Coliseu - Parte 2

1946 Words
-Onde ele está? – Perguntou Epires sentindo o desespero inflar no peito enquanto olhava em volta. Percebendo que Tristan havia desaparecido em menos de 5 minutos Epires começou a transpirar. O último aviso retumbante soou. Era a hora da luta e deveria pegar seus lugares senão perderiam a visão privilegiada. Um frio na espinha o deixou alerta, mas seu pai o arrastou até a os lugares privilegiados para verem as lutas com mais qualidade apenas um pouco abaixo do próprio imperador que bebericava seu vinho e acenou para ambos. -Acalme-se filho – pediu o mais velho apertando sua mão no ombro do mais jovem que se sentou se e acenou para o imperador – ele logo chegará, parece até que não pode viver sem ele. -Pai, eu preciso encontrá-lo – Disse Epires controlando sua respiração – preciso encontrá-lo antes que alguém o machuque. -Ele é forte vai sobreviver – Negou seu pai tentando acalmar o filho que não aprecia acreditar -Você não entende, Tristan consegue se meter em problemas estando parado, literalmente, aprece que atrai problemas que geralmente seriam capazes de matá-lo com facilidade – Contou Epires nervoso encarando a arena que já tinha participantes sendo ovacionados pelo público – geralmente ele... Seu pai que esperava o resto da frase a avaliava as expressões do filho franziu o cenho devido o silencio repentino dele. Seguiu seu olhar e entendeu. No meio da arena. Entre homens altos com machados e espadas havia um jovem. Perto dos outros era magro demais e possivelmente morreria logo... aquele era Tristan? A fixa caiu e sua mão agarrou os ombros do filho que já se levantava. Senão fosse por sua força sobre humana com toda certeza veria Epires saltando para dentro da Arena para salvar seu... servo? Algo lhe dizia aquele olhar que seu filho direcionava ao jovem lá embaixo não era apenas de patrão para empregado, era de amante para... -Bem vindos – Anunciou o Imperador quando silencio caiu como magica sobre todos – hoje em nome de Perséfone e Hades daremos boas vindas as lutas, gastem seu dinheiro nas apostas, mas ganhem mais. As palavras do imperador eram ridiculamente instigantes. Perder uma quantia para ganhar o dobro? Muitos caiam nessa ladainha, virou se para o filho a fim de rir disso, mas Epires não desviava o olhar de Tristan que agora o encarava também. Sentiu o corpo tenso do jovem sob suas mãos e já sabia o efeito. -Não – Falou seu pai em seu ouvido – se fizer terá muito mais problemas. -Ele vai morrer – Murmurou Epires transtornado sentindo seu corpo aquecer pronto para uma batalha. -Ele vai sobreviver, acredite nele – Retrucou seu pai virando se para os participantes e sabendo que logo o problema triplicaria tanto que teriam que usar de meios não convencionais para abafar. Epires tentou relaxar o corpo, mas parecia que não seria obedecido. O olhar dos participantes para com Tristan o deixou pior. Eles olhavam-no com superioridade, ou seja, o pobre rapaz seria atacado por todos, possivelmente, ao mesmo tempo. Merda. Grande de uma merda. Era isso que se resumia sua existência naquele passado. Ele nascera para viver confortavelmente no futuro e não para ser sufocado e jogado dentro de uma arena, pois isso realmente havia ocorrido. Ao acordar no chão e ser jogado para dentro daquele círculo de areia ele soube. Morreria. Havia chegado sua hora. Olhava em volta notando os olhares. Os homens ali eram grandes e carregavam espadas, machados e lanças. Porém como o universo trabalha de modo desonesto um rugido faminto foi ouvido. Até os lutadores mais ferozes tremeram sob o som. Não, por favor, que não sejam... - Leões – Anunciou o Imperador com uma alegria sádica acenando para que os portões fossem abertos e os grandes felinos saíssem rastejando de lá. Grandes e dourados. Com jubas bagunçadas e avermelhadas. Dentes grandes e afiados em uma bocarra gigantesca. Tristan engoliu em seco, todos ali sabiam que era com os leões que deveriam ter medo. Como o instinto falava mais alto Tristan começou a se agachar lentamente ouvindo um rosnado de atenção. Uma espada aos seus pés foi a única coisa que encontrou. Sério? Não poderia ficar um dia sem tentar pegar tétano ou uma doença infecciosa com aquelas armas? Como se tudo estivesse em câmera lenta tudo tornou se o mais puro caos quando um leão que antes estava agachado pulou no mais próximo abocanhando sua cara e o jogando no chão. O som de ossos se quebrando foi o bastante para enjoá-lo. Por desequilíbrio ele foi ao chão salvando seu pescoço de uma espada que veio em sua direção. Rolou na areia áspera e arregalou seus olhos, pois naquele instante um homem com cicatrizes e olhar sanguinário o estava encurralando. Seu coração sairia pela boca antes que o outro tivesse a chance de arrancá-lo com a espada ensanguentada em suas mãos. -Olha eu nem deveria estar aqui – Falou Tristan sabendo que não seria ouvido. Quem ouviria alguém em uma situação como aquela? O homem avançou sem medo levando a plateia à loucura com a ação a sua frente. O menor desviou, mas não o mataria. Pela sua visão periférica viu outro avançando em suas costas. Jogou-se para o lado e viu a espada dele entrar na barriga do primeiro que cambaleou, mas não caiu. Ele tirou a espada da barriga e a empunhou juntamente com a outra decepando o seu agressor para o horror de Tristan que paralisou com a cena absurda a sua frente. Por pouco perdeu o pescoço senão fosse por um leão que mordeu o braço do com o machucado na barriga, mas uma facada no animal e ele caiu morto. Sua raiva cresceu sob o medo. Ainda segurando a espada Tristan encarou o último. As lâminas batiam com força e o som provocado pelo impacto era eletrizante. Saber que a qualquer momento um deles morreria era excitante. A adrenalina corria frenética por suas veias. Foi quando viu uma pedra na arena. Por que dela estar ali? Ninguém sabe e ninguém se importa. Ele correu e pegou impulso ao pular nela e se jogar sobre o opositor. A lâmina atravessou o escudo e o opositor caiu no chão mostrando que a espada atravessou não só o escudo como também seu peito. O sangue escorria de sua barriga e do peito. Seus olhos perderam o brilho como uma vela que foi assoprada. Os aplausos trouxeram Tristan para a realidade. O choque bateu e o fez levar a mãos a boca, mas o sangue nela manchou seu rosto. Virou se para a plateia que jogava flores. As lagrimas encheram seus olhos, mas mãos o arrastaram para longe da “gloria” ele foi jogado em uma cela onde se encolheu em um canto ainda manchado de sangue. O que ele havia feito? O que foi capaz de fazer? No que estava se transformando? As perguntas eram feitas pela sua consciência que lhe batiam na cara com força exigindo uma explicação para um ato tão desumano e primitivo. Tão violento que sua própria mente se enojava dele. As mãos estavam vermelhas do sangue seco que limpara na roupa. As lagrimas ameaçavam sair, mas como punição, apenas ardiam em seus olhos sem permissão para escorrerem e darem um alívio. -Abram – Ordenou uma voz firme e familiar quando a porta foi aberta – saia, quero falar com ele a sós. Epires entrou na cela e se agachou diante de Tristan que tremia. Nunca havia realmente matado alguém e aquilo o fazia se odiar. Com cuidado pegou as mãos do outro encolhido no chão e as limpou com um pano em água ao lado. -O primeiro é sempre o mais difícil – Murmurou Epires recebendo um olhar enjoado do outro. -O primeiro? Eu matei alguém porque eu quis! Isso me faz um monstro, eu no... Começo nem conseguia matar uma barata, mas agora eu simplesmente atravessei alguém com uma espada – Choramingou Tristan sendo levantando-se por Epires que o segurou nos braços sem se importar com o sangue e suor do outro – eu não deveria ter feito aquilo... -Escute bem, você matou alguém? Que seja, no mundo de hoje matar alguém em um Coliseu é uma honra dada pelo Imperador, então senão quiser ser punido abaixe a cabeça, não chore você é um homem – Avisou Epires impaciente vendo o olhar amedrontado do outro quando o prensou contra a parede – você tem que lembrar disso, o que fez foi o certo, senão morreria e ninguém ligaria para isso. Por ser a hora errada Epires notou como Tristan tinha olhos lindos, mas isso ele já sabia apenas era um fato que custava para esquecer. Olhando o tão de perto. Os olhos com lagrimas, tristes e implorando por ajuda. O lábio inferior ferido tremendo. A respiração falha. Tudo culminou em algo dentro de si. Foi lento, mas aconteceu. O beijo ocorreu com uma lentidão curiosa como se estivesse indeciso se iria para frente ou recuaria. Como Tristan estava prensado contra a parede não conseguia recuar e não queria. Sentiu as mãos de Epires agarrando sua cintura com força enquanto sua boca aprofundava o beijo proibido de ser visto. -Trista... – Os sussurros flutuavam como borboletas tímidas enquanto os amantes se agarravam contra a parede – você é meu. A temperatura subiu e as mãos de Epires também. Suas mãos seguravam os pulsos alheios sob a cabeça. Soltou uma das mãos e a levou ao rosto de Tristan que se contorcia. Tristan não sabia o que era beijar alguém, nunca pensou sobre já que nunca lhe deu vontade de tentar, mas agora recebia aquele beijo de braços abertos, mas quando Epires pediu passagem para sua língua ele pareceu acordar. O medo do primeiro beijo. Era comum, não é? A língua inofensiva de Epires invadiu sua boca lentamente saboreando a com cuidado quando de repente começou a se mover mais força. Era gostoso. Seu corpo aceitava aquilo como certo e correspondia instintivamente aos estímulos. A mão de Epires soltou os braços do outro e apertaram sua cintura. Tristan não controlava seu próprio corpo que por vontade virou o rosto. Para Tristan poderia ter significado algo que nem mesmo ele saberia dizer, porém Epires entendeu que o outro desejava que seu pescoço recebesse mais atenção e foi o que ocorreu. Sua boca acariciou o pescoço alheio e o arrepio que o corpo teve deu mais coragem para pressionar a boca no local e sugar. Mordiscava e beijava. Tristan sentia as pernas moles então agarrou os ombros do outro que parecia querer tudo ao mesmo tempo em que o abraçava e não se afastava. A pele que ele queria beijar estava levemente salgada, mas não o impediria de degustá-la do jeito certo. O aroma de alecrim era suave em contraste com o ferroso do sangue e por isso ele começou a se afastar. Subiu o rosto para os lábios inchados de Tristan que abriu os olhos ainda perdidos e piscou para tentar clarear as ideias bagunçadas. A fixa caiu enquanto ambos ainda estavam pressionados. O que ele havia feito? O que ele havia deixado Epires fazer? Havia correspondido... Epires parecia prestes a dizer alguma coisa quando seu pai entrou na cela avaliando a cena. -Epires vamos embora – Avisou seu pai já dando meia volta quando parou – antes que alguém pergunte. Epires concordou ainda em silencio. Estava atordoado pelo que estava fazendo a pouco. Tristan por outro lado só faltava desmaiar de surpresa e choque fazendo o passar por si quase correndo. Epires passou a língua na boca inchada e sorriu antes de sair dali. Sua satisfação era tão grande que o faria saltitar se soubesse tal ação.

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