Lisandra narrando Esses últimos dias da minha vida tavam parecendo filme de terror misturado com novela mexicana. Só desgraça, só revelação que parecia inventada. Passei por coisa que nem sei explicar, e agora esse homem, o tal Corvo, chega falando que é meu pai? Como isso é possível? Eu não consigo acreditar, mas também não consigo esquecer o olhar dele quando falou. Abri meus olhos devagar, como se cada piscada fosse um esforço. Tudo parecia pesado, como se meu corpo tivesse levado uma surra. O teto branco do postinho, aquela luz fria, me fizeram entender onde eu tava. Pisquei mais uma vez, e a minha visão foi clareando, e aí percebi o toque. Minha mão tava apertando um dedo grande, firme, quente. Era do Caveira. Senti na hora. O meu coração disparou, uma mistura de confusão e alívio

