Caveira narrando Assim que o Corvo entrou na favela, eu já passei a visão. — Vou deixar a Lisandra na minha goma e depois vou no postinho ver como tá a Tati. — falei. O motor do carro roncava pesado, e a favela lá fora pulsava viva, cheia de olhos atentos. Os meninos já sabiam quem chegava. Quando o Corvo passa, até o vento muda. Do banco de trás, Lisandra se ajeitou, ainda pálida, o olhar cansado, mas a língua afiada como sempre. — A Tati… meu Deus… — ela falou baixinho, a sua voz tremendo. — Como eu pude esquecer dela? Ela se machucou por minha causa… eu vou com você, Caveira. Olhei pra ela, segurando a vontade de discutir. — Tu precisa descansar, Lisandra. Ela me olhou firme, os olhos queimando igual fogo. — Eu preciso ver minha amiga, isso sim. — disse, num tom desafiador, co

