Capítulo 1

1573 Words
-Tudo bem mãe. - falei saindo do carro e olhei para meu irmão que estava do meu lado, com minhas bolsas e então novamente para ela e meu pai - Podem ir tranquilos! Não sou mais uma criança. Assim que falei isso, fiz uma careta. Para eles, sei que não irá importar minha idade, sempre serei a filhinha deles. Ter pais corujas é difícil. -Vá para faculdade. Não fique de bobeira! - minha mãe falou mais uma vez e eu me segurei para não revirar os olhos - Tome cuidado! Cuide dela Natanael! -TCHAU PARA OS DOIS! - falei frustrada e eles suspiraram, mas meu pai se inclinou na direção da janela, sobre minha mãe e sorriu triste - Vocês vão viajar pelo mundo praticamente! Planejaram essa viajem desde jovens! Não fiquem tristes! Será no máximo dois anos. Nós ainda podemos nos falar por telefone e videoconferência. Se não forem agora vão adiar novamente depois. -Tudo bem querida. - ele falou e respirou fundo, como se estivesse tomando coragem, o que quase me fez revirar os olhos - Tchau para os dois. -Voltamos logo! - minha mãe gritou quando meu pai saiu com o carro. -Espero que não! - gritei de volta e ouço o fraco riso do meu pai que sumia junto com a visão do carro. Olhei para meu irmão que segurava o riso. Eu já sabia o que se passava pela sua cabeça. A queridinha dos papais, com o malandro gênio da família. Problemas. -Quieto. - bufei e ele negou rindo - Vai mostrar meu quarto? -Vem coisa chata. - segurando minhas três bolsas, ele riu novamente e entrou na casa. Eu admirei mais uma vez de fora, pois nunca vim para casa dele. Meio que assim... Nunca mesmo. Ele comprou já faz dois anos, mas nós apenas nos reunimos na casa dos meus pais e agora eu finalmente vou conhecer a casa dele, o que sempre me matou de curiosidade. Ela por fora era um amarelo suave, com janelas brancas e transparentes, a porta dupla da entrada era branca com maçanetas douradas e detalhes pratas. A casa de dois andares era larga, grande e eu diria que seria uma pequena mansão. -Vem logo! - olhei para a porta aberta e corri para meu irmão. Subi a pequena varanda branca que circulava a frente da casa e o segui. -Então... Onde vou ficar? - perguntei e ele me olhou sobre o ombro enquanto subia as escadas, mas rapidamente voltou atenção para frente. -Te coloquei no quarto mais isolado da casa, a pedido da mamãe. - ele disse - Como aqui tem várias festas, a maioria dos quartos são a prova de som, mas mamãe ainda quis ter certeza de que você estaria confortável e segura... Das minhas bagunças e festas que eu prometi maneirar. -Você não é médico? Como tem tempo para festas? - perguntei incrédula. -Eu nunca festejava na época em que estudava. - ele deu os ombros e sorriu - Comecei apenas agora que estou já com tempo pra descanso. Não sou eu exatamente que organizo as festas. -Se não é você, quem é? - perguntei ainda desconfiada - Você é um neurocirurgião. Como tem tempo pra tudo? -Eu disponibilizo aqui para fazerem festas e eu curto quando posso. Aproveito que aqui é tudo a prova de som, então não tem problema. - ele disse e suspirou - Mas não é fácil. É cansativo. Não faço mais faculdade, mas nunca paro. E às vezes quando está tendo festa aqui, eu nem estou ou acabo dormindo no quarto mesmo. Quem fica normalmente, é meu sócio. Acho que vou parar de dar essas festas, agora que você está aqui. -Sei. - falei rindo e ele me olhou com cumplicidade. -Na verdade quando ele dá festa é mais uma socialização dos conhecidos dele e que todos ajudam, pois bancar festas não seria nada barato. - Natanael explicou e eu assenti, sem realmente me importar. Fomos para o segundo andar e passamos reto por um corredor cheio de portas, então viramos para outro corredor. Ele abriu uma porta e jogou minhas coisas na cama de solteiro que estava embaixo de uma das janelas do quarto. Olhei pela janela e vi que dava para o jardim lateral da casa e então voltei para meu irmão. -As janelas são a prova de som, assim como as paredes, então não se preocupe. - ele disse sorrindo - Só trancar a porta quando tiver festa. -Você é mesmo um neurocirurgião? -Estando na faculdade desde meus dezessete anos, com diversos cursos e especializações... - ele sorriu divertido - Segundo meus diplomas, sim. Nessa época m*l tive tempo pra respirar e agora, gosto de curtir às vezes. Só bebo, converso, fico com algumas mulheres... Mas e você? Termina a faculdade quando? -Esse ano. - falei sorrindo - Exatos três meses. -Os pais vão perder sua apresentação de TCC? - ele perguntou e eu neguei. -Já apresentei na verdade. - falei e ele fez uma careta. -Não fui convidado?! - perguntou incrédulo e eu percebi que realmente o chateou. -Desculpa. - falei e fiz uma careta - Foi uma apresentação fechada, para um grupo de pessoas do exterior, por isso meus tutores adiantaram... E você estava fora do país, fazendo uma cirurgia. Eu nunca ia pedir pra você sair de uma cirurgia pelo meu TCC. Eu sei que você poderia muito bem adiar a cirurgia só pra vir, se ela não fosse urgente. Ele suspirou e assentiu. -Justo. - ele disse e então sorriu - Qual foi tema? -Crianças shifters que tem problema nas transformações. - falei sorrindo - Como tratar e cuidar nessas horas. Tive que fazer muita pesquisa e entrevistas... Não foi fácil, mas o resultado valeu a pena. Lembrei dos meus estudos recentes. Shifters são basicamente pessoas que mudam de formas para animais e algumas, quando são crianças que se transformam precocemente podem ter problemas. Como por exemplo, seu temperamento, ou com seus amigos e até mesmo perdem a concentração durante as aulas se seus animais tomam controle. -Vai trabalhar na área? - ele perguntou e eu fiz uma careta. Olhei pelo grande quarto dourado, pensando. Voltei meu olhar para ele e mordi o lábio, indecisa. -Não sei. Amo as crianças. - falei sentando-me na cama, mas sem desviar o olhar do seu verde escuro que eu amo - Mas queria um tempo. Estou trabalhando com elas já, mas queria tirar umas férias. -Você nem começou. - ele fez uma careta. -No segundo ano da faculdade eu era assistente da escola em que trabalho hoje em dia, na parte da tarde. - falei fazendo careta - Não sei se vou renovar o contrato... Você vai me dar um tour pela casa ou não? O motivo de querer férias era de longe culpa das crianças que eu cuidava e amava. Gemi ao me lembrar disso e balancei a cabeça. Idiotas como ele terão em qualquer lugar. Depois de vinte minutos, estávamos na cozinha e eu suspirei. A casa era gigante. Muito. Muito mesmo. -Hoje você vai dar uma festa? - perguntei e ele sorriu, mas não falou nada - Só olhando para a geladeira já dá pra perceber, sem falar da geladeira que fica do lado de fora na parte coberta onde tem a churrasqueira. -Se quiser pode participar. - ele sorriu - Vou ligar o aquecedor da piscina. -Achei que você estava muito velho para isso. - falei e ele me encarou incrédulo. -Eu pareço velho? - ele perguntou e eu o analisei de cima a baixo. Seu cabelo n***o estava despenteado, mas não tinha muitos fios brancos, apenas uns alguns charmes, mas sabia que era de estres e não da idade. Suas marcas de expressões no rosto eram quase nulas se não fosse na lateral do olho, que mostrava como ele ria bastante. Ele era alto, a postura forte, sua pele clara era suave. -Não parece nem um pouco velho, mas você já tem vinte e oito anos, então está perto de ficar idoso! - falei brincando dando os ombros, sem me importar realmente - Vou me arrumar. -E você já está com vinte e três, está chegando a velhice também. - ele riu, e eu bufei. -Estou na melhor idade, querido. - brinquei, jogando o cabelo pra trás, acertando seu rosto. Ele riu e eu fui para o meu quarto, onde eu apenas tirei minhas roupas. Peguei um maiô preto com as costas abertas e com um profundo decote. Eu não gostava de usar biquíni, por causa dos quilos extras que tinha, mas sempre tento usar algo que me valoriza. Logo peguei um vestido de praia que me escondia, sem aguentar. Insegurança i****a que tenho, mas ninguém é perfeito. Fui para o banheiro, meu cabelo preto estava uma bagunça, mas logo puxei em um r**o de cavalo. Quando olhei nos meus olhos azuis, que diferente do meu irmão que eram verdes, eu os vi brilhar de nervosismo. -É só uma festa Valentina. - falei pra mim mesma - Apenas uma festa. Suspirei e olhei o sol da tarde que iria se pôr e sabia que logo a festa iria começar. Voltei para o quarto e me sentei na cama, já olhando as mensagens e falando com minhas amigas. Com a porta aberta do meu quarto aberta, ouço a campainha em baixo tocar e eu engoli em seco. A festa começou. ~~~~~~~~~~~~~~~~~~ Seja meu padrinho e me ajude a continuar a publicar minhas histórias! https://www.padrim.com.br/vewinkg  
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