🍎Capítulo 01

2681 Words
Depois de horas, finalmente o meu vôo chegava à Miami, seria minha última escala antes de voltar à São Paulo. Queria eu que essa viagem fosse tranquila, mas como vinha sendo meus últimos dias, não foi. O comandante do vôo já anunciava antes do avião pousar, que em Miami o tempo estava bastante instável e que faríamos um pouso de emergência. Meu coração já batia aceleradamente com esse aviso. Porém procurei manter a calma, para não assustar um garotinho loiro que vinha com sua mãe ao meu lado, desde que embarcamos em Londres. Ao pousar no aeroporto de Miami fomos informados que o estado da Flórida estava em estado de alerta, devido à um tornado que se aproximava do litoral do país. Teríamos que esperar até o mau tempo passar. Essas notícias só me deixaram ainda mais chateado além do que eu já estava. Na minha mente ainda vinham as imagens de Dimitri deitado com a Carly, pelados, na cama aonde por diversas vezes fizemos amor. Essa lembrança fez com que lágrimas descessem pelos meus olhos, enquanto eu já aguardava sentado, em uma poltrona da sala de espera do aeroporto. Procurei uma poltrona afastada das demais pessoas que também esperavam pelo embarque para seus destinos. Ainda com os olhos cheios de lágrimas, escuto uma voz extremamente linda ao meu lado: — Posso me se sentar aqui ao seu lado? Perguntou um homem alto, trajando um terno cinza, com uma camisa social branca e uma calça jeans. Um rosto perfeito. Seu corpo era escultural, percebi mesmo ele estando todo trajado elegantemente naquelas roupas. Por um minuto eu só consegui admirá-lo. E ele ali parado diante de mim, ainda aguardando que eu respondesse sua pergunta. — Ah sim. Claro...claro que pode. Falei ainda saindo do meu transe pessoal. Aquele homem parecia uma miragem. Uma barba rala. Cabelos negros e bem penteados. E seu perfume era inebriante. Depois que recobrei meus sentidos, percebi que mesmo falando em inglês, aquele deus grego que agora sentava-se ao meu lado, tinha um sotaque brasileiro. Percebendo isso, acabei falando com ele em português: — Pode ficar a v*****e. Falei enxugando as lágrimas de meu rosto. — Você é brasileiro? Perguntou ele com um leve sorriso no seu lindo rosto. — Sou sim. E já percebi que você támbem. Respondi tentando esboçar um sorriso, apesar de minha voz ainda meio embargada pelo choro. - Prazer, sou Henrique. Ele estendeu a sua mão direita para mim. Por um instante olhei para sua mão, com alguns pêlos negros. Parecia que tudo naquele homem era feito pra me deixar sem ar. — Sou Bruno. Estou voltando ao Brasil. E você? — Também. Passei uma semana em Miami à trabalho. Agora se esse tempo ajudar, espero voltar pra casa. E você está à passeio? Trabalho? Henrique falava e eu não conseguia mais desviar daqueles olhos castanhos que pareciam me enfeitiçar a cada segundo. Ele também não deixava de mirar nos meus olhos verdes, enquanto fazia suas perguntas. — Estou indo passar um tempo no Brasil. Há sete anos moro em Londres. Você é de que lugar do Brasil? Antes que Henrique me respondesse, uma funcionária da companhia aérea se aproximou de nós pedindo que à acompanhassemos até o escritório da empresa, em um outro andar do aeroporto. Saímos seguindo ela. Percebi que Henrique me olhava disfarçadamente. Eu fazia o mesmo em r*****o a ele. Ao chegarmos no escritório da companhia aérea fomos informados que os vôos daquele dia estariam todos cancelados, até que o tornado que atingia Miami perdesse força. Ficaríamos no mínimo mais um dia em Miami. A atendente que nos deu essa notícia também informou que havia um outro problema, os hotéis à qual a empresa estava alocando os passageiros que esperariam para saírem de Miami, estavam já praticamente esgotados. Havia apenas um quarto em um hotel próximo ao aeroporto, e um de nós teria que aguardar mais umas horas até a companhia aérea conseguir um quarto em outro hotel mais afastado do aeroporto. Tomei um susto quando Henrique sugeriu à atendente que se o quarto tivesse duas camas, poderíamos dividir o mesmo quarto por aquela noite. — Algum problema pra você Bruno? Perguntou ele me tirando dos pensamentos. Eu e aquele homem lindo no mesmo quarto de hotel. Por um instante torci para que o temporal que atingia Miami, não parasse jamais. — Por mim tudo bem. Será apenas uma noite mesmo. Espero que amanhã já possamos voltar aos nossos destinos. Respondi sem muita alegria na voz. Henrique sorriu pra mim, e por um instante senti uma malícia no seu olhar. Pegamos nossa bagagem e fomos num carro da companhia aérea. O hotel ficava bem próximo ao aeroporto. Uns cinco minutos de distância. Só que pela chuva torrencial que caía lá fora, demorou uns vinte minutos até chegarmos ao luxuoso hotel, ao qual eu não imaginava que passaria as melhores horas de minha vida nos últimos anos. Depois que foram preenchidos alguns formulários na recepção do hotel, um funcionário levou nossas bagagens ao nosso quarto, no décimo segundo andar. Eu e Henrique nos dirigimos até o elevador. Ao entrarmos eu e ele apertamos o botão do elevador ao mesmo tempo. E sua mão acabou tocando na minha. Por um instante parecia que o mundo tinha parado. Após uns segundos, sorrimos e subimos em silêncio. Ao entrarmos no quarto nossas malas já estavam lá. O ambiente era extremamente bem aconchegante. Levando em conta que do lado de fora o mundo praticamente parecia acabar diante da tempestade que assolava Miami. No quarto haviam duas camas, que apesar de serem para solteiros, cabia muito bem duas pessoas. Acho que meu inconsciente já pensava nessa ideia. Ao olhar o quarto, não percebi que já estava a sós com Henrique e que ele estava parado me observando. Então sorri pra ele e tentei disfarçar minha distração e nerviosismo. — Você não me falou de que lugar do Brasil é você. — Moro em Brasília. E você está voltando pra que cidade? Ele me perguntou enquanto eu imaginava que o destino estava naquele exato momento trabalhando ao meu favor. — Que coincidência! Também estou indo pra Brasília, mas antes vou passar um dia em São Paulo. Ao ouvir minha resposta Henrique me presenteou com mais um de seus belos sorrisos. — A melhor coincidência que já tive na minha vida. -— Disse ele me deixando com o rosto ruborizado. Para evitar de me entregar pra ele naquele momento e fugir do rumo da conversa, fui até uma de minhas malas para retirar peças de roupas limpas e depois tomar um banho. Precisava tentar amenizar o fogo que aquele homem despertava em mim. Me dirigi ao amplo banheiro que tinha no quarto enquanto Henrique retirava algumas coisas de suas malas. No banho me despi e percebi que estava meio que tremendo por está no mesmo quarto que aquele homem que parecia ter saído de algum filme de Hollywood. Ele já deveria ter percebido que eu era gay, embora eu não fosse afeminado, pelos olhares dele pra mim e sua última frase, percebi que se ele não fosse gay, era no mínimo bissexual. No banho eu tentei acalmar o turbilhão de pensamentos que estava se formando na minha cabeça. Imaginando que logo ali atrás da porta estava um homem que em tão pouco tempo já me provocava os mais intensos desejos. Mas também lembrava que há alguns dias tive uma das maiores decepções de minha vida. A imagem de Dimitri e Carly abraçados na minha cama me veio à tona. Respirei fundo debaixo da água morna que corria sobre o meu corpo e lembrei que estava voltando ao Brasil para resolver um assunto que não envolvia nenhum novo relacionamento. Terminei meu banho e coloquei uma calça de moleton cinza e uma camiseta branca. Embora o temporal que caía em Miami, o barulho da chuva e ventania lá fora se ouvia no quarto, apesar de todas as janelas do hotel estarem lacradas com uma espécie de tapumes de madeira. O quarto tinha aquecedor o que me fez escolher uma roupa comportada para dormir. Também pensei em não me exibir para Henrique. Embora ele já tivesse percebido o nervosismo que me provocava. Antes de sair do banheiro passei um hidratante corporal que sempre uso antes de dormir. Ao abrir a porta do quarto quase que caio para trás. Henrique me esperava próximo a porta. Estava vestindo apenas uma cueca preta. Meu coração acelerou de uma forma alucinante. Ele era extremamente gostoso. Ombros largos. Músculos definidos. O peito peludo. O tão irresistível caminho da felicidade descia e se perdia dentro da sua cueca que era preenchida por um volume sensacional. Se minhas pernas tivessem saído do lugar eu teria desmaiado ali mesmo nos seus pés. Mas eu não conseguia me mover da porta do banheiro. Ele me olhava com aquele sorriso lindo. Eu devia estar com a boca aberta. Só consegui voltar a mim quando ele me tirou do transe que eu estava. — Posso ir tomar meu banho ou você quer voltar comigo lá?(risos) — Des..desculpa. Pode sim. — Ri tentando disfarçar o quanto ele tinha mexido com meus sentidos se exibindo ali quase nu diante de mim. Enquanto ele tava no banho eu fiquei tentando me controlar. Já notava uma certa ereção no meu pênis. Não queria uma noite de s**o com um cara que eu acabara de conhecer a horas atrás. Minha vida já estava bastante complicada. s**o não resolveria meus problemas. Embora tudo naquele homem que estava a poucos metros de mim me excitava de forma assustadora. Henrique não demorou muito no banho. O que não foi bom para que eu tivesse tempo de me recompor da visão maravilhosa que ele me proporcionara. Por um instante comparei o corpo de Dimitri com o dele e percebi o quanto Henrique era mil vezes mais atraente. Me senti um "p**a" por esse tipo de pensamento. Henrique saiu do banho enrolado numa toalha branca. Meu coração pulsava num ritmo acelerado ao imaginar que ele se trocaria na minha frente. Acabei pegando um livro na minha mochila e comecei a folhear sentado na minha cama. Evitei olhar enquanto ele vestia uma cueca branca que o deixou ainda mais sexy. Minha v*****e era de ir até ele e arrancar a cueca com a boca. Henrique veio até próximo a mim. O cheiro dele me deixava inebriado. Ele havia passado um anti transpirante ou uma colônia. Já não conseguia mais pensar em nada. Minhas forças já estavam se esgotando. Eu atacaria aquele homem a qualquer momento. Deixei meus pensamentos de lado quando escuto ele falar: — Enquanto você estava no banho, ligaram da recepção. Teremos que jantar aqui no quarto. Parece que os restaurantes do hotel estão interditados por algum problema devido ao temporal. Os hóspedes estão sendo orientados a ficarem nos quartos. — Por mim tudo bem. Disse tentando disfarçar que o fato de jantar a sós com ele era uma ideia que me agradava muito. Se fora do hotel o temporal não dava trégua para a cidade de Miami, dentro de mim se formava um outro temporal. Eu sabia que não resistiria muito tempo ao charme de Henrique. Enquanto aguardávamos o jantar no nosso quarto, Henrique me encarava de uma forma extremamente sedutora. Eu me pegava alternando olhadas em meu livro e ele. O cabelo ainda molhado, a barba rala, aquele corpo másculo. Ele agora vestia a cueca branca e uma regata cinza. Finalmente o garçom trouxe nosso jantar. Colocou em uma mesa de quatro lugares que havia na suíte. Quando ele saiu, percebi que Henrique lhe deu uma nota de cinquenta dólares de gorjeta. Henrique então fechou a porta. Eu já me levantava da minha cama, quando percebi que Henrique puxava uma cadeira me convidando a sentar. Agradeçi e sorri pra ele. Estávamos ali, ele e eu vestidos com roupas nada convencionais para um jantar romântico. Mas eu já sabia que aquela noite eu também faria parte do jantar de Henrique. Antes de iniciarmos o jantar ele me deu uma taça de vinho branco que ele havia pedido e sugeriu um brinde. — Um brinde a nós. Um temporal cai lá fora e estamos aqui. Eu e você. Ao nosso encontro. — A nós dois. Falei meio emocionado. As palavras dele foram o estopim para meu coração não obedecer mais à minha razão. O destino parecia está colocando na minha vida um homem perfeito. Por um instante lembrei de todas as decepções que passei com Victor, meu primo e o primeiro cara que me apaixonei, o homem que tirou minha virgindade quando eu ainda tinha 17 anos. Lembrei também de Dimitri, o cara com quem passei os dois últimos anos de minha vida, e que me traiu da forma mais sórdida possível. — Um milhão pelo seus pensamentos.— Falou Henrique, me tirando dos meus pensamentos tristes. — Não são tão caros assim. Só bobagem. — Ri brindando mais uma vez com ele. Durante o jantar descobri que Henrique estava deixando Miami, depois de uma semana de trabalho. Me disse que era sócio de uma empresa de exportação, junto com seu melhor amigo. Enquanto ele cortava elegantemente o salmão de seu prato, percebi que ele não usava aliança em nenhuma das mãos. Então, não sei como, fiz uma pergunta que estava em minha mente, mas não pensei que tivesse a ousadia de pronunciar. — Você é casado? Ao ouvir minha pergunta ele não mudou sua expressão serena. — Estou separado. O casamento já acabou há mais de ano. Nós últimos meses eu e ela tivemos a coragem de encarar que não dá mais pra nenhum de nós viver mergulhados na ilusão. A resposta sincera dele me deixou ainda com mais esperança de que rolasse algo entre nós. Uma noite de s**o já bastava a mim. Mas ainda não sabia se ficaríamos apenas trocando olhares e insinuações ou se rolaria algo mais. O jeito másculo dele me fazia duvidar da sua possível bissexualidade. Tive v*****e de questioná-lo. Mas contive minha língua. — E você? É solteiro? A pergunta dele me fez tomar um gole de vinho antes de responder. Ele havia respondido minha pergunta. Tinha que responder a dele também. — Sim. Sai de um relacionamento há poucas semanas. O término meio conturbado. Isso ajudou na minha decisão em deixar Londres para trás. Ele ouvia minha resposta me encarando com aquele olhar penetrante. O restante do jantar não tocamos mais no assunto de relacionamentos. Falamos sobre viagens, o tornado que assolava Miami e outros assuntos. Ele era um homem bastante inteligente. Além de lindo. Tentei não demonstrar a ele o quanto eu o estava desejando. Ao terminar o meu jantar, uma massa leve com um molho branco com ervas, pedi licença a Henrique e falei que ia escovar os meus dentes. Ao levantar da mesa, ele me surpreendeu, ainda sentado e segurando minha mão. Parecia que iria fazer uma declaração. - Obrigado pela companhia e por aceitar dividir o quarto comigo. Disse ele, segurando em minha mão e olhando nos meus olhos. - Obrigado você Henrique. Apesar desse temporal, o dia não foi tão r**m. Falei pra ele, sem saber que o melhor ainda estava por vir. Lentamente soltei sua mão e fui ao banheiro. Após escovar meus dentes, passei um pouco de água no meu rosto na tentativa de acalmar o turbilhão de pensamentos que estava minha cabeça. Respirei fundo ao me olhar no espelho e abri a porta do banheiro. Não consegui dá nem dois passos após a porta do banheiro. Henrique me impedia de passar. Estava parado com um dos braços um pouco levantado e segurando na parede. Por pouco não esbarrei nele. Fiquei sem reação. Tentei pedir a ele pra me deixar passar, mas minha voz não saía. Minha respiração estava ofegante. A dele também. Eu estava a poucos centímetros dele. Sentia o seu perfume inebriante. Nós nos olhávamos um ao outro ali parados. - Desculpa! Eu não aguento mais... Antes que eu questionasse a fala de Henrique, minha boca foi invadida pela boca dele com um beijo que eu desejava, talvez mais do que ele.
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