No final do coquetel, eu me esquivo de Khaled e começo a sair de fininho. Um passo. Outro. Quase livre. — Layla. Eu respiro fundo e me viro. Ele está parado a poucos metros, a multidão começando a se dispersar ao redor, os convidados rindo, brindando, como se o mundo não estivesse em colapso dentro de mim. — Já vai embora? — pergunta, com aquele tom neutro que esconde sempre alguma armadilha emocional. — A festa acabou. Os dançarinos pararam. Os fogos internos também. — Mas eu ainda estou em chamas — diz, sem nenhum pudor de parecer literal. Reviro os olhos, tentando não rir. Nem tremer. Nem desmoronar. — Muito bonito o espetáculo — digo, sem me aproximar. — Palmas para você. Foi convincente. Emoção, tradição, sedução velada. Quase me fez esquecer que sou uma refém de salto alto.

