O quarto ainda estava mergulhado num silêncio denso, pesado, como se o próprio ar tivesse medo de se mover. Sofia permanecia sentada na beira da cama, as mãos entrelaçadas, os olhos fixos no chão. Lucas, de pé, próximo à janela, observava o reflexo da cidade nos vidros. Nenhum dos dois ousava falar — como se qualquer palavra pudesse abrir uma ferida que ainda não havia fechado. O relógio marcava quase três da manhã. O som distante de um carro na rua foi o único ruído entre eles. — Vai ficar aí parado a noite toda? — ela perguntou, sem olhar pra ele. A voz de Sofia soou calma, mas carregava uma fragilidade que o fez virar-se de imediato. Lucas respirou fundo, aproximando-se devagar, como quem teme assustar alguém que já está por um fio. — Não sei o que dizer — confessou, com sinceridade

