Capítulo 4

1321 Words
No fim do dia, Renata se despende de Maísa e Anabel. As amigas vão embora e ela segue rumo ao ponto de ônibus. Uma de suas metas era ter um carro. Ela só havia tirado carteira pois seu pai a ajudou. Se dependesse de Rodrigo ela nunca teria seu carro próprio. Logo ela se programaria para ter um. Mas até lá, tinha que devolver o dinheiro do seus pais primeiro. Saindo do prédio da empresa, era possível ouvir os trovões, o céu estava extremamente escuro, e Renata ainda não havia acertado o horário do ônibus. Alguns dias ele se adiantava, outros se atrasava. Nesse dia ela estava super cansada. Renata Ai, só isso que me faltava... chuva! Ai senhor, que eu chegue em casa em segurança... amém! ————————- - Srta. Castro, quer uma carona? - diz a voz rouca que ela sempre houve durante o dia. - Sr. Bastos.. o Senhor ainda está por aqui? - se vira e o encara - - sim.. e já percebi que não trouxe guarda-chuva e provavelmente seu ônibus irá demorar... - ele indica com os olhos - vamos, eu te levo. - não precisa, eu espero o ônibus. -Ela ajeita a bolsa- - claro que precisa, vai se molhar e eu não quero uma funcionária faltosa... preciso de você.. na empresa - - tudo bem.. mas só hoje. - ela caminha ao lado dele, literalmente sem jeito - Eles entram no carro e depois de 2 minutos de silêncio ele decide falar. - porque se incomoda que eu te de carona? - por nada, eu... não me incomodo, só não quero incomodar.. entende? - Ela se ajeita no banco - sei perfeitamente que não é isso. Renata, vou te chamar assim, já que não estamos perto de ninguém. - ele se vira - Sou solteiro, não tenho problemas em dar carona para minha funcionária, e não estamos fazendo nada de errado, então... não se preocupe.. - ele a olha - eu não estou dizendo nada. Sou reservada quando a isso... mas não sei... enfim... deixa pra lá. - ele a encara confuso enquanto ela olha para o lado encarando as ruas. - bom, ta entregue mais uma vez. - ele apoia a mão sobre as próprias coxas e ela só consegue pensar em como ele era tão bonito e gostoso - - obrigada, Sr... - ele a interrompe - - Renata, - ele estava realmente levando a sério esse papo de não chamá-la de senhorita. - pode me chamar de Gustavo quando não estivermos trabalhando. Você é como uma amiga já, compartilha os dias comigo, sabe tudo da minha vida então, não devemos ser tão formais.. - ele da uma piscadela que já a fez pirar por dentro - - Tá bem, Sr... Gustavo. - ele ri - até mais. Obrigada mais uma vez. - por nada. - ela desce do carro um pouco assustada —————————— Renata como ele estava soltinho assim comigo? Nos conhecemos a poucos dias... eu sei que ele não tá me dando mole, e nem deveria... mas ele realmente estava certo... como sua secretaria sabia exatamente tudo sobre a vida dele. 27 anos, solteiro a um certo tempo, mora sozinho em um bairro luxuoso de São Paulo, é caseiro e reservado, extremamente sedutor e, um pequeno detalhe.. É MEU CHEFE! Não posso pensar assim dele... e tenho vergonha demais para me envolver com ele. ————————— Renata subiu correndo para tomar um banho e apagar aquela sensação estranha que o chefe tinha deixado. Ela jamais misturaria vida pessoal com profissional. Estava cedo demais para se envolver com alguém. Talvez ela temesse se apaixonar... pois ele tinha tudo para ser um ótimo candidato ao seu coração! Gustavo Será que ela se sentiu m*l o o que eu disse? Não quero que ela pense que sou esse tipo de homem, que gosta de deixar as mulheres em "saias justas". Realmente não me custa nada dar carona a ela. Além do mais, sinto que ela precisa de amigos, de alguém do lado. Me parece sempre distante e com um olhar triste... não quero que ela pense que vou me aproveitar dela. É uma bela moça, mas eu não sou esse cara.. seja lá o que for que ela pensou. Não vou deixar que as coisas fiquem assim. —————————— Gustavo estava mergulhado em vários pensamentos. A poucos dias teria uma viagem ao lado de sua secretaria, e não queria que ela viajasse o tempo todo magoada com qualquer palavra que ele possa ter dito para constrangida. Ele é realmente um cara muito sistemático e reservado. Não permitirá isso. Tomou um banho e logo esqueceu os pensamentos que lhe corriam. Esquentou o jantar que sua ajudante tinha deixado pronto e logo capotou na cama. Enquanto Renata também aproveitou para descansar do longo dia e sem pensar duas vezes apagou no sofá. ————————- 11:00, manhã de segunda feira, 5 dias antes da viagem. - bom dia Sr. Bastos.. aqui estão os papéis que me pediu. - ela deposita sobre a mesa do escritório. - - obrigada, Srta. Castro. - ela se vira para sair - Espera um minuto.. eu quero conversar com você. - sim.. - ela volta a ficar de frente para ele - - eu.. achei que não tocaria nesse assunto, mas aquele dia que te deixei em casa, eu posso ter te deixado constrangida, por não te tratar pelo nome, e por fazer questão de te dar carona. Não quero que me entenda m*l - ela engole seco - quis dizer que não me custa lhe ajudar, você já faz muito aqui por mim na empresa... e minha vida não é tão perfeita como as pessoas pensam.. - ela ficou espantada com suas últimas palavras - desculpa estar falando todas essas coisas... eu só queria ser um amigo, só. Desculpe se te deixei m*l por isso. - ele olha pra baixo e coça a cabeça. - bom.. eu... acho que não tem porque se desculpar. Não me ofendeu em nenhum momento, Sr.. agradeço sua gentileza e eu só reagi diferente porque a minha realidade é a mesma fora do trabalho. Estou me recuperando de alguns traumas pessoais.. então.. eu te entendo... - ela sorri de leve - está tudo bem.. não se preocupe. - bom.. de certa forma eu fico feliz em saber que não se aborreceu. Mas.. se um dia quiser conversar sobre... tem um amigo. - ele pisca e ela sorri - lá no fundo ela não queria que ele estivesse pensando em ser só amigos. Ela parecia querer algo mais.. porém não sabia o que estava pensando ou sentindo. No fim de tudo ela acreditava que era uma perigosa atração, apenas isso! - obrigada, Senhor. Estou aqui também. Com licença, vou me retirar - sai e sorri de costas. ———————- Gustavo é um homem admirável. Ninguém o conhecia tão afundo lá na empresa. A pessoa que mais estava o conhecendo era Renata. Até seus amigos não o conhecem de fato. Talvez seja um indicativo de algo muito forte que está por vir. Gustavo suspira e relaxa o corpo na cadeira. Estava aliviado por saber que estava tudo bem entre eles. A última coisa que ele precisava era problemas a mais. Renata permaneceu mais leve durante o dia. As palavras de Bastos lhe caíram muito bem. Apensar te der amigas, ela ainda se sentia m*l por contar suas experiências de vida com elas. Era realmente traumatizante lembrar de toda possessividade e agressões verbais de Rodrigo. Sua vida foi paralisada no tempo enquanto ela estava com ele. Tudo estava se renovando com seu novo emprego, vida, ela sentia que havia ainda mais novidades.
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