O silêncio do quarto ainda pairava sobre ela como fumaça depois de um incêndio. Sofia encarava o teto, os lençóis amarrotados, o perfume dele preso em cada fibra do ar. O corpo dela ainda o lembrava — os toques, as palavras cortadas, a intensidade que nenhum dos dois tinha planejado. Mas agora, sozinha, tudo parecia uma ressaca de algo que não deveria ter acontecido. Respirou fundo, apertando o travesseiro contra o peito. Queria odiá-lo. Queria apagar o gosto dele da boca, o som da voz dele ecoando entre as paredes, o olhar que a desmontava. Mas a raiva não bastava. Sempre que tentava transformá-lo em vilão, lembrava da forma como ele a segurou no meio da confusão, com medo real de perdê-la. Desceu da cama. O chão frio encontrou seus pés descalços e a trouxe de volta à realidade. Precisa

