Capítulo '

1007 Words
Fevereiro de 1999, Donato Del Rio Moreno era líder do clã cigano Caló e a liderança da família passava de geração a geração. Era casado com Eulália que havia dado à luz a Valentina que completava três meses de vida, viviam felizes e haviam acampado a um mês na Ciudad Del México onde estabeleceram suas tendas na parte rural. Os homens partiam pela manhã para vender o artesanato e as especiarias que as mulheres faziam. Eulália havia colocado a pequena Valentina para dormir em uma rede e estava costurando peças para que o marido pudesse vender na cidade, quando é surpreendida por Kayon Coimbra um homem que a desejava para si, desde sempre. – O que faz aqui em minha tenda? Já implorei muitas vezes para não me perseguir mais, Donato não demora a voltar e se te vir aqui é capaz de m***r nós dois. – Eulália você sabe que sempre te amei, quis por tantas vezes que fugisse comigo, mas sempre recusou. Se casou com esse maldito e gerou essa bastarda quando era comigo que deveria ter tido filhos! – Não fale assim da minha filha, estou feliz com meu marido e com a vida que levo. Ame sua esposa e seus filhos e me esqueça de uma vez por todas! – De jeito nenhum...venha comigo agora mesmo. – Kayon tentou puxá-la, mas ela se esquivou dele que tirou um canivete. Eulália gritou e sua mãe Carmem correu para lá, quando chegou viu aquele homem agarrá-la forte por trás travando seus braços e o olhar triste de sua filha antes que ele dissesse... – Prefiro te ver morta do que te ver ser feliz com outro! – Ele já havia esperado demais pelo amor dela, sabia que não iria conseguir e preferiu então que ela deixasse de existir. Eulália fechou os olhos, ela sabia que era seu fim...Kayon a assassina cruelmente na frente de sua mãe que grita apavorada. Ele corre para fugir, mas os outros ciganos conseguem o deter antes que conseguisse sumir de vez. Donato é comunicado sobre o que havia acontecido e volta desesperado para o acampamento, encontra sua sogra Carmem aos prantos com a pequena nos braços e o corpo de sua esposa coberto com um lençol ensanguentado. O agora assassino Kayon, estava amarrado no tronco pelos braços aguardando o julgamento dos mais velhos. Havia levado uma surra e sangrava muito, seu filho Benício via aquela cena e chorava desesperado querendo salvar o pai daquela punição. – A morte é ainda é pouco para o que merece maldito! – Donato dizia enquanto desferia mais socos nele. A esposa e os dois filhos de Kayon também foram submetidos ao julgamento. Os mais velhos decidiram o que fazer diante daquele crime bárbaro. – Decidimos que Kayon e toda a sua descendência devem ser banidos do nosso clã agora mesmo. E ele será entregue a justiça para ser julgado nos rigores da lei desse estado em que o crime aconteceu. – Não...eu não aceito! Isso é pouco, pouco!!!! Quero que ele seja executado, quero eu mesmo dar fim a ele. – Gritou Donato. – Você sabe, meu líder. Que mesmo tendo o comando, jamais poderá ir contra a decisão dos anciões. – Diz um deles. Donato amaldiçoou aquele julgamento, mas teve que cumprir sua decisão. Antes de ser entregue a polícia Kayon pode falar alguns segundos com seu filho antes deles também serem mandados para longe de lá. – Meu filho...quero que jure ao seu pai! Jure que um dia se tornará líder deste clã e nossa família retornará e irá se vingar diante de todos que hoje nos humilharam...jure Benício! – Eu juro pai...eu juro! – Era uma promessa muito forte e intensa para uma criança de apenas oito anos, mas era seu pai quem pedia em meio a dor e sangue. Aquele menino jamais se esqueceria deste dia e de tudo que o fez sentir. Salazar era da mesma idade que Benício e eles eram grandes amigos, ele observava toda aquela situação e sentia muita pena daquele que era quase um irmão e agora seria mandado para longe. Levaram Kayon até a cidade onde foi entregue a polícia, Benício, sua mãe e sua irmã foram mandados para longe e de onde jamais poderiam voltar para o clã. Daquele dia em diante aquele grupo de pessoas deixou de ser nômade e estabeleceram morada fixa lá, assim Donato podia assegurar-se da prisão de Kayon e que ele pagaria por tudo o que fez a sua família. Valentina crescia cada vez mais linda e bondosa, era criada por sua avó Carmem e seu pai que a cercavam de amor e cuidados...sentia muita falta da mãe em sua vida. Principalmente ao se tornar mocinha e nos momentos mais importantes de sua transição para a vida adulta, aquele carinho materno e a vontade de dividir com a mulher que lhe deu a vida sempre formaram um grande vazio em sua vida. Dias atuais... Valentina estava com 20 anos e estudava pedagogia na cidade para dar aulas aos pequenos do assentamento. Desde criança Donato havia prometido sua mão a Salazar filho de um de seus grandes amigos do clã, ele agora era um homem feito e sempre foi louco pela moça que a cada dia o deixava mais encantado. – Valentina já está indo para a cidade? – Perguntou Salazar observando em êxtase os encantos da jovem. – Sim eu tenho aula daqui a pouco. – Estou indo para lá. Tenho que buscar umas encomendas para minha mãe...quer ir comigo? – Claro... vamos! – Ela entra na caminhonete e eles seguem para a cidade, que não ficava tão longe do acampamento. Eles se despedem e Salazar a cada dia se convencia mais de que seriam muito felizes juntos. Salazar A beleza de Eugênia é algo que não consigo descrever, preciso acelerar esse pedido de casamento ou algum outro pode chegar e eu perderei a minha chance. Eu morreria se não a tivesse em meus braços, toda a minha vida tenho dedicado a me tornar um cigano digno dela.
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