— Tá melhor? — ele perguntou, depois de alguns minutos. — Tô sim. — Assenti, mastigando devagar. — Dormiu bem? — Mais ou menos... sonhei com coisa estranha. — Estranha como? — Coisa sem sentido. Gente sem rosto, portas que não abriam, uma casa com um berço vazio... — Ele assentiu, e eu fiquei surpresa por ele não rir, nem tirar sarro. — Tua cabeça tá cheia — disse, limpando a boca com o guardanapo. — É normal. Desviei o olhar. Tava cheia mesmo. De coisa que eu não sabia nomear. Depois do almoço, ele pagou a conta sem deixar eu sequer olhar o valor. Quando levantamos, ele jogou o braço no meu ombro de forma natural, me guiando pra fora do restaurante com uma leveza que contrastava com o lugar de onde a gente veio. — Não vou te levar de volta agora não. Quero te mostrar uma coisa.

