As Mensagens para Deus

1134 Words
Muito longe dali, em um austero colégio de freiras, situado em meio a colinas verdes e bosques silenciosos, uma jovem de cabelos ruivos tão intensos quanto o fogo que queima em sua alma, e olhos verdes vivazes que parecem esconder segredos profundos, estava prestes a enfrentar a madre superiora. Liz Travolo, uma adolescente de dezesseis anos, chegara àquele lugar há pouco tempo, trazendo consigo um fardo de tristeza e culpa que pesava sobre seus ombros. Alegava ter cometido pecados hediondos, mas se recusava veementemente a confessá-los aos ouvidos pacientes das freiras. Seus pecados, ela insistia, eram tão obscuros que não ousava pronunciá-los em voz alta. Naquele dia, diante da madre superiora, Liz olhou firmemente nos olhos da mulher de hábito e disse com uma voz trêmula: "Eu não sei orar, madre. Acho estranho." A madre superiora, uma figura imponente de sabedoria e fé, observou Liz por um momento, como se buscasse ler sua alma. Ela, então, suspirou e respondeu com compreensão: "Eu entendo, minha querida. Às vezes, a conexão com Deus pode parecer distante e desconhecida. Mas Ele está sempre perto, esperando ouvir nossas palavras e nossos corações." Liz levantou uma sobrancelha, parecendo intrigada: "Mas, Lis, eu já a vi passar horas mandando mensagens no celular. Se você não consegue orar, pode criar um número para Deus em sua agenda e escrever mensagens para Ele" Lis encarou a madre com olhos assustados se perguntando se ela havia enlouquecido de vez, como se não esperasse uma resposta tão inusitada vindo de uma freira. Então, após um momento de reflexão, ela assentiu com um leve sorriso, e a madre continuou: "É uma ideia interessante, minha querida. Deus pode não ter um celular, mas se estiver escrevendo de coração, Ele certamente saberá que é para Ele." Liz olhou para a madre desconfiada, sua mente repleta de perguntas. Finalmente, ela ousou perguntar: "Mas como saberei que Ele está respondendo, madre?" A madre superiora respondeu com a serenidade que só os anos de devoção poderiam proporcionar: "A resposta de Deus não virá como uma mensagem de texto, minha querida. Virá de formas que você menos espera, nos pequenos milagres da vida, na paz que encontra em seu coração e nas pessoas que o Senhor coloca em seu caminho para guiá-la." Liz contemplou as palavras da madre e, por um instante, um vislumbre de esperança brilhou em seus olhos verdes. Pode ser que aquele colégio de freiras e aquela conversa inusitada fossem o começo de uma jornada espiritual que ela jamais imaginara trilhar. Após a conversa com a madre superiora, Liz saiu da sala e dirigiu-se ao pátio do colégio. As outras meninas a olharam com curiosidade e intrigadas, pois Liz sempre fora uma força da natureza, um espírito livre e aventureiro. Desde jovem, ela havia desafiado as normas e limites, e se não fosse por aquele incidente horrível, ela nunca teria aceitado ser confinada naquele colégio. Seu pai, um homem rico e poderoso na sociedade americana, ocupava um cargo importante na máfia. Liz era sua filha caçula, a joia da família. Ela tinha mais dois irmãos mais velhos que também a mimavam, embora ela nunca tivesse tido a oportunidade de conhecer sua mãe ou sua irmã mais velha. Sua mãe havia fugido, levando apenas uma das filhas consigo, abandonando os outros para trás. Esse abandono deixou marcas profundas na forma como Liz foi criada, e para compensar a falta da mãe, seu pai e irmãos mais velhos a cercaram de luxos e mimos, embora seu pai tivesse se casado outra vez e sua madrasta a tratasse como filha, Lis inclusive a chamava de mãe. Liz cresceu sem nunca conhecer o significado da palavra "não". No entanto, talvez tenha sido essa falta de limites e excesso de mimos que a levaram até ali. Seu pai a enviou para o colégio como forma de castigo, acreditando que uma educação mais severa a colocaria nos eixos. Liz, no entanto, estava determinada a aproveitar essa oportunidade de mudança. Ela havia sentido a dor do amor e como ele podia machucar profundamente. Em sua busca por algo que fosse verdadeiro e incondicional, Liz estava decidida a dedicar sua vida a Deus e à fé. Ela estava disposta a abraçar a vida religiosa e a encontrar em Deus o amor que nunca encontrou em sua própria família. O sol do fim da tarde derramava uma luz suave sobre o pátio do colégio, aquecendo o rosto de Liz enquanto ela contemplava os canteiros de flores meticulosamente cuidados. As rosas vermelhas e brancas pareciam vibrar com vida, e o aroma do jardim encheu seus sentidos. Era um lugar de paz e reflexão, um contraste marcante com a agitação e o luxo de sua vida anterior. Enquanto caminhava pelo pátio, Liz pensava nas palavras da madre superiora. Ela havia sido confrontada com a necessidade de redimir sua alma, de encontrar um propósito maior para sua vida. O amor que sua mãe lhe negara, a busca incessante por aventuras e a falta de limites a haviam levado a um caminho sombrio. Liz sabia que precisava de uma transformação profunda. As outras meninas continuavam a observá-la, algumas sussurrando entre si. Elas não entendiam como uma menina certamente rica como Liz havia parado ali, mas respeitavam sua decisão de ficar afastada. Ela não estava ali para ganhar amigos ou admiradores, mas para encontrar a paz interior e a redenção que tanto ansiava. No fundo do pátio, havia um pequeno oratório, um lugar de oração silenciosa. Liz se aproximou e, com humildade, fez o sinal da cruz antes de entrar. O interior era simples e sereno, com velas acesas e um crucifixo adornando a parede. Ajoelhando-se diante do altar, Liz fechou os olhos e começou a orar, pela primeira vez na vida, porem ao fechar os olhos eram olhos cinzentos cheios de dor que ela via. Suas palavras eram sinceras, um clamor por perdão e orientação. "Senhor, sei que minha vida foi repleta de erros e excessos. Busquei o amor nos lugares errados, ele não me queria, mas eu o queria tanto senhor, mais tanto, e me perdi no caminho, ele certamente me odiaria, se soubesse o que fiz, e nem seria mais meu irmão Ryan. Mas agora, estou disposta a seguir o Teu caminho, a dedicar minha vida a Ti e à Tua vontade. Peço a Tua orientação e força para trilhar o caminho da redenção. Que eu possa encontrar a paz que tanto anseio e ser digna do Teu amor, acho que agora eu falo amem né? Bom então amem." As lágrimas escorreram pelo rosto de Liz enquanto ela orava,levando sua mente para tempos passados, ali naquele lugar ela se viu uma garotinha impetuosa correndo atras de um adolecente dez anos mais velho que ela e gritando: “Irmão Ryan, irmão Ryan quando eu crescer vou casar com você”
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