Naju narrando O motor do carro roncava alto enquanto subíamos o morro. Meu peito tava queimando, minha respiração era curta, e o suor escorria pela testa. O William tava dirigindo com as mãos firmes no volante, a expressão dele era a mesma que a minha: ódio puro. A cada curva, a favela parecia respirar junto com a nossa raiva. Chegamos na boca e a tensão era palpável. Os olhares se voltaram pra gente assim que saímos do carro. Meu pai veio direto na minha direção, o olhar carregado de preocupação e dureza. — Como ela tá? — A voz dele saiu firme, mas eu senti o nervosismo ali. — Tá viva. — Falei, a voz saindo rouca, seca. — Mas por um fio. Tá na UTI, cheia de tubo enfiado naquele corpinho minúsculo. Meus olhos ardiam, mas eu segurei o choro. Não agora. Não na frente dessa gente. — E

