Parker
Ele queria sair dali e sacudir aquela Belladonna até cansar, exigir que ela gritasse e se enfurecesse com ele, fizesse um escândalo. Destruir móveis ou jogar coisas pelo saguão para todos verem, jogá-las nele mesmo; por causa da perda da posição dela aqui dentro da sua alcateia, como sua Companheira e Luna.
Porque parecia, de onde ele estava, que Belladonna estava prestes a sair desta alcateia tão silenciosamente quanto chegou. Nem sequer tinha pensado em lutar ou discutir com ele sobre isso. Não, ela simplesmente emitiu sua rejeição, o fez aceitar e agora estava partindo sem nem mesmo um adeus.
Uma parte dele sabia que ela estava seguindo à risca a aliança de acasalamento deles. Estava especificado que ela tinha que partir silenciosamente e de livre vontade, mas ele não queria que ela fizesse isso. Ele viu Shannon fechar a porta às suas costas em retirada, ela se afastou do seu escritório como em qualquer outra vez que tinha saído. Shannon suspirou enquanto se virava e olhava para Parker.
— O que você sentiu dela; o que ela está sentindo, Shannon? — Perguntou-lhe Parker. Estava claro para ele que seu Gamma, o Gamma dela, a compreendia mesmo agora. Por isso, ele balançou levemente a cabeça e pareceu um pouco desapontado no momento.
— Nada demais. Dor pela ruptura, o que era de se esperar. — Shannon deu de ombros.
Até Parker viu a dor dela ao expressar aquela rejeição, e ele sabia que aquilo a feriu tanto quanto a ele. Aquilo ardia como se sua pele estivesse realmente em chamas, quando aquela filigrana que ela lhe tinha adornado com sua marcação nele, se removeu do seu pescoço.
— Depois houve alívio, quando ela se levantou do chão. Não tenho certeza se foi porque a dor finalmente começava a deixá-la ou se ela estava feliz por ter sido rejeitada. — Shannon suspirou. — Isso até me confundiu um pouco. Pode ter sido um pouco de ambos, ainda havia dor também, e isso me distraiu, desculpe.
Poderia ter sido ambos, supôs, mas estava esperando que fosse apenas alívio, de que a dor de sua ligação ter sido rompida a estivesse deixando. Não gostava muito da ideia de ela estar aliviada por terem terminado. Embora estivesse bem claro para ele, que ela tinha entrado em seu escritório sem problemas sobre aquela rejeição, sabia que estava por vir e, como ele não disse imediatamente, ela fez isso, o rejeitou em apenas um minuto; então quem diabos sabia a razão daquele alívio?
— Depois houve tristeza por deixar a alcateia, mas…
— Mas? — Parker interrompeu. Se ela estivesse triste por terem terminado, mesmo que só um pouquinho, ele iria lá buscá-la de volta para aquela sala. Ele encontraria um jeito de convencê-la a ficar, a tentarem resolver as coisas, e voltarem juntos, ele sabia. Enviaria Carina para casa hoje, agora mesmo, se Belladonna quisesse ficar aqui com ele e ser sua Luna.
Shannon olhou para ele e balançou a cabeça. — Isso não tem a ver contigo, Parker, me desculpe… ela gosta de estar aqui dentro da alcateia, está triste por ter que partir, é só isso. Acha que este é um bom lugar para viver. Sempre pensou isso, melhor do que a casa dela.
— Então, ela me odeia, em outras palavras. — Murmurou ele. — Pelo modo como fomos acasalados um ao outro.
— Não é ódio, Parker. — Shannon balançou a cabeça. — É indiferença em relação a você, é só isso. E, sim, decorre de como vocês dois foram ligados um ao outro. Aquela aliança de acasalamento em que ela não teve voz ativa. — Shannon assentiu.
Não foi a primeira vez que ele ouviu isso. — Certo. — Murmurou.
Então, não havia razão para correr atrás dela, ela não iria voltar voluntariamente para ele, não importava o que ele dissesse a ela, não importava se ele fosse atrás dela, a agarrasse e dissesse que queria que ela ficasse, ela não iria, era isso que Shannon estava lhe dizendo de modo indireto.
Parker foi para a sala de jantar, para sentar-se à mesa onde Axel estava observando Carina. — Ela tentou duas vezes levantar-se e ir até seu escritório. Não gostou de eu a impedir.
Ele franziu a testa. — Você teve que impedi-la à força? — Murmurou Parker.
— Uma mão no braço dela cada vez e disse-lhe para sentar. Na segunda vez, eu avisei que você estaria aqui quando as coisas se acertassem com Bella.
— E?
— Ela afastou minha mão do braço e me disse para não tocá-la. Já que ela é a Luna.
Parker franziu a testa com isso e voltou os olhos para Carina. Ela não era a Luna, ele não a havia Reivindicado ou Marcado e Acasalado com ela; ela não deveria jogar essa palavra por aí. Ele também não havia anunciado a partida de Belladonna ainda, ou que haviam se rejeitado um ao outro.
Ele olhava para sua Companheira dada pela Deusa, não mais do que três metros dele, e naquele momento, não sentia vontade de Marcar e Acasalar com ela, mesmo se Belladonna tivesse dito para ele fazê-lo. Ainda estava sofrendo por ser separado de Belladonna.
Vex tinha se recolhido para o fundo de sua mente, infeliz e em dor ele mesmo. Ele talvez nunca pudesse acasalar com Freya, mas teve Belladonna. Era algo que ambos tinham apreciado fazer nos últimos oito anos; agora isso não existia mais.
A nova Companheira deles, dada pela Deusa até, não se parecia em nada com Belladonna, não se vestia como ela ou falava tão suavemente quanto ela, suas palavras eram cortadas e irritadas, ela mostrava toda sua impaciência com o que ele havia explicado corretamente, e o que precisava acontecer com sua atual Luna. Seus olhos o olharam com raiva e irritação mais nos dois dias em que a conhecia, do que Belladonna tinha feito nos últimos oito anos.
Essas duas mulheres não tinham nada em comum. Os olhos de Carina se moveram diretamente para seu pescoço. — Finalmente, você se livrou dela. — Ela resmungou.
Ele olhou para o relógio; já haviam se passado nove minutos desde que tinha entrado em seu escritório, e isso era tempo demais para essa garota, para ele terminar um vínculo de companheiros de oito anos. Ele não achava que era tempo demais, na verdade, achava que era um tempo curto demais, para algo que ele não queria encerrar de jeito nenhum.
Mas aquilo tinha sido obra de Belladonna, m*l tinha se passado um minuto antes dela emitir aquela rejeição. Três minutos para ela se levantar do chão e cinco minutos para ele precisar de uma distração de sua própria dor, e sair para cá.
Ele poderia muito bem ter levado um dia inteiro para decidir, ou simplesmente não ter decidido aceitar de todo. Ela não podia deixar essa alcateia até que fosse aceito, e a ligação entre eles acabasse oficialmente. Ele só tinha pronunciado as palavras de aceitação, porque ela havia dito que estava a machucando, e não apenas ele podia ver que realmente estava, também não queria vê-la naquela dor toda.
Caso contrário, provavelmente não teria pronunciado imediatamente, teria refletido sobre isso pelo restante do dia, talvez até o dia todo seguinte, para ver se ela iria discutir com ele sobre isso. Ele realmente queria brigar com ela sobre apenas uma coisa, gritar e esbravejar um com o outro como um casal de verdade fazia.
Ou ela não tinha isso dentro dela, ou simplesmente não se importava em discutir com ele, nem mesmo sobre isso; ele escolhendo outra pessoa para ocupar o lugar dela como sua Luna.
— Quando você vai me anunciar? — Carina interrompeu seus pensamentos. — Você deveria fazer isso imediatamente, para que a alcateia saiba quem sou eu. — Ela lhe disse.
— Depois que Belladonna tiver partido da alcateia. Já te expliquei isso, minha aliança de acasalamento com Belladonna e as regras em torno dela e eu nos rejeitarmos.
— Eu não me importo com essas regras, e você a rejeitou, agora eu sou a sua prioridade. Ou deveria ser. — Ela estava o encarando expectante.