Vitor Narrando
Saí da casa da Helena como se estivesse fugindo de um incêndio.
Minhas pernas tremiam, mas não de fraqueza — de uma adrenalina pura e selvagem que fazia meus músculos pularem sob a pele. O coração batia tão forte no meu peito que eu tinha certeza que ela ainda podia ouvir, mesmo com o muro entre a gente. A cabeça era um turbilhão. A madeira quebrando, o cheiro dela tão perto, o calor do corpo dela sob o meu, o pânico, a vergonha… e depois aquilo. A mão dela. O toque. Deliberado. Calmo. Conhecedor.
Eu nunca tinha sentido nada assim. Nenhuma garota da minha idade tinha jamais me olhado daquele jeito — com um poder tão absoluto, uma confiança que transformava minha reação física, que deveria ser constrangedora, em algo… excitante. Perigoso. Ela estava excitada. Eu vi nos olhos dela. Não era amor, nem paixão adolescente. Era desejo puro. E ela não tinha medo de mostrar.
Passei pelo portão lateral como um fantasma, a mão trêmula quase não conseguindo segurar o controle. Entrei em casa. A sala estava silenciosa, meus pais já deviam estar no quarto. Subi as escadas correndo, dois degraus por vez, como se os demônios — ou anjos, não sabia mais — estivessem atrás de mim.
Entrei no meu quarto e trancei a porta. Encostei as costas na madeira, ofegante. A bermuda ainda estava tensa, desconfortável. O volume era uma acusação, uma prova física do que tinha acontecido. “Pense… se você é corajoso o suficiente para vir buscar seu presente de aniversário à meia-noite…”
Meia-noite. Era meu aniversário. Eu ficaria oficialmente adulto. E ela… ela me oferecia aquilo como presente.
Tirei a bermuda num movimento brusco, quase rasgando o tecido. Fiquei pelado no meio do quarto, olhando para o meu corpo no espelho do armário. Os músculos definidos, o peito que eu tanto malhei, o abdômen trincado. E abaixo, a evidência inegável, latejante, da confusão que ela tinha causado. Eu parecia um animal encurralado pela própria excitação.
Precisava de um banho. De água gelada. De lucidez.
Entrei no banheiro e liguei o chuveiro no máximo, deixando a água quase fria cair sobre mim. Mas nem o choque térmico conseguiu apagar a sensação. A água escorria pelo meu corpo e eu fechava os olhos, e lá estava: a imagem dela deitada sob mim, o sorriso nos lábios, os olhos percorrendo meu corpo, a mão dela descendo…
Meu paü pulsou violentamente, ignorando a água fria, endurecendo ainda mais contra minha vontade. Era uma dor boa, uma necessidade urgente.
Abri os olhos, ofegante, encarando a parede de azulejo branco.
Era só uma pünheta.
Era só uma pünheta e eu aliviava essa pressão,essa loucura, e voltava a ser o Vitor normal, o que ia fazer 18 anos, comemorar com a família, ir pra faculdade. Era o caminho seguro. O caminho certo.
Minha mão desceu, quase por instinto. Envolvi a base, sentindo a pele quente e tensa. Um arrepio percorreu minha espinha. Eu sabia que se começasse, em dois minutos estaria tudo resolvido. Um alívio físico rápido, seguido de uma vergonha profunda e um vazio maior ainda.
Mas… e se eu fosse?
A pergunta ecoou na minha cabeça, mais forte que o barulho da água. E se eu, à meia-noite, atravessasse aquele portão de novo? O que ela faria? O que eu faria? Eu sabia o que ela queria. Ela tinha deixado claro. Mas eu… eu sabia como fazer? Eu tinha experiência com garotas da minha idade, desajeitadas, tão inseguras quanto eu. Mas com uma mulher como ela? Que parecia saber tudo, controlar tudo?
O medo era um nó na garganta. Medo de fazer feio. Medo de não saber o que fazer. Medo do que meus pais diriam, do que meus amigos, os filhos dela, diriam. Medo dessa linha que, uma vez cruzada, nunca mais poderia ser apagada.
Mas junto com o medo, vinha uma atração tão magnética, tão profunda, que parecia puxar minhas entranhas em direção à casa dela. Era a chance de deixar de ser um garoto. De uma vez por todas. Com uma mulher que não tinha dúvidas, que não ia rir de mim, que me queria assim, duro e assustado, por causa dela.
Minha mão no paü ficou imóvel. Eu não conseguia me aliviar. Porque se eu fizesse isso, eu sabia que não teria coragem de ir. A vontade morreria com o orgasmø.
Com um gemido de frustração, tirei a mão de mim. Desliguei o chuveiro. Fiquei parado, a água pingando no chão, o corpo tremendo não de frio, mas de uma decisão tomada no silêncio do meu quarto.
Não era sobre t***o. Era sobre coragem.
Sequei-me com força, como se quisesse esfregar a indecisão da pele. Olhei no relógio do celular: 23:47.
Treze minutos.
Vesti um shorts novo, limpo. Não coloquei cueca. Não pensei muito no porquê. Passei uma camiseta preta simples. Olhei para mim no espelho. Eu parecia o mesmo. Mas por dentro, tudo estava diferente.
Desci as escadas em silêncio, evitando os degraus que rangiam. A casa estava escura, só a luz do Natal na sala. Meu corão batia num ritmo tribal, ensurdecedor. Peguei o controle do portão lateral. Minhas mãos estavam geladas.
Abri a porta de casa e saí para o quintal escuro. A noite estava quente, as estrelas visíveis. Do outro lado do muro, uma luz fraca vazava pela janela do quarto dela.
Caminhei até o portão. Olhei para trás, para minha casa, para a minha vida de garoto. Respirei fundo.
Apertei o botão.
O portãozinho rangiu ao se abrir, um som que agora parecia ter um significado cósmico. Passei por ele. O caminho entre os muros parecia mais curto, mais estreito. Cheguei à porta dos fundos dela. A tela da porta de vidro estava entreaberta, só a porta de madeira fechada.
Antes que eu pudesse bater ou pensar em voltar, a porta se abriu.
Ela estava lá.
Envolta em um roupão de seda preta, preso na cintura. O cabelo solto, molhado nas pontas, como se também tivesse acabado de sair do banho. Nos pés, nada. Ela sorriu, um sorriso lento, satisfeito, como se tivesse ganhado uma aposta.
Olhou para o relógio de pulso fino que tinha no braço.
— Vinte três horas e cinquenta e nove minutos — disse, a voz um murmúrio sedoso que me atravessou. — Você foi mais do que pontual, Vitor. Quase adiantado.
Não consegui falar. Fiquei paralisado na soleira da porta, sentindo o cheiro dela — agora mais limpo, um perfume amadeirado e caro — invadindo meus sentidos.
Ela não esperou. Com um movimento despreocupado, como se estivesse sozinha, puxou o cordão do roupão. O tecido deslizou dos ombros dela e caiu em um monte suave aos seus pés.
Eu parei de respirar.
Ela estava nua. Completamente. A luz suave do corredor iluminava sua pele n***a, que parecia feita de ébano polido. Seus s***s eram firmes, redondos, com m*****s escuros e eretos. A cintura era fina, os quadris largos, uma curva poderosa e feminina que levava a coxas fortes e torneadas. Tudo nela era definição, força e uma beleza madura e absoluta que me deixou tonto.
Ela não tentou se cobrir. Ficou ali, exibindo-se, deixando-me olhar, deixando aquele presente ser desembrulhado diante dos meus olhos.
Então, ela caminhou até mim. Seus passos eram silenciosos no piso frio. Parou a centímetros de mim. Seus olhos, agora no mesmo nível que os meus, prenderam o meu olhar.
— Você veio buscar seu presente — afirmou, não perguntou.
E, sem quebrar o contato visual, suas mãos subiram. Encontraram a barra da minha camiseta preta. Ela a pegou e puxou para cima, sobre minha cabeça, jogando-a para o lado. Seus dedos depois desceram para o cós do meu shorts. Desfez o nó. Empurrou o cós pra baixo.
O shorts caiu aos meus pés.
E lá estava eu. Pelado, latejante, completamente exposto e vulnerável diante dela, no corredor da casa dela, na véspera do meu aniversário de dezoito anos.
Ela olhou para baixo, e seu sorriso se alargou, um brilho de pura satisfação nos olhos.
— Perfeito — ela sussurrou, e a palavra soou como uma benção e uma sentença ao mesmo tempo.
E eu soube, naquele exato momento, que minha infância tinha acabado. E a aula mais importante da minha vida estava prestes a começar.
Continua...