Levantei a blusa de novo, me ajeitando na maca. O médico entregou o laudo impresso. Sorri, agradeci, e senti Rafael me puxar pelo braço, guiando até a porta com rapidez, como se quisesse sair logo dali. No corredor, ele estava calado. Silencioso demais. O ar pesado ao redor. — Tá tudo bem? — perguntei. Ele não respondeu de imediato. Só quando chegamos no carro, e fechou a porta com força, é que falou: — Não gostei daquele médico. — Por quê? Ele foi educado. — Educado demais. Olhando demais. Tocando demais. — Rafael, ele só fez o trabalho dele. É exame. — Arregalei os olhos. Ele ligou o carro, o motor roncando alto, como se fosse eco da raiva dele. — Não gosto de homem te tocando. Nem com luva. — Mas... eu não tenho escolha. — Respirei fundo, tentando manter a calma. — É pré-natal,

