamentos, não entendia o que havia acontecido.
Como Harry Potter poderia ser seu filho ?! Mesmo com as lembranças isso não entrava em sua cabeça, e por que Lily escondeu isso de si? Ele era o pai, tinha direito de saber, poderia ter cuidado do garoto esse tempo todo! E por que diabos James b****a Potter tinha adotado o seu filho ?! Eram coisas demais para se pensar.
Sentou-se em sua poltrona favorita da biblioteca querendo desfrutar de uma agradável leitura para tentar esquecer tudo isso, mas era impossível já que sempre o pensamento de que sempre maltratou uma criança por ser filho de um homem desprezível e agora descoberto que essa criança, na verdade, é sua ... sentiu-se culpado por tudo o que fez ...
Harry até podia ser um moleque mimado, mas não merecia seu ódio por ser filho de James. Levantou-se desistindo da leitura e resolveu preparar as poções que Madame Pomfrey pediu para o início do ano letivo, algumas semanas demoravam semanas para estarem prontas então era bom começar logo. Talvez depois tentasse conversar com Harry ...
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Algumas semanas se passaram desde o início das férias de verão e Harry e Severus só se viam durante as refeições, e até mesmo isso era raro porque o garoto se trancava no quarto e um elfo doméstico acabava levando algo para ele, mesmo que Severus dissesse que não era para alimentar o "senhorzinho Snape" se ele não fosse comer nos horários certos.
Quando no estava mesmo cômodo Harry não dizia uma palavra por mais que Severus tentasse conversar com ele, odiava aquele silencio massacrante que tinha entre os dois, mas Harry parecia ter medo de si, sempre o evitando.
É claro que o garoto sabia que não iria o azarar mesmo que muitas vezes durante os anos que teve vontade de fazer isso, mas o comportamento dele era estranho.
Os dois comiam em silencio, o pequeno garoto olhava para o prato comendo pouco para conseguir sair da mesa o mais rápido possível.
Severus respirou fundo antes de finalmente se pronunciar pela primeira vez em dias.
- Terei de ir ao Beco Diagonal resolver algumas coisas, quer algo? - O mais velho olhava o...filho, intrigado, o raquítico garoto era tão...diferente quando não estava na escola cercado pelos amigos.
Harry negou e terminou de comer subindo quase correndo para o quarto, seu refúgio nos últimos dias.
Realmente, Harry estava muito diferente do que costuma ser...sempre assustado e correndo para se esconder como se Severus fosse o machucar...mesmo que discutissem muito na escola o pocionista nunca pensou em machucar o garoto, não era esse tipo de gente.
Outra coisa que Severus notou era que Harry tinha muitos pesadelos, sempre acordava gritando ou passava noites em claro, mas nunca teve coragem de ir lá descobrir, não tinham convivência para isso.
Enquanto Severus vivia seu dilema sobre ser pai e ter um filho pré adolescente com possíveis traumas, Lucius Malfoy, o lorde da família puro sangue mais influente do mundo mágico estava em seu próprio dilema com um filho pré adolescente.
Lucius sabia que o Lord das Trevas não havia morrido e que, era só questão de tempo até ele retornar e temia pelo seu filho.
Voldemort era louco e, com certeza, iria querer que Draco se juntasse a ele. E Lucius não queria que seu filho se tornasse um Comensal, ele sabia o quão r**m era e não queria isso para seu maior tesouro.
Sua mulher só se importava com o luxo, vivia viajando para eventos de moda e esquecia de seu próprio filho. Lucius tentando suprir a falta da mãe temia ter mimado Draco, mas não conseguia pensar em nada no momento que não fosse deixar Draco a salvo de seu mestre.
E só pensava em uma pessoa que pudesse ajudá-lo Severus organizava as coisas que tinha comprado no Beco Diagonal nas prateleiras, havia renovado seu estoque de ingredientes para poder terminar as poções que fazia naquelas férias.
Colocava o pelo de unicórnio alinhado com as raízes de búlgaro quando a campainha soou, algo estranho, apenas uma pessoa o visitava e só o fazia raramente.
Foi para a sala na intenção de receber a visita inesperada sem lembrar que Harry se encontrava na mesma, então foi com surpresa que viu Lucius Malfoy apontando sua varinha de forma ameaçadora para o pequeno moreno que olhava o loiro sem se mover.
- A que devo a honra, Lucius? - Severus andou lentamente até eles deixando Harry atrás de si.
- Severus! - O Lorde Malfoy sorriu para o amigo permitindo-se relaxar - Cuidando do queridinho de Hogwarts?
- O que o trás aqui? - Severus perguntou ainda sério.
- Quero saber se pode ficar com Draco nessas férias, eu preciso contatar alguns conhecidos.
Snape finalmente notou o pequeno garoto atrás do pai que olhava Harry com perceptível desprezo.
- E por que não o leva com você? Como vê estou cuidando de Potter.
O pocionista sabia o quanto o aristocrata amava o filho e como era dificil viajar sem levar a criança que acabou se tornando muito mimada, apesar de o primeiro não ligar muito.
- Não posso levar ele comigo se quiser realmente conseguir fortes alianças para o manter seguro quando Você-Sabe-Quem retornar.
- E como pretende explicar ao Lorde Draco e Potter juntos?
- Ele não saberá da existência de Draco - Severus ergueu uma sobrancelha interrogando o amigo silenciosamente - Você é o fiel segredo da mansão Prince que eu sei, deve ser para lá que Dumbledore vai querer que Potter vá quando o Lorde das Trevas retornar - Ele analisou o diminuto garoto que olhava os três sonserinos visivelmente assustado - Mas por que você está bancando a babá?
- Não estou bancando a babá Lucius, e meu filho não vai participar dessa guerra.
- Você está passando bem? Acabou de chamar Potter de filho.
- E ele é, descobri a algumas semanas e um teste de DNA feito por alguém de minha confiança confirmou isso.
Lucius ainda falaria algo, mas se calou olhando o relógio.
- Preciso ir, Cissa vai viajar e eu preciso cuidar de tudo, depois quero saber disso com mais detalhes Severus.
Severus o levou até a porta e ao voltar encontrou somente a Draco olhando para as escadas.
- Onde está Harry?
- Disse que se sentia indisposto e subiu.
Segundo andar, última porta a direita, era onde ficava o quarto de Draco.
Ele deitou em sua cama e olhou para o teto vendo sua constelação favorita pintada nele: Sagitário.
O teto do quarto era encantado para se parecer com céu noturno. As paredes estavam cheias de cobras e dragões cuspidores de fogo. A cama, o guarda roupa e a mesinha para estudos eram das cores de sua casa: Sonserina. Ao lado do guarda roupa havia uma porta verde musgo que dava para o banheiro em mármore branco.
Draco rolou na cama e fechou os olhos se entregando ao sono.