Capítulo 1 - Acordo com a morte

900 Words
Marcel Eu tinha apenas quinze anos quando fui exilado. Meu irmão mais velho, Pierre, não concordava em me ver questionando, procurando saber mais. Ele simplesmente achava que o mundo deveria curvar-se às suas vontades. Ele foi criado para ser o Capo Francês. Nossos pais haviam falecido há anos, nossa mãe faleceu ao dar a luz a mim. No fundo eu sempre pensei que ele cultivava um certo ódio por mim pelo fato de meu nascimento ter sido a morte de nossa mãe, mas não, ele simplesmente odiava todo mundo mesmo sem motivos. Ele era um homem que gostava de enganar, de destruir e causar discórdia. Eu sempre me opus, mesmo novo, aos atos de crueldade dele, sempre. E ele sempre me repreendeu. Imaginei que ele fosse tentar me m***r em algum momento, mas eu nunca senti real vontade de viver, e por isso nunca me importei com as ameaças que ele me fazia. No fundo eu amava meu irmão, Pierre era a única família que havia me restado, ele era tudo que eu tinha. Era uma noite de tempestades, o vento uivava lá fora. Eu estava debilitado devido aos intensos treinamentos que meu irmão havia me ordenado a praticar, coisas que nem ele nunca havia feito eu tive que fazer. Os olhos das pessoas que eu havia matado ainda estavam na minha mente como se eles estivessem presentes me observando. De acordo com meu irmão aqueles homens e mulheres eram traidores da nossa organização, mas sinceramente ao meu ver não pareciam. Eles pareciam pessoas inocentes tentando fugir das atrocidades que Pierre gostava de fazer. Ouvi uma batida na porta, antes que eu pudesse responder dois homens entraram. Eu fechei meus olhos e aceitei a morte de bom grado, mas ela não veio. Eles me espancaram até que eu desmaiasse e quando acordei m*l conseguia abrir meus olhos. Observei que eu estava na beira de um imenso oceano, o sol estava escaldante e eu m*l mexia meus dedos das mãos. Fiquei por horas no mesmo lugar até que finalmente consegui me arrastar até uma sombra. Depois de dois dias agonizando consegui me levantar, fraco. Mendiguei informações, comida, água.. Só eu sei o que passei. Em pouco tempo eu havia me tornado mais um dos moradores de rua da ilha. Os turistas que passavam nos olhavam com *nojo, outros com pena. Eu não tentei voltar, eu não tentei contatar meu irmão porque eu sabia que se eu estava ali, daquela forma, foi por ordem dele. Ele sabia que eu estava daquele jeito, naquele lugar, e ali eu fiquei. Eu nunca senti tanta vontade de morrer como naquela época. As pessoas que eu havia tirado a vida ainda estavam me assombrando. Meus sonhos eram inteiramente sobre eles, cada noite era um e quando eu acordava era suado e sentindo como se meu coração fosse parar a qualquer instante. Todos os dias um homem grande passava por ali com uma maleta quadrada e prateada, ele não dizia nada, apenas me entregava um sanduíche ou alguma coisa para comer e quando ele voltava era sempre sujo. Durante alguns anos fiquei confuso, mas no fim notei que ele era apenas uma pessoa normal e de bom coração. Um tempo depois ele desapareceu, nunca mais passou ali. Cheguei a pensar que meu irmão havia mandado matá-lo, e no fim tive pesadelos com ele também. Perdi as contas dos anos que fiquei vagando até que o inesperado aconteceu. Eu estava sentado em um canto coberto com um cobertor sujo quando uma moça jovem se aproximou. Ela tinha cabelos pretos, olhos escuros e um sorriso estranho no rosto. _ *c*****o, tu ta bem detonadinho ein! Disse ela enquanto me observava. Não falei nada, ela apenas continuou me olhando. _ Cortaram sua língua? Permaneci em silêncio. _ Tenho uma oferta pra te fazer, aposto que tu vai gostar. Um homem entregou para ela uma pasta. Ela abriu e me mostrou uma foto do meu irmão. Senti meu corpo inteiro enrijecer, meu estômago revirar mesmo estando vazio. Olhei pra ela com raiva, mas antes que eu fizesse qualquer movimento ela voltou a falar. _ Ta vendo esse carinha aqui? Lembra que ele é teu irmão? Olhei pra ela com mais ódio ainda. Esse não é e nunca será meu irmão. _ Eu vou *degolar ele. Vou usar a cabeça dele como prêmio e exibir por aí como se fosse um troféu que não vale *m***a nenhuma. E você, meu querido, vai assumir o lugar dele como Capo da França. Franzi minha testa confuso. Levantei mesmo sentindo meu corpo inteiro doer. Ela ficou pequena perto de mim, mas ainda sim não se intimidou. _ E aí? Vai querer ficar nessa pindaíba ou vai vir comigo? Ela estendeu a mão pra mim sem nojo algum. Por uma fração de segundos meu coração ainda quis falar, eu quis proteger meu irmão, mas não. Ninguém merece minha compaixão, muito menos eles. Apertei a mão dela e ela sorriu. A mulher virou e começou a andar em direção a um carro falando outra língua. _ Q-quem.. quem é você? Perguntei alto. Quase não reconheci minha própria voz. _ Pode-se dizer que você acabou de vender a alma pra *morte e seu pagamento será a vingança. Agora anda, senta aqui que temos muito pra conversar. Disse ela enquanto me dava espaço no carro. *Morte? Eu vendi minha alma pra *morte? Por que não parece tão r**m ?
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