O saco já estava quase cheio de novo, pesando no ombro e fazendo meus dedos arderem de tanto segurar a alça áspera. O sol começava a cair, tingindo o céu com um laranja melancólico, e eu só pensava em vender aquelas latas, pegar o dinheiro e comprar pelo menos um pouco de arroz e feijão, e talvez uma fruta pro bebê. Dobrei a esquina mais movimentada do morro, onde sempre havia bares abertos e motos passando. O barulho das conversas, das gargalhadas e da música alta se misturava com o som metálico das minhas latinhas. E foi ali que o coração disparou. Um carro preto grande, o mesmo que já tinha visto outras vezes, estava parado em frente ao bar. Os vapores se espalhavam em volta, rindo, armados, atentos a tudo. E encostado na lateral do carro, com uma calma que fazia todos parecerem peque

