Capítulo 3

1476 Words
Passei o dia na empresa e quando percebi, novamente o Sol já tinha sumido, as estrelas estavam espalhadas no céu e a Lua brilhava convidativa anunciando que a noite havia tomado espaço na cidade. Esfreguei meus olhos e senti meu corpo pesar por conta do cansaço, as reuniões tinham acabado comigo por completo. Me levantei, peguei minhas coisas e saí da minha sala indo em direção a garagem. Peguei meu carro e em alguns instantes cheguei no apartamento. Guardei o carro e entrei em casa, tudo estava em um completo silêncio. Sem sinal do meu gato, sem sinal da Maryan e sem sinal do garoto de mais cedo. Paz. Coloquei minha pasta no escritório e subi as escadas, tudo que eu precisava era de um bom banho, uma taça de vinho e dormir muito. Tomei meu banho com calma e vesti um pijama confortável. Fui até a cozinha e peguei uma garrafa de vinho tinto, peguei uma taça e fui para a sala. Liguei a TV e comecei a apreciar aquele vinho como se não existisse mais nada para fazer além daquilo. De repente eu ouvi a campainha soar, revirei os olhos com raiva daquilo e me levantei indo até a porta. Abri a porta e vi uma garota, uma criança, segurando o meu gato. - O-oi. - Ela disse tímida - Eu vi esse gatinho miando perdido e queria saber se ele não é seu. - Completou segurando Louis em seus braços - - Olá. - Falei sorridente - É meu sim, onde ele estava? - Perguntei olhando para a garotinha - - Na rua. É perigoso lá, tem que tomar cuidado pra ele não fugir. - Ela falou séria - - Certo, eu vou ter mais cuidado. - Respondi antes de pegar o Louis no colo - - Ótimo, qualquer dia desses... Eu posso brincar com o seu gatinho? - Ela questionou com um olhar pidão - - Claro. - Disse sorrindo - - Certo, eu vou indo então. Tchau! - Ela falou sorrindo antes de abanar e sair - Eu sorri bobo e fechei a porta, olhei sério para o gato e analisei se ele estava usando a coleira. Estava. Aquilo era muito confuso, o gato estava ali, onde ele esteve o dia todo? - Você deve estar com fome. - Falei antes de colocar ele no chão - Vem, vou arrumar uma comida pra você. - Completei antes de ir para a cozinha - O felino me seguiu tranquilamente, peguei uma sardinha do armário e coloquei o alimento em um potinho. Louis cheirou a comida mas não quis comer, sentou e me olhou. Certamente esperando que eu desse outra comida melhor pra ele. Mas qual é? Ele era um gato. - O quê? Vai dizer que não gosta de peixe? - Questionei ao cruzar os braços - Ele apenas seguiu me olhando. Bufei e peguei um pouco de comida na geladeira, servi pra ele no potinho depois de colocar a sardinha no lixo. Louis cheirou a comida e depois começou a comer todo feliz, sentei ao lado dele no chão e respirei fundo. - Você é só um gato. Não tem como ser um humano. - Falei pensativo - Você é só um gatinho! - Completei olhando ele que ainda comia - Tudo aquilo só podia ser uma coincidência, aquele garoto rude que eu tinha visto de manhã, não podia ser o gatinho fofo que estava comendo na minha cozinha. Fiquei pensativo e quando ele terminou de comer, me pôs em pé e olhei pra ele. - Se quiser dormir aqui embaixo, sinta-se a v*****e. - Falei olhando ele - Mas se quiser pode subir pro meu quarto, você decide. - Completei antes de dar de ombros - Apaguei a luz e andei até a escada, subi pro meu quarto e deixei a porta semi-aberta pra caso ele viesse. Escovei meus dentes e arrumei os meus cabelos. - Harry, você é definitivamente e******o. Estava falando com um gato! - Disse pra mim mesmo antes de deitar - Ridículo! - Completei antes de me cobrir com a coberta - Respirei fundo e vi que a luz da Lua invadia o quarto pela janela, fiquei perdido em meus pensamentos por um tempo até que senti algo subir na cama. Sentia pequenas patas andando por cima da coberta, depois dessa sensação, algo se aninhou ao meu lado. Não me movi, minutos depois comecei a ouvir um ronronar alto. Olhei para o lado e vi Louis dormindo, ele tinha mudado de ideia afinal. Sorri de canto e fechei meus olhos, dormi profundamente ouvindo aquele serzinho ronronar calmamente ao meu lado. Então, no dia seguinte tudo aconteceu mais uma vez, aquele garoto estava na minha cama, no lugar do meu gato. - Ok, eu não aguento mais essa brincadeira. - Falei antes de bufar - Você não é meu gato. - Disse sério olhando Louis - - Harry, se eu não sou seu gato, me faça alguma pergunta sobre o que fez com o gato ontem. - Ele disse dando de ombros - - Ok, o que eu dei de comida para ''você'' ontem? - Questionei sério - - Primeiro me fez comer uma sardinha fedida. - Ele começou sério - Depois obedeceu minhas ordens e me deu um alimento descente. - Completou sorrindo - - Isso é muito estranho. - Falei pensativo - Você é estranho Louis. - Completei antes de me levantar - - Harry? - Ele me chamou quando eu já estava de costas - - Sim? - Perguntei ao olhar pra ele - - Como gostaria que eu te chama-se? - Ele questionou - - Harry, Harry está bom. - Respondi antes de sorrir e ir para o banheiro - O garoto ficou na cama enquanto eu tomava meu banho e me preparava para mais um dia de trabalho. Eu dei uma roupa minha pra ele vestir e ficou definitivamente grande no corpo dele, mas bonito. - Eu quero ir com você ao trabalho. - Ele sugeriu enquanto tomávamos café da manhã - Sim, aquilo só podia ser uma sugestão. Ele não podia estar me dando uma ordem. - Não acho que seja uma ideia agradável. - Falei antes de limpar a minha garganta - - Eu não quero ficar nessa casa sozinho o dia todo! - Louis reclamou antes de bufar como uma criança mimada - Ele era uma mistura de criança mimada com cara rude e a*******e, totalmente imprevisível. Eu realmente não imaginava o que ele poderia ficar fazendo na empresa até a hora de voltar pra casa. - Louis, eu não posso te levar. - Respondi sério - - Você n******e me deixar! - O pequeno mas bravo garoto reclamou sério - - Louis, você não vai comigo. - Continuei sério - - Eu sou seu, você tem que me cuidar! Não me deixar trancado em casa sozinho por um dia inteiro. - Ele gritou bravo ao se levantar e jogar sua tigela de cereais no chão - Ele saiu correndo como uma criança, subiu as escadas e depois de entrar no meu quarto bateu a porta. Ele era imprevisível. - m***a. - Disse pra mim mesmo antes de esfregar minhas têmporas - Eu podia ter surtado, podia ter subido aquelas escadas e brigado com ele, mas isso só ia fazer as coisas piorarem. E eu realmente estava cansado de fazer as pessoas que entravam na minha vida chorarem. Pacientemente depois de terminar o meu café, limpei a bagunça que Louis tinha feito. Após, respirei fundo antes de subir as escadas para procurar o Louis imprevisível que tinha fugido minutos antes. Abri a porta do meu quarto e ouvi Louis fungar, vi ele encolhido na cama, deitado de lado abraçado ao travesseiro. Ele me parecia tão indefeso naquele momento. Tão adorável com seus olhos marejados, nariz vermelho e bochechas rosadas. Não, ele estava, normal. - Ei, Louis. - Falei antes de olhar pro rosto dele novamente - Eu queria pedir desculpas por ter sido tão insensível. - Completei antes de me sentar ao lado dele na cama - Meu corpo pesou na cama e isso fez ele se encolher mais, medo? Talvez. - Eu realmente sinto muito, Louis. Não queria te deixar triste, não gosto de deixar as pessoas tristes. - Disse cabisbaixo - Eu não vou te deixar sozinho em casa, você pode ir comigo. - Completei baixando a guarda - Ele secou seu rosto com calma, mas não disse uma só palavra. Apenas me abraçou com força, e eu retribui, não era legal ver ele chorar por minha causa. Ele era uma criança mimada, um adolescente rebelde, um homem decidido e um gatinho fofo. Tudo em um só ser. Após nos ''reconciliarmos'', eu peguei minhas coisas e nós fomos com o meu carro para a empresa. Era muita coisa pra mim em um simples início de manhã.
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