Capítulo 2

1454 Words
                                                                         Abigail Heart Chorando como uma criança, saio tropeçando em meus próprios pés. Imagens de todos os nossos momentos juntos passam como um filme em minha mente. Eu o amei tanto, dei tudo de mim e ele me apunhalou pelas costas. Continuo a andar ignorando os olhares de pena, reprovação e até estranheza de alguns transeuntes. Respiro profundamente limpando minhas lágrimas com o dorso da minha mão. Meus pés já doem, em um claro sinal que andei demais em cima de um salto médio. Vejo um banco logo à frente e me jogo sobre ele, sorrindo do meu estado deplorável. — Respira Abby, não tem como piorar. — Sussurro, olhando para o céu. De repente pingos de chuva começam a cair intensamente, um verdadeiro temporal despenca sobre mim. Não consigo controlar meu choro, que assim como a chuva, parece não ter hora para cessar. Levo minhas mãos para minha face, me escondendo, até ouvir uma voz sussurrar do meu lado. — Ei, está tudo bem? — Encaro um homem de terno preto bem alinhado, com um guarda-chuva em uma das mãos. Ele o coloca sobre mim, protegendo-me contra a chuva torrencial. — Eu… não sei — Sussurro em meio as minhas lágrimas. Seus olhos azuis me encaram e ele solta um pequeno sorriso. — Olha, Se quiser, posso te levar para casa, meu carro está logo ali. — Aponta para um Audi vermelho. Nego, balançando a cabeça. Ele se ajoelha e toca minha mão levemente. — Eu poderia simplesmente virar as costas e deixar você aqui, embaixo dessa chuva, podendo pegar uma pneumonia. Mas não consigo. Eu quero levá-la em segurança, e deixá-la em sua casa ou onde preferir. Só não quero que fique aqui. Sorri e algo em seu sorriso me traz uma certa tranquilidade. Mas não posso esquecer que, quem vê cara, não vê  coração. Tem muito lobo m*l vestido de cordeiro por aí, pronto para atacar. — Obrigada, mas eu não posso aceitar sua carona. Eu não o conheço. Quem garante que não é uma pessoa má que quer se aproveitar de mim? — Indago de braços cruzados. Ele suspira e balança a cabeça concordando. — Você está certa. Não tem motivos para confiar em um estranho, que está preocupado com sua saúde. Se quiser pode tirar fotos de mim, do meu carro, da placa dele e enviar para alguém se isso te deixar mais tranquila. Eu realmente só quero ajudar você… Me encara. — Abigail.— Sussurro. — Eu sou Theodoro, ou Theo, como preferir— Responde com um sorriso, exibindo a fileira de dentes brancos, bem alinhados, estendendo sua mão direita. A pego apertando suavemente. — É um prazer, conhecer você, Abby. — Diz, calmamente.  — Agora vem, te levarei para sua casa. Theodoro me guia até o seu carro abrindo a porta para eu entrar. — Estou encharcada. — Sussurro, envergonhada. Ele balança a cabeça. — Entre Abigail, e não se preocupe com isso. — Responde, não poupando sorrisos. Puxo uma longa respiração entrando em seu carro. Espero não me arrepender. Theodoro dá a volta no carro e entra logo em seguida, colocando seu cinto de segurança. Faço o mesmo, minhas mãos trêmulas com um extremo nervosismo. — Então, Abigail, quer me contar o que houve para se arriscar assim embaixo de uma chuva? — Suspiro, sentindo seu olhar sobre mim.  Não quero que ninguém saiba da minha situação humilhante, mas Theo tem um dom e quando menos percebo estou relatando tudo. — Eu sinto muito Abby — Ele olha para mim, de soslaio. — Pense que você se livrou de um b****a, que teve a dádiva de descobrir como ele é antes de vocês se casarem. Assinto. — É, você tem razão. Suspiro. Theo se inclina e pega um  cartão de visitas de uma empresa, e estende em minha direção. — Tome, essa empresa está precisando de alguém como você. Passe lá amanhã.Garanto que não irá se arrepender. Eu trabalho lá, posso deixar uma entrevista agendada para você, o que acha?  Solto um pequeno sorriso. — Vire a página, Abby. O emprego será seu primeiro passo. Me viro em sua direção com um sorriso empolgado nos lábios. — Você é um anjo, Theo. Eu não sei como agradecer. Ele estaciona o carro em frente ao meu apartamento e sorri sem jeito. — Não precisa me agradecer. Basta fazer o que te falei. Você merece recomeçar, Abigail. Me despeço de Theodoro prometendo ir à empresa amanhã bem cedo. Chegando em meu apartamento, tremendo de frio dos pés a cabeça, respiro fundo receosa em encontrar aquele traidor,  mas para a minha alegria, ele não está. O que me faz ganhar tempo o suficiente para tirar todas as suas coisas do meu guarda-roupas. Coloco tudo que ele tem em algumas malas e sacos de lixo. Em seguida ligo para o porteiro e peço para ele buscar e deixar na portaria, e em hipótese alguma, deixar Henrique subir. Eu não quero vê-lo, a partir de hoje é como se ele nunca tivesse existido em minha vida. Na manhã seguinte pego um táxi, já que fiz a besteira de deixar o meu carro no meu antigo trabalho. Faço uma nota mental para buscá-lo em um horário que eu tenha certeza que nem Henrique e nem aquela, biscate estejam lá. O táxi estacionou em frente a um enorme prédio, todo espelhado com um letreiro bastante chamativo. “Empresas Scott”. Ao passar por uma porta de vidro, no hall da recepção, uma senhora de cabelos castanhos me aguardava com um sorriso. — Posso ajudá-la? — Pergunta, solicita. Balanço a cabeça concordando. — Estou aqui para uma entrevista de emprego.  Ela pende a cabeça me analisando. — Senhorita Abigail Heart? Arregalo os olhos, assentindo. — Vamos, o senhor Scott já aguarda para entrevista. Engulo em seco e sinto meu coração acelerar no peito. — Acalme-se. Ele é muito gentil, se sairá bem, não se preocupe. — Murmura, com um sorriso tranquilizador. Respiro fundo, seguindo-a até o elevador. Ela aperta alguns botões no painel e se vira em minha direção. — Eu sou Kelly, é um prazer conhecê-la senhorita Abigail. Entre, já estão à sua espera.  Solto um sorriso nervoso e agradeço por sua atenção. Quando o elevador para e as portas se abrem, uma ruiva já me aguardava em outra recepção.  Seus cabelos cacheados em um tom vermelho vívido, elegante, e muito bonita. — Olá, senhorita Abigail, o senhor Scott já está à sua espera, vamos? Aponta para uma enorme sala, com uma porta dourada. Observo as iniciais T e S gravadas nela. A ruiva abre a porta e sussurra um, “boa sorte.” Respiro fundo, batendo levemente na madeira da porta. A sala com uma iluminação fraca, não permite visualizar a pessoa sentada na cadeira, que se encontra posicionada de frente para a sua janela. — Com licença, senhor Scott. Eu sou Abigail Heart, estou aqui para uma entrevista. — Sussurro, atraindo sua atenção. Arregalo os olhos quando a figura imponente com um riso divertido nos lábios se vira em minha direção. — Você? — Consigo dizer. — Como vai Abigail? Espero que esteja pronta para começar. Sente-se. — Aponta para a cadeira à sua frente com um sorriso. — Desculpe pela surpresa. A verdade é que seria meu irmão a lhe entrevistar, você trabalhará para ele, mas infelizmente, ele teve um pequeno imprevisto e aqui estou eu! — Abre os braços, sorrindo. Estou completamente chocada. — Nossa, eu… não sei o que falar. — Solto com um suspiro. — Respira, Abby. Fale-me de você e dos seus objetivos profissionais. Foque no que veio fazer aqui, ser entrevistada.  Concordo balançando a cabeça. — Se isso te deixar confortável, faremos o seguinte: estamos nos conhecendo nesse exato momento. — Theodoro Scott, vice-presidente das empresas Scott — Estende a mão, e apego corando completamente. Seus olhos azuis me estudando com uma certa satisfação. — Abigail Heart. É um prazer conhecê-lo, senhor Scott. Ele arqueia uma sobrancelha, se recostando sobre sua cadeira. — Então, senhorita Abigail, me conte sobre seus sonhos. E após alguns minutos de entrevista, Theodoro declara que já é o suficiente. Ele semicerra seus lindos olhos azuis e sua expressão impassível me assusta. Será que falei algo errado? — Bem-vinda, Abigail! A vaga é sua. — Murmura, estendendo-me sua mão. Solto uma risada nervosa, e retribuo o seu toque. — Nossa! — Obrigada, senhor Scott. — Digo, sinceramente. Ele balança a cabeça e aperta minha mão suavemente. — Não me agradeça ainda. Você trabalhará para meu irmão, o grande CEO da empresa. Digamos, que ele não tem uma personalidade tão amável quanto a minha. Sinto um arrepio  gelado na espinha. Espero que não seja mandada embora no primeiro dia, pelo grande CEO.
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