Capítulo 3

1013 Words
Capítulo 03 LACHELLE NARRANDO 🩺 Sentada na beirada da cama eu deixo minha mente viajar, eu juro que conseguia sentir o cheiro dele até hoje. O frasco de perfume que eu tinha dele ainda segue guardado por doze anos, e impossível não mexer em tudo que remete a minha filha e não lembrar dele, não lembrar de nós. FLASHBACK ON... Renan - Quando nois tiver nossa filha ela vai sair do hospital toda de vermelho, pra homenagear meu mengão. Ele fala olhando pra mim enquanto me arrumo em frente ao espelho, mäl sabia ele que seria uma das últimas vezes que ele me observava. Lachelle - Já falei pra parar com esses assuntos Renan, sabe que evito o máximo disso, até porque eu sou Vasco! Ele chega perto de mim me dando um selinho e segurando bem no meu rosto olhando dentro dos meus olhos antes de falar. Renan: É tudo tão claro quanto seus olhos, minha loira, é destino e tá já trilhado nosso caminho e da nossa filha e tu ainda vai virar mengão. Ele fala com tanta complexidade que realmente parecia verdade, e no final era, só nao imaginava que seria cada um em um país, eu estava esperando a nossa Liz que significava vitoriosa. FLASHBACK OFF... Mesmo eu não gostando evitando o assunto eu acredito, então como ele queria, seria uma roupinha vermelha que ela sairia da maternidade, mesmo ele não vendo. Acho que até hoje esse assunto doi, lembrar, falar me machuca de uma forma que chega ser surreal. Afasto os pensamentos e as lembranças guardando a roupinha vermelha na mala, na intenção de levar comigo é como se carregasse um pedaço dela comigo. Ninguém está preparado para perda, não imaginava que ela seria tirada de mim de uma forma tão brutal, ainda dói como se tivesse sido a poucos dias, e olha que já fazem doze anos.. Nunca mais pensei em me envolver com outra pessoa, já tive trauma demais para pouco tempo. Me levanto pegando umas roupas no guarda roupa e já vou colocando tudo na mala, mesmo sabendo que provavelmente daqui a dois dias eu vou desfazer ela por indecisão. Até porque nem tenho que levar muita coisa, não pretendo passar muito tempo, vou internar minha mãe e tentar vender a casa e voltar, nada nunca vai me prender no Brasil dessa forma novamente. Lúcia - Você quer que lava alguma coisa em especial? - minha tia pergunta parada na porta do quarto e eu tomo um susto. - tô te vendo a tanto tempo aí parada com os pensamentos voando, se eu forçar mais um pouco vejo a imagem de um balão cheio de pensamento na sua cabeça. Eu solto uma risada sincera, minha tia e os pensamentos intrusivos dela, fala o que pensa, sem se importar com nada. Lachelle - Pior que eu tô pensativa mesmo, voltar lá, doze anos depois. - ela sorri sem mostrar os dentes e se aproxima vendo a mala aberta em cima da cama. Lucia - É normal Lachelle, você vai se sentir assim mesmo, é como um machucado que ainda tivesse com a casquinha, sair daqui para o Brasil vai ser como arrancar essa casca. - eu passo a língua nos lábios - você vai reencontrar sua filha e ele, eu já não te falei? - eu negö com a cabeça, achando isso locura. Lachelle - Você viu ela morta, você melhor que ninguém sabe que não tem volta tia, mesmo que eu ache ele, você acha que se um dia ele souber, tudo que aconteceu envolvendo um filho que tanto sonhamos para um futuro juntos isso vai acabar bem? - ela sorrir e negä como quem quisesse falar que eu tava doida. - só cego que não vê. Eu respiro frustrada me levantando e fechando a mala, é muita coisa na minha mente em um dia só, preciso tomar um banho e descansar. Lúcia - Você tem que se benzer, toda vez que você volta desse hospital eu sinto uma carga rüim - ela faz uma careta e eu negö, arrastando a mala para lateral do guarda roupa. Lachelle - Normal, convido com doentes, mortos, então a energia volta carregada mesmo, mas faz lá, aproveita e benze. - ela beija minha mão e sai do quarto, acredito nas coisas dela? Não, mas não custa nada deixar ela feliz. Acendo um incenso deixando o quarto com cheirinho mais gosto, me afasto indo até o guarda roupa e me olho na frente do espelho, a diferença para aquela Lachelle do passado são tantas, que acho que se ele me ver novamente nem reconhecer vai, de tão diferente. Sem contar o peso, eu era toda magra e bonitinha, hoje tô muito acima do meu peso ideal, os p****s cresceram sem proporção, ficando muito grande também. Passo tanto tempo me olhando na frente do espelho que perco a hora, escuto minha tia bater na porta e ela entra segurando uns mato sei lá... ramo... não entendo nada desse negócio de benzer, nem sei pra que serve. Ela me benze e eu sorrio, acho estranho? Acho, mas é sempre uma paz muito grande quando ela faz isso. Lucia - Vai lá agora, toma banho, e não demora pra jantar, você precisa se alimentar, tá tão magrinha. - eu solto uma gargalhada alta, provavelmente ela tá brincando. Lachelle - Você e esse seu espírito brincalhão, tia eu tô com quase cem quilos eu tô enorme, consigo facilmente ser confundida com uma baleia de tão grande. - ela faz uma careta e negä com a cabeça. - não demoro, e vou jantar sim. Ela sai do quarto e eu entro para o banheiro, indo tirar minha roupa, coloco a mesma no cesto e ligo o chuveiro para me lavar primeiro e lavar meu cabelo. Tiro o excesso de água do cabelo e logo em seguida saio do banheiro enrolando a toalha no meu corpo e depois me secando. Me adianto indo comer, ainda preciso fazer alguns relatórios para enviar para o email do hospital, é trabalho que não para mais. •••
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