Capítulo 3

1183 Words
Acordo com um pouco atordoada, quando abro os olhos uma forte luz me atinge e o fecho rapidamente, quando me acostumo com a claridade percebo que estou ligada a alguns aparelhos hospitalares, olho para todo o quarto e vejo um lindo homem moreno sentado em uma poltrona de olhos fechados. Estava cansado e úmido. — Ei, moço — chamo baixo. Ele acorda, me olha e se levanta caminhando até mim. — Você acordou — ele dá um sorriso — Você está bem? Está sentindo alguma coisa? — fala preocupado e dou um sorriso reconfortante para ele. — Estou sim, obrigado por perguntar, mas o que eu estou fazendo aqui? — Você não lembra? — ele ergue uma sobrancelha. — Bem, de pouca coisa, só lembro-me de um homem dizer ser bombeiro ter feito meu parto, e depois disso não me lembro de mais nada, oh meu Deus, cadê a minha filha? — falo desesperada tentando me levantar da cama. O rapaz me segurou impedindo-me de levantar. — Calma, sua filha está bem, sou Christian Carter, tenente do corpo de bombeiros, o cara que fez o parto da sua filha — ele fala com a voz calma fazendo-me acalmar e volto a me deitar. — Muito obrigada — falo com sinceridade e morrendo de vergonha — lembro-me de você, se não fosse por você, eu não sei o que teria acontecido comigo — agradeço encarando-o nos olhos, ele me encara e segura minhas mãos. Um sentimento estranho me invadiu, mas eu não queria soltar sua mão. Seu toque era reconfortante pra mim. — Moça... — Anna, o meu nome é Anna Mendonça. — Anna, você foi a minha salvação, se tem uma pessoa aqui para agradecer essa pessoa, sou eu — ele fala sério, me encarando. — Por que diz isso? — pergunto sentindo meu coração estranhamente perturbado. Um homem como aquele tão bonito e atraente, como eu poderia ter salvado no meio de um parto na chuva? — Porque ontem eu ia me m***r na hora que você apareceu. — O quê? Por quê? — falo de olhos arregalados e quando ele ia responder uma enfermeira entrou no quarto com meu bebê nos braços. Eu queria perguntar a ele, saber o que o afligia, mas naquele momento eu dividi minha atenção entre ele e a minha filha, tão pequena e frágil que um sorriso bobo surgiu em meus lábios assim que vi seu rostinho tão belo e angelical. — Olha quem chegou com fome querendo os braços da mamãe? — ela fala sorrindo e eu fico emocionada ao aninhar minha filha em meus braços. O amor de mãe me dominou tremendamente como se aquela criança tivesse sido gerada para mim. O instinto materno gritou tão alto que amei assim que a vi. — Nossa como ela é linda — acaricio o rosto dela. — Toma, se precisar de alguma coisa pode me ligar a qualquer hora, e parabéns pela sua filha ela é linda assim como você — Carter me estende um cartão de visitas, sorri para a enfermeira e se retira. Eu queria pedir para que ele ficasse, me contasse sua história e me fizesse companhia, mas ele era apenas um estranho para mim, mas com o seu cartão eu poderia ligar a qualquer hora. Assim que o médico me dá alta, pego um taxi e volto pra casa. Não era exatamente a minha casa, mas Milena me fazia sentir assim. Ela me esperava no portão ansiosa. — Por que não mandou me ligar para eu ir te buscar amiga? — ela dá passagem para eu entrar. — Não queria te incomodar — falo me sentando no sofá. — Você sabe que não incomoda, quer colocar a bebê na cama? Acho que ela está dormindo — fala com doçura olhando a menina nos meus braços. — Não preciso, eu vou ligar para Maia, ela tem que saber que a filha dela já nasceu mesmo eu não querendo — falo alisando o rostinho gorducho no meu braço. — Amiga, tem algo que você precisa saber sobre a Maia — Milena fala com o semblante triste sentada ao meu lado. — O que é? – a encaro. — A Maia morreu em um acidente de carro há um mês — ela fala cautelosa me olhando. — E o que eu vou fazer com o bebê? Eu disse que não queria mais ver a Maia, mas eu ia entregar a filha dela — falo nervosa. — Calma, se você não quiser ficar com o bebê coloca na adoção, ou entrega a algum familiar da Maia — ela fala e eu olho para menina que dormia tranquila nos meus braços. — Eu vou ficar com ela — falo decidida. — Você tem certeza? — Absoluta, eu vou arrumar um emprego e cuidarei da pequena Lara Sofia, como se fosse minha própria filha afinal, eu quem a carreguei no ventre por nove meses, e ela acabou perdendo a mãe, agora eu sou a mãe dela — dou um selinho na pele macia da minha filha. — Eu apoio você nessa decisão, pode contar comigo para o que precisar. — Tá bom, obrigada amiga, prometo ajeitar a minha vida o quanto antes. Ficamos conversando e subi para o quarto de hóspedes, onde eu estava ficando, coloquei a bebê na cama e fui para o banheiro onde tomei banho para sair o cheiro do hospital e depois vesti uma camisola, deito ao lado de Lara e durmo logo em seguida. Mais o que eu não sabia era que essa decisão iria mudar minha vida para sempre. A rotina de mãe não estava em meus planos, acordar cedo, dormir pouco, cuidar das cólicas do bebê, choros que eu não sabia se era dor, sono ou fome. Aquilo estava me esgotando, e ainda por cima eu estava procurando emprego. Graças a Deus Milena estava me ajudando, estávamos conseguindo dar conta. Estava completando um mês, mas Lara parecia crescer a cada dia, aninhada em meu colo ela adormecia, leve como um anjo. Meu celular toca e eu a acomodo na cama. — Alô? — É Anna Mendonça? — pergunta um homem do outro lado da linha. — Sou eu, quem está falando? – me afasto da cama para não acordar minha filha e me aproximo da janela. — Sou irmão do Christian Carter, não sei se você conhece, achei o seu currículo e queria saber se você ainda está disponível para trabalhar. — Claro, estou sim, do que você precisa? — ao ouvir esse nome fico pensando se estamos falando da mesma pessoa. — Que arrume a casa e cozinhe, meu irmão se acidentou recentemente e precisa de certos cuidados. — Tudo bem, como vai ser o pagamento? Eu posso levar minha filha também? É que ela só tem um mês de vida. – pergunto com medo de ele recusar. — 1.500 tá bom para você? — Sim, claro — respondo feliz. — Ótimo, pode trazer sua filha também, te mando o endereço por mensagem. — Ta bom, obrigado. Finalizo a chamada muito feliz, aquela era a oportunidade para mim recomeçar.
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