Ryan caminhava ao lado de seu pai em direção à mesa principal durante aquele jantar de gala, com todos os presentes o olhando com desprezo. À medida que se lembrava da forma como as pessoas olhavam para ele e seu pai naquela noite, Liz se encolhia, compreendendo agora a hostilidade que Ryan havia enfrentado naquela ocasião.
Quando chegaram em frente ao pai de Liz, ele se dirigiu a Ryan de maneira direta:
"Meu filho, minha filha diz que quer se casar com você, e, mesmo eu questionando o gosto duvidoso dela, como pode ver, ela insiste. Diga a ela que está tudo bem para que ela pare de chorar, sim?"
Por um momento, Ryan apenas encarou o senhor Travolo, ignorando os soluços e gritos de Liz que ainda se debatia no chão. Um brilho sombrio tomou conta de seus olhos. Hoje, mais velha, Liz entendia que, mais do que ignorá-la, Ryan estava desafiando seu pai naquela ocasião, deixando claro que só faria o que quisesse e quando quisesse.
Depois de um tempo, Ryan finalmente se voltou para Liz e, com voz firme, disse:
"Já chega."
Para surpresa de todos, Liz parou imediatamente de chorar, seus olhos verdes agora vermelhos encarando Ryan, que continuou:
"Eu não me casaria com uma garota chorona."
A pequena Liz se levantou imediatamente, arrancando risos dos presentes e desespero de seu pai. Ryan se virou para sair, mas ela novamente insistiu:
"Irmão Ryan, jura de dedinho que, se eu for uma boa menina quando eu crescer, você se casará comigo?"
Ryan a encarou sério e disse, em tom irônico:
"Não, certas coisas temos que conquistar, e você é a joia da casa do seu pai, e eu, eu sou apenas um pária que um dia vai se tornar muito mais rico que seu pai. Aí, quem sabe, seu pai me ache digno, e você me conquiste."
Murmúrios de surpresa percorreram o local com a ousadia de Ryan, mas antes que o pai de Liz pudesse se vingar, ela disse com astúcia:
"Então jura de dedinho que vai me deixar tentar te conquistar."
Ryan olhou para ela, surpreso com a inteligência da garotinha e, com um leve sorriso e pena dela, estendeu o dedinho. Liz estendeu o dela e gritou com entusiasmo:
"Haha, irmão, irmão Ryan, quando eu crescer, vou me casar com você!"
Naquela noite, sob as estrelas e as risadas dos presentes, uma promessa de infância foi selada. Liz nunca esqueceria aquela promessa, que se tornaria um elo invisível entre eles, um vínculo que se fortaleceria com o tempo, até que o destino finalmente os reunisse mais uma vez.
Liz voltou ao presente, e um peso tomou conta de seu coração. Ela deu um sorriso amargo ao se dar conta de que Ryan, verdadeiramente, foi a única pessoa que lhe negou algo. Aquela lembrança a fazia refletir sobre a teimosa perseguição que ela empreendera por anos, mesmo quando já estava crescida.
À medida que os anos passaram, Liz continuou a perseguir Ryan em cada evento, em cada encontro da máfia. Ela o seguia sempre, gritando a mesma promessa: que se casaria com ele quando crescesse. Por mais que fosse persistente em sua abordagem, Liz reconhecia que Ryan era extremamente paciente com ela. Ele sempre lhe dava atenção, mas, no fundo, a enxergava apenas como uma irmã mais nova, uma criança que fazia birra por sua atenção.
No entanto, quando Liz tinha dez anos e Ryan vinte, uma situação testou a paciência dele. Foi um momento em que a garotinha insistiu mais do que o normal, em um encontro da máfia em que a atitude dela desafiou os limites de sua tolerância. Ryan, apesar de sua paciência, era humano e tinha seus próprios limites.
Liz se lembrava daquele momento como um ponto de virada em sua relação com Ryan. Ela agora percebia que, naquele instante, ele havia mudado de postura, mostrando que sua paciência tinha um limite.
Naquele dia Ryan se encontrava em um canto escondido com a filha de um mafioso importante. Os dois compartilhavam um beijo apaixonado e carícias provocadoras, quando de repente, a tranquila noite tomou um rumo inesperado.
Do nada, Liz surgiu, seus cabelos vermelhos ao vento, como uma tempestade se aproximando. Com uma determinação que surpreendeu Ryan, ela agarrou os cabelos da garota com força, causando um caos instantâneo. Por mais que Ryan tentasse fazê-la soltar os cabelos da garota, Liz estava decidida a mantê-los presos, e seu rosto se contorcia em raiva enquanto ela grudada a garota gritava a plenos pulmões:
"Ryan é meu, Ryan é meu!'"
Seus gritos chamaram a atenção de todos na festa, incluindo o pai da garota, um Dom importante na hierarquia da máfia. O pai da garota, ao descobrir o porquê do ataque de Lis agiu rapidamente, tomando medidas para punir Ryan por ousar tocar em sua filha. Liz, na época, olhava triunfante para a garota, segurando um tufo de cabelo na mão, acreditando ter vencido.
No entanto, sua vitória efêmera desmoronou quando, tempos depois, Ryan saiu da sala de castigo. Seu irmão mais velho, corajosamente, se ofereceu para tomar o lugar de Ryan na punição, sacrificando-se em seu lugar. A visão do irmão mais velho de Ryan sendo carregado, machucado e ensanguentado, marcou profundamente a memória de Liz.
Naquele momento, quando Liz correu em direção a Ryan, ele a olhou com um ódio que nunca tinha demonstrado antes. E a rejeitou de maneira dura e fria, dizendo:
"Garota, está na hora de você crescer. Eu não vou me casar com você. Eu odeio a merda da sua família. Por isso, faça-me um favor, me esqueça."
As palavras de Ryan foram cortantes, carregadas de frustração e ressentimento. Foi um choque para Liz, que percebeu que suas ações tinham causado danos irreparáveis à relação deles. Aquela foi a primeira vez que Ryan a olhou com um olhar de completa repulsa, um olhar que cortou fundo em seu coração e que ela nunca esqueceria. Era o início do fim de suas esperanças infantis de um futuro com Ryan.