Lisandra narrando Quando eu vi a Tati pular nas costas do Hugo, meu coração gelou. Naquele segundo, eu soube que ela podia morrer por mim. O olhar dele virou puro ódio. — Solta ela! — gritei, indo pra cima, sem nem pensar. Mas foi inútil. Ele girou o corpo, acertou meu rosto com um tapa e antes que eu pudesse reagir, me empurrou com tanta força que caí no chão. Senti o gosto de sangue na boca. A dor me queimava. Quando levantei o olhar, ele já tava com a arma apontada pra Tati. — Não! — tentei gritar, mas a voz não saiu. Ele riu. Um riso frio, de quem gosta de ver o outro sofrer. — Vai aprender a não se meter no que não é da tua conta, favelada. A coronhada na cabeça dela veio seca. O som do impacto foi horrível. Tati caiu, com o seu corpo mole, o sangue escorrendo pelo rosto.

