Claudia Matolly
- Estou bastante preocupada com a Caroline, ela não me responde e não atende, o celular dela está desligado. Tem alguma coisa acontecendo e eu preciso saber o que é, não tenho coragem de ligar pro Antônio, tenho repulsa por esse homem, vou ligar para mãe da Luana, talvez ela saiba de alguma coisa.
- Ligação On.
Cláudia: Oi Carine, tudo bem? Quanto tempo!
Carine: Oi Cláudia, tudo indo e com você? Verdade, muito tempo.
Cláudia: Tudo ótimo graças a Deus. O motivo do meu contato é para saber sobre Caroline, não consigo contato com ela, achei que você ou Luana pudesse saber dela.
Carine: Bom, ela não tem vindo aqui como costumava a vir. Luana também não tem ido pra lá, inclusive estou tendo dores de cabeça com Luana. Ela arrumou um namorado misterioso mas sinto que esse cara não é bom pra ela, falei umas verdades e ela disse que iria na casa da Caroline, mas até agora não voltou. Qualquer coisa te ligo informando quando ela voltar.
Cláudia: Nossa, é complicado mesmo. Mas coração de mãe não erra e você está certa em ficar de olho. Mas qualquer coisa você entra em contato comigo. Obrigada Carine, fica com Deus!
Carine: Fica com Deus, até!
- Fui até a cozinha preparar um chá, estou com os nervos a flor da pele e vou acabar tendo um treco. Coloquei a chaleira para esquentar água, enquanto coloquei o sachê do chá e umas gotas de adoçante na xícara. Espero que esteja tudo bem com minha filha e essa angústia não seja nada, vai ver é o nervosismo por estar do outro lado do mundo e sem notícias. Antônio também não deixaria nada acontecer com ela, sempre investiu muito na segurança da casa e eu acredito que seja por conta dela.
- Tirei a chaleira do fogo, despejei a água na xícara e fui para sacada da minha sala. As vezes me arrependo de ter vindo embora e perdido alguns anos da vida da minha filha. O que aconteceu comigo não podia atingir a vida dela como atingiu. Sempre fui muito fechada e Caroline me puxou, nunca conversamos sobre a vida dela ou algo que ela gostasse e sentisse empolgada em me contar. Mas eu me via tão cansada e exausta daquela relação tóxica que nunca percebi os detalhes. Vai ver a Caroline se abre mais com a Carine do que comigo.
- Fiquei sentada olhando a vista e tomando meu chá, pensando em toda minha trajetória nessa vida. Não sei se vim pra cá porque queria mesmo ou por medo e essa seria uma forma de me esconder. Agora estou aqui angustiada e me sentindo uma covarde por ter desistido da minha vida no Rio de janeiro e ter perdido anos da vida da minha filha em que nunca mais vai voltar. Na fase dela na adolescência, na puberdade que a gente fica cheia de vontades, descobrindo corpo e eu não estava lá e por medo. Medo do homem que um dia achei que amei, medo do homem que me fazia m*l sempre que podia. Mas minha filha não tem culpa de nada disso.