Maísa se aproxima da mesa de Renata e comenta - amiga, que expressão boa... tá feliz, é?
- ah... Nao, quer dizer, sim.. porque não estaria? - ela debruça os cotovelos sobre a mesa e brinca com uma caneta
- ah, é... você tem que estar feliz. Vai viajar para Paris com um homem maravilhoso. - Renata a olha de lado -
- aí, Maísa , fala isso como se eu fosse viajar a passeio e para t*****r! Chega amiga... vamos voltar ao trabalho antes que o Sr. Oliveira te xingue.
- porque você é tão careta amiga? Relaxa... tava brincando.. - Renata revira os olhos -
- brincando... eu sei.. agora vai.. beijos... - dá uma tchauzinho para amiga que volta para sua mesa.
Renata continua seu trabalho até que Gustavo a chama em sua sala.
- pois não, Sr? - entra na sala.
- entre, e feche a porta por favor. - ele indica com as mãos. - Srta. Castro sente-se, preciso acertar com você alguns detalhes da viagem na sexta.
- claro... - ela se senta e ajeita a saia. Gustavo da uma olhadinha rápida e disfarça, coisa de homem.. -
- preciso que se prepare para levar alguns vestidos e casacos bem reforçados. Estará bem frio nos primeiros dias. E teremos dois eventos a noite para representar a empresa, então tem que estar elegante. - ele debruça na mesa de leve -
- tudo bem.. mas eu esqueci de te contar um detalhe - ela serra os dentes -
- o que houve? - ele fica rapidamente preocupado
- eu tenho poucas roupas.. se lembra daquele incidente que comentei sobre meu passado?
- sim.. lembro. - ele expressa
- então, eu me mudei e não pude levar tudo que tinha, então preciso ver o que consigo com algumas amigas.
- ele da uma leve suspirada - Srta. Castro , preciso que esteja realmente elegante - ele enfatiza - você sabe se vestir.. mas preciso que estejamos a altura dos eventos. Então não se chateie com o que vou dizer. - ele a encara
- aí.. não vou poder ir mais? - ela muda a expressão rapidamente com medo
- não, pelo contrário. - preciso que compre algumas roupas.. aliás.. compre o que achar necessário para estar à altura do evento. Não se ofenda por favor. Eu te darei a quantia que precisar.
- mas... Desculpe Sr. Não posso aceitar isso. Eu devo comprar o que conseguir. Vou me virar.. - ela diz se levantando -
- RENATA! - ele se altera um pouco - quer dizer, Srta, Castro... estamos entre amigos.. se lembra, não é? Por favor, não recuse. Estarei vendo isso como uma ofensa e claro, você não quer seu chefe bravo, não é?
- bom... mas... - ele a interrompe
- se lembre que isso será parte do seu trabalho, então não precisa se sentir m*l, ok? - ele pisca -
- ok.. Sr. - ela diz ainda contrariada
- se precisar, tire amanhã para fazer suas compras no período da manhã.
- como quiser. - ela diz. - mais alguma coisa?
- não não, pode ir.
Renata
Argh.. não acredito que estou me submetendo a ordens tão humilhantes. Eu vou ter que comprar roupas para mim a pedido do meu chefe, e com o dinheiro dele? Eu não acredito nisso. Sempre gostei de batalhar pelo meu. Como podem fazer isso comigo? Argh... e agora pra finalizar ele ainda pisca pra mim de novo. Eu não aguento esse homem gostoso, quer dizer, esse chefe! Preciso dar um jeito nisso.
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Antes de partir, Gustavo deixa com Renata o cartão que ela usaria. Ela ainda não estava contente com essa situação, mas decidiu não contraria-lo, afinal, ela precisa do emprego e ainda estava no período de experiência.
Na manhã seguinte, Renata foi comprar o que achava extremamente necessário. Ela demorando econômica, e quando se tratava de dinheiro de outra pessoa, ela era mais ainda.
Chegou na empresa, com as sacolas, e foi para o escritório de Gustavo.
- com licença, Sr. Já estou de volta. - apontou na porta.
- olá, entre por favor. - ele se vira na cadeira.
- eu já comprei tudo que precisava. - ela mostra rapidamente as sacolas.
- tudo bem. Se quiser, pode deixar aqui mesmo. Depois você pode pegar aqui. - ele aponta para o canto da sala onde ela já deixa as sacolas.
Eram 18:00, horário de saída de Renata. Ela caminha até a sala de seu chefe.
- Posso entrar? - ela avisa
- claro. - ele ergue o rosto atrás do notebook.
- só vim pegar as sacolas e me despedir. - ela para de frente a ele.
- tudo bem. Pode ir - ela se vira de costas - Renata... quer dizer.. Srta. Castro, se quiser eu te deixo em casa, não vai ser legal pegar ônibus com essas sacolas.
- não precisa, eu agradeço. Mas já estou acostumada... - ela sorri de canto e sai.
- tudo bem então.. até amanhã..
- Até. - fecha a porta
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Eram 18:30 e o ônibus ainda não havia passado, Renataestava de saco cheio de depender disso. Mas não tínha o que fazer... 18:40 e nada! Já iam dar 19:00 e ela ainda estava lá, cansada e chateada pois começou a chover e o ponto de ônibus não estava 100% coberto. Haviam vários respingos vindo em sua direção. Ela até pensou em pagar um uber.. mas ficaria caro e ela precisava economizar até o primeiro pagamento cair e ela começar a pagar seus pais.
De repente um carro luxuoso se aproxima devagar, era o carro de Gustavo.
- ele abaixa o vidro e diz - Renata, ainda esta aí, esperando?
- sim.. eu perdi o ônibus. E o senhor, não tinha ido embora? - ela o observa.
- estava no escritório ainda. Não quer que eu te leve? A chuva vai engrossar... - ele olha para o céu.
Ela pensa por alguns segundos, observa o tempo e responde - ahh.. tudo bem.. obrigada.
- entra rapidamente no carro e deposita as sacolas um pouco molhadas no chão.
- parece estar bem pesadas essas sacolas. - ele diz e a olha de lado.
- não estão, não. Eu comprei exatamente o necessário. Mas os casacos pesam, então, não tem escolha. - ele só acena e não responde.
Estava se aproximando do apartamento dela. E a chuva se apertou mais ainda.. Gustavo estaciona em frente seu prédio e a encara.
- não quer esperar parar um pouco para descer com tudo isso? - vira de frente para ela.
- ah, não sei.. acho melhor eu ir, desço correndo. - morde o lábio e ele a observa.
- não tem problema, eu posso esperar. Melhor do que se molhar toda e molhar suas coisas. - ele indica com a cabeça.
- tá, vou esperar um pouco.
Aguardou 5 minutos que foram de total silêncio dentro daquele carro. Vez ou outra se olhavam e mantinham o silêncio. Algo lá dentro parecia estar em chamas. Ambos tentavam dizer algo mas sempre se calavam. Restava só o barulho da chuva para contar a história. Até que...
- eu vou descer... - Renata o olha
- mas você vai se molhar muito, espere mais um pouco. - ele a toca rapidamente no braço - aquilo já a faz pegar fogo por dentro -
- não, eu preciso ir, agora. Não vai adiantar esperar. - ela ajeita as sacolas nas mãos.
- espera, deixa que eu levo pra você então, você vai primeiro e me espera no elevador, eu te entrego as sacolas e volto. Estão pesadas e correr com isso será mais difícil - ele a olha nos olhos e a deixa sem resposta por alguns segundos.
- tá bem.. eu já vou... - sai correndo e atravessa o portão, deixando o aberto para que ele entre.
Ela corre até a entrada do prédio enquanto ele pega as sacolas e desce também correndo. Estava chovendo fortíssimo e obviamente ele se molhou mais.. pois tinha que fechar o portão. Ele entra com todas as sacolas extremamente molhado.