Fiquei deitada um tempo no quarto, o gosto doce da maçã ainda preso na boca, tentando prolongar aquela sensação de conforto. Mas o silêncio da casa foi quebrado pelos gemidos baixos da minha mãe no sofá e pelo som seco de uma garrafa batendo no chão. Suspirei fundo. Sabia que, se ficasse ali, o cheiro dela, a voz dela, tudo nela, ia me sugar de novo pra baixo. Olhei pro caderno em cima da cadeira, esquecido há semanas. Só de pensar em aula, uma parte de mim quis recusar. O corpo ainda estava fraco, a mente cansada, mas havia algo mais forte me puxando: comida. Aquele prato simples servido no colégio, arroz, feijão, às vezes até um pedaço de frango parecia, naquele momento, a coisa mais preciosa do mundo. Eu precisava disso. Não por vaidade, nem por distração. Precisava porque meu estô

