Caroline Matolly Narrando
- Acordei com uma ardência na minha i********e e uma dor de cabeça de tanto chorar, daqui a pouco vou ficar desidratada. Levantei mesmo sem querer, fui até o banheiro e fiz minhas higienes. Preciso comprar uma pomada pra usar.
- Sai do quarto, sentei na cama e fiquei me lembrando de tudo que aconteceu naquela suite. Ele encostava em mim como se dependesse disso pra sobreviver, me apertava com uma certa força como se tivesse medo que eu fosse ir embora. E no final ele não tentou nada para que eu pudesse ficar, ou sei lá. Não propôs nada sobre se ver outra vez, só deixou eu seguir e foi embora.
- Levanta a cabeça Caroline, a vida precisa seguir. falei pra mim mesmo tentando me convencer de que vai ficar tudo bem.
- Fui até a cozinha, coloquei um pote de sucrilhos com leite, sentei na mesa e fui comendo. Minha i********e estava me incomodando real, mas tentei tirar o foco pra não ficar me lembrando o tempo todo disso. Passei um olho na casa, mesmo sentada e estava uma bagunça horrível. Preciso arrumar isso aqui urgente.
- Terminei meu café, coloquei uma música para me distrair e já fui limpando a cozinha. Lavei a louça, limpei geladeira, fogão, a mesa, sai tacando água em tudo. Tirei a água, passei um pano com cheirinho e fui para os quartos. O meu só está bagunçado, não está sujo, já fui organizando as roupas no guarda roupa, tirei todos os livros da faculdade que não vou usar até voltar, coloquei em umas caixas organizadoras e vou colocar em um dos quartos de hospedes, fui catando todas as bagunças colocando tudo em seu devido lugar, lavei o banheiro do meu quarto, forrei a cama, varri e passei pano e pronto. Limpo e cheiroso!!
- Quando ficava em uma pilha de nervos arrumava a casa e sempre ajudava, espero que dessa vez funcione.
- Levei todas as caixas organizadoras com os livros para um dos quartos de hóspede. Aproveitei já trocando as roupas de cama dos quartos, varrendo e passando pano, já que ninguém usa, não fica sujo, é mais poeira mesmo.
- Fui para o quarto do meu pai, ele odeia mas preciso limpar. Ele sempre falou pra chamar uma moça para ajudar na limpeza da casa, porque de fato é muito grande. Mas nunca gostei, já que não trabalho e só tenho ou pelo menos tinha a faculdade, eu ficaria com as funções da casa, era mais que justo. Fui trocando a roupa de cama que estava com cheiro péssimo de perfume doce misturado com bebidas, mas esse não é o perfume que meu pai usa, estranho. Peguei o pano e fui tirando o pó do criado mudo e o porta retrato da minha mãe lá, meu pai ainda é apaixonado por ela, é notável. Continuei limpando, deixando o porta retrato no mesmo lugar e achei uma pasta transparente, peguei levando para a mesa do computador e ela caiu no chão, fui catando os papéis no chão, vi uma passagem de vôo, comecei a ver do que se tratava, minha curiosidade foi mais forte. E cada parte da passagem que fui lendo meu coração parecia que ia parar, entrei em Pânico e desesperada.
- Comecei a andar de um lado para o outro sem saber o que fazer ou pensar, o choro e o nervosismo tomando conta de mim. Como que ele compra uma passagem pra mim de ida para França sem nem me consultar? E o pior, só ida. Ele só pode ta ficando maluco, meu Deus!!
- Quando que ele vai entender que eu não sou mais a merda da criança que ele acha. Até quando ele acha que pode decidir tudo sobre minha vida, o que me choca é que ele não falou literalmente nada sobre isso. Agora tudo faz sentido, todos esses dias que sai ele não questionou em nada, não implicou com nada. Era a minha despedida.
- Juntei meus cacos e me recuperei, sai do quarto dele aflita e chorando muito, um choro de desespero. Eu não vou a lugar nenhum, comecei a arrumar minhas coisas em uma mochila, algumas mudas de roupas e itens de higiene pessoal. Troquei de roupa sem nem tomar banho, coloquei um vestido mesmo qualquer, catei meus dinheiros espalhados pelo quarto que sempre deixo, e um dinheiro que guardo no guarda roupa, tirei todos os cartões que tenho conta conjunta com ele e deixei sobre a cama, pedi um Uber para o centro do Rio e o desespero tomando conta do meu ser, se ele chegar aqui vai ver que eu descobri e vai me prender aqui. Meu Deus será que só eu que nunca percebi o quão narcisista ele é? o quão manipulador? Eu estou em pedaços.
- Sai de casa correndo, tranquei o portão e joguei o controle por cima. Entrei no Uber e dei partida, fiquei pensando o que me fez colocar Centro do Rio, se lá não conheço ninguém e é extremamente perigoso. Não posso ir pra Luana porque lá é o primeiro lugar que ele vai atrás de mim.
Caroline: Moço o Senhor pode me deixar na entrada da Favela do Complexo do Alemão?
Uber: Posso sim minha filha, você está bem?
Caroline: Estou sim, obrigada. Posso te pagar antes?
Uber: Pode sim, deu na estimativa 44,00 reais, geralmente não altera o valor.
Caroline: Toma aqui. - Dei uma nota de 50,00 pra ele que agradeceu.
- Seguimos o caminho em silêncio e esperei ficar um pouco longe de casa e zuni o celular longe. Agora quero ver me rastrear. Sou tão esperta quando você Antônio Matolly, afinal sou sua filha.