Alecrim

1802 Words
Às vezes você só quer dormir. Acordar, comer e voltar a dormir. Fingir que sua vida só precisa disso para continuar, sem se importar com mais anda. Só viver na preguiça. Tristan viveu dela por três dias. Quando abriu seus olhos sentiu o cheiro de flores. Ao olhar em volta percebeu as mulheres fazendo buques de flores frescas. O que estava acontecendo? Brumália o cumprimentou com um aceno enquanto pegava as margaridas no monte para juntá-las a ramas de flores silvestres. -Bom dia – Cantarolou Donatília animada – jogando pétalas em cima do jovem confuso, hoje é Dia de Primavera, dia de Perséfone que temos que pedir por clientes e sorte. -Ela é casada com Hades no mínimo poderia trazer guerras, mas ninguém me ouve de qualquer maneira – Falou Calídece recebendo um olhar reprovador da amiga que tacou pétalas na sua cara – mas não me impede de comemorar, é o único dia que a Senhora nos deixa chamar os clientes para dentro. -Afinal é um dia para os amantes – Explicou Brumália para o outro perdido – na verdade é meio o dia de Afrodite também, mas não colocamos de fato para ter o dia só dela, vai que ela fica brava de dividir a comemoração? É um dia especial de qualquer forma. -Falem baixo – Pediu Alethea se cobrindo com a coberta no canto do cômodo e bufando baixo. -Já é quase meio-dia então...? – Exclamou Agatha entrando no cômodo com uma cesta de lírios – temos que preparar os banhos para ficarmos cheirosas. -Para que? A Senhora nunca deixa todas saírem mesmo – Resmungou Alethea tirando as cobertas do rosto e virando na direção de todos – então não tem do porquê eu sair da cama. -Quem disse? – Perguntou a Senhora entrando no cômodo e fazendo a mulher se sentar sorrindo amarelo – hoje Brumália, Trista e Donatília vão ficar na porta, temos que atrair atenção, os amantes de coração partido também precisam se iludir nos braços de belas mulheres. -Eu também? – Perguntou Tristan franzindo o cenho por ter ouvido seu nome de forma estranha, mas ignorando – eu... não... -Sobre isso, comprei novas roupas, estamos em uma nova fase meninas e menino, vou ficar mais rica do que já sou – Contou a Senhora animada vendo a mesma animação nos rostos belos das outras – venham ver. Todas pararam o que estavam fazendo e a seguiram. Alethea pareceu ponderar e decidiu seguir já que sua curiosidade era muito maior que sua preguiça diferente de Tristan que foi arrastado por Brumália. O tablado onde haviam dançado agora tinham tecidos de cores diferentes. Verde. Dourado. Vermelho. Rosa e Azul. Eram tecidos caros apenas por estarem olhando os e ninguém ousava tocar. -Trista usará... – Falou a Senhora escolhendo a cor. -Verde? – Sugeriu Brumália como quem não quer nada – é uma cor muito boa em seu tom de pele, vai se destacar e .... -Será mais fácil fisgá-los para dentro – Interrompeu a Senhora satisfeita – mas ficarei de olho para que ninguém o leve embora. Era o dia, pensou Tristan olhando de soslaio para Brumália que fingia que não era com ela o ocorrido. Tristan se aproximou e tocou o tecido verde esmeralda com as pontas dos dedos e percebeu sua macies. Parecia veludo por causa da sensação de pelos, mas era mais leve e suave, quase uma brisa na pele. Um tecido muito estranho, mas belo. -Vestias verde esmeralda tecidas a ouro – Exclamou Gerusa orgulhosa ao ver a compra –isso é o que uma princesa usaria, mas você meu caro vale mais do que uma princesa, se tudo der certo até o imperador o verá algum dia. -Que honra – Debochou Tristan encarando o tecido e com a mão em cima dele. -Brumália cuide dele – Ordenou a Senhora vendo a concordância da moça ao balançar a cabeça – se preparem teremos muito o que comemorar hoje. Ela se foi rapidamente para se preparar também, mas Tristan queria vomitar. Se o imperador pedisse com toda certeza ela o daria a ele ou pior. Só o pensar o deixou pior. As mulheres se moviam rapidamente pegando os tecidos para vestirem enquanto conversavam animadas sobre o dia. Brumália parou ao seu lado e tocou sua mão com cuidado. Ele a encarou vendo um sorriso cumplice o deixando mais calmo. Precisavam ser rápidos. Concordou levemente e segurou o tecido. Se vestiria em outro lugar. -Eu vou tomar um banho primeiro – Exclamou Tristan para as mulheres que concordaram sem nem olhar para ele. Abraçou a roupa contra o peito e saiu andando. Olhou em volta a procura de qualquer pessoa e como não viu ninguém continuou a andar. Precisava clarear a mente e pensar sobre algumas coisas, entre elas como convencer a Senhora a não ficar no seu pé... A sala de banho era naturalmente escura e fresca. A água com flores frescas. Deixou suas roupas ao lado e só tirou a túnica pela cabeça antes de mergulhar na água. A mesma que já o acalmara o despertava naquele momento. Tinha que se afastar daquilo tudo e encontrar a tal vidente. Será que Epires a visitava? E se quando fosse ele poderia acompanhar? Saiu da piscina e colocou uma espécie de hobby, se é que era um. O fechou como podia e se sentou se no degrau de pedra na piscina e suspirou relaxando ao ter seus pés mergulhados na água morna. O cheiro era diferente, não era o alecrim. Farejou o ar e virou o rosto para a esquerda encontrando olhos azuis sérios. O susto o fez se afastar e por pouco não caiu na piscina novamente. Braços envolveram sua cintura o trazendo para mais perto de um corpo quente. Estava praticamente deitado no chão e a pessoa ao seu lado quase sobre si. -De novo? – Resmungou Tristan tento empurrá-lo, mas falhando miseravelmente – sempre no banho? Não consegue aparecer outra hora...? espera como você está aqui? Não me respondeu da última vez. -Você faz muitas perguntas – Resmungou Epires relaxando o aperto, mas não o soltando de fato – é hoje que Heleno irá salvá-lo então se apresse. -Eu pretendo fazê-lo, mas poderia ir embora? Gostaria de me banhar sozinho – Falou Tristan fechando o robe que havia se aberto mesmo preso na cintura. -Não tenho problema – Disse Epires calmamente inclinando o rosto e analisando as pernas do outro que estavam expostas devido ao tecido que estava se abrindo... Tristan levou a mão até a parte inferior do robe e o fechou virando o corpo para ficar de costas para ele e esconder aquilo tudo. Engoliu em seco quando notou o aperto ficar mais forte e um suspiro em seu pescoço provocando um arrepio delicioso que acariciou suas costas inteiras e continuou a descer. -Mas eu tenho – Retrucou Tristan nervoso – que coisa, é estranho tomar banho sendo que você vive aparecendo. -Se estivesse tomando banho comigo duvido que realmente se lavaria – Comentou Epires sorrindo malicioso. Tristan o encarou chocado prestes a repreendê-lo, mas não estava preparado para o que vira. Os belos olhos azuis sérios agora carregavam um sentimento que mesmo que nunca o houvesse visto de perto ou para si ele soube reconhecer: desejo. Puro e selvagem. Sentiu como uma onda o tivesse tombado quando foi deitado no chão com Epires por cima o encarando. Seu corpo estava paralisado diante daquele olhar minucioso que ele percorria a pele exposta. Epires tocou a mão de Tristan que fechava a parte superior do robe e a afastou sem grandes problemas. O que estava acontecendo? Tristan não sabia e duvidada que soubesse dizer com certeza. Epires tocou com cuidado a pele exposta do peito e passou as pontas dos dedos sobre ela sabendo do arrepio que o seguia em linha reta até o pescoço alheio quando espalmou e apertou devagar até que Tristan segurasse o folego. -Você é lindo – Sussurrou Epires perdido na macies daquela pele. -O que você disse? –Exclamou Tristan surpreso. -Fiquei sabendo que dançou a algumas noites, e que foi magico -Falou Epires descendo a mão para o peito novamente– e que homenageou o Deus das águas. -Elas me mandaram fazer isso – Gaguejou Tristan ao sentiu o joelho do outro começar a subir pela sua perna em direção ao... -Você cheira a alecrim – Murmurou Epires abaixando o rosto em direção a Tristan que o virou por reflexo, mas o outro não se daria por vencido pelo contrário ele pousou um selar singelo bem ali na curvatura do pescoço - tem um cheiro de alecrim que me deixa louco- Murmurou passando o nariz pelo pescoço de Tristan que acaba deixando escapar um suspiro- e deve ter um gosto delicioso - parando agora e passando a língua pelo pescoço dele, subindo pelo maxilar quando ele para- você realmente tem um gosto delicioso-olhando para os lábios de Tristan passa a língua pelos próprios - será que o gosto da sua boca é tão deliciosa quanto o gosto da sua pele ? Acho que terei que descobrir. -Epires...-Começa Tristan amassando a túnica do outro nas mãos quando este aproxima se parando a centímetros da boca do jovem tremulo por pouco para beijá-lo apenas acariciando os lábios de Tristan de leve com a sua quando alguém escancara a porta de madeira do banho fazendo com que Tristan desse um pulo e quase caísse na piscina. Ele agarra o robe praticamente aberto e senta-se com as pernas de lado. A pessoa parou na porta e olhou em volta confusa. Brumália estava com um olhar sugestivo assim como o sorriso. Começou a se aproximar e examinar o outro no chão. -Vim chamá-lo para se trocar corretamente, mas acho que te atrapalhei, não é? Desculpa, sempre chego em momentos errados – Falou Brumália arqueando uma sobrancelha – vou te deixar a sozinho para colar a saia, depois venha, vou arrumar seu cabelo e a tiara para o lenço além de acrescentar... Brumália para de falar e franzi o cenho. Começa a farejar o ar indo em direção a Tristan que se encolhe com a aproximação. Ela o encara ainda mais séria, mas parece decidir alguma coisa já que começa a se afastar em silencio. -Algum problema? – Perguntou Tristan preocupado com a expressão da outra. -Você cheira a maresia – Falou Brumália voltando seu olhar preocupado para o jovem sentado no chão – não é nada, só acho engraçado que tenha o cheiro de um outro homem no corpo a tão pouco tempo, acho engraçado só isso. -Não, eu... – Exclamou Tristan já se levantando, mas voltando a se sentar ao lembrar das suas vestias – não é o que está pensando. -Está tudo bem, quem não gosta de um bom marinheiro? – Brincou Brumália fechando a porta ao passar.
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