Emma foi de carona com Anaïs para o estágio, naquele dia a morena entrava um pouco mais tarde. Logo na entrada Emma reparou que Adryan estava chegando e aproveitando que Tristan estava do seu lado ela sussurrou:
— Só segue minha onda, por favor.
— Pode deixar. — ele respondeu em um sussurro.
— Sim, eu adoraria sua ajuda para revisar meu artigo, Tristan. E eu adorei sua crítica sobre Corte de Chamas Prateadas, é um livro de uma autora popular, então deve atrair mais leitores para nossa revista.
— Sim, foi por isso que pensei nesse livro para essa edição online. E sobre revisar, podemos fazer isso tomando um café depois do expediente, o que acha?
— Nem pensar, hoje eu vou jantar na casa dela, faça isso outro dia. — se intrometeu Anaïs que esperava o elevador.
Ao perceber que Adryan se aproximava, Tristan colocou Emma contra a parede e apoiou o braço na parede ao lado da cabeça dela, aproximou o próprio rosto do dela enquanto dizia:
— Então amanhã você me deve um almoço e um café, sem desculpas.
Emma engoliu em seco e ao virar o rosto percebeu que Adryan os encarava, sua expressão era de raiva, dirigida a Tristan e seus punhos estavam fechados. O elevador abriu e Anaïs entrou com Adryan. Assim que a porta se fechou, Emma empurrou com gentileza o peito de Tristan para que ele se afastasse.
— Obrigado pela ajuda. — ela agradeceu enquanto pressionava o botão do elevador.
— Eu falei sério sobre o almoço e o café. — ele avisou e então sugeriu: — E poderíamos fazer isso algumas vezes.
— Por que?
— Eu detesto ele, então estaria irritando o Adryan e usar você para irritar ele é legal. — ele respondeu simplesmente.
— Uau, obrigado. — o sarcasmo dominava sua voz.
— Dois pássaros com uma cajadada, Emma. Eu irrito ele e você consegue afastar o cachorrinho sem precisar dizer não aos convites dele. Pense nisso.
— Eu vou pensar.
O elevador chegou e as portas se abriram, ambos entraram e Tristan apertou o décimo segundo andar. Emma cruzou os braços encostada na parede do elevador, tamborilava os dedos no braço enquanto pensava no assunto.
— Teríamos que estabelecer algumas regras e isso não quer que eu esteja aceitando, só estou considerando a possibilidade.
— Tudo bem, ruivinha. Diga os seus desejos.
— Você vai ajudar na festa de Natal e sem tentar sabotar nada.
— Nem pensar. — ele retrucou — Estou na lista pelo pagamento, mas não vou ajudar.
— Anaïs faz os relatórios e eu ajudo, se você não ajudar, não vai receber.
— Tá, próximo item.
— Eu realmente quero sua ajuda com meus textos, os leitores adoram suas matérias e resenhas, sei que começou aqui antes que eu e tem mais experiência, por isso, eu iria apreciar a ajuda.
— Eu imaginei, o que mais?
— Não se envolver de verdade, nem eu e nem você, eu não tenho tempo e energia para me envolver com alguém, há coisas demais na minha vida no momento. Isso tudo é para manter Adryan distante, e, no seu caso, irritá-lo.
— Por mim tudo bem. Mais alguma exigência?
— Não.
— Certo. Caso isso vá acontecer, temos que determinar alguns detalhes, mas podem ser pensados se você concordar.
Ela assentiu e olhou para o visor, décimo primeiro andar, desencostou da parede para se encaminhar à porta.
— Mais uma coisa, Em.
A ruiva virou o rosto para ele e notou que de repente ele estava bem mais perto que antes. A mão segurou e ergueu o queixo de Emma, ele se inclinou para frente e a beijou. Não com exigência ou paixão, era uma amostra do que Tristan poderia fazer e oferecer.
A porta do elevador se abriu e Tristan soltou Emma vagarosamente enquanto abria um sorriso divertido.
— Um pequeno lembrete para você considerar a proposta com carinho. — ele piscou para a ruiva antes de sair do elevador.
Emma ficou atônita enquanto observava Tristan caminhar por entre as mesas, o que tinha acabado de acontecer? Sentia sua face quente e seus pensamentos confusos, mesmo assim deu um passo adiante para fora do elevador, depois outro e outro até chegar em sua mesa.
— Em?
Era a voz de Anaïs, ela piscou algumas vezes e se virou para a amiga.
— Oi.
— Você está com uma cara estranha. — ela apontou.
— Eu me sinto estranha, confusa, melhor dizendo, talvez surpresa junto. — ela confessou.
— Tristan fez alguma coisa?
Anaïs imediatamente esticou as costas e fechou as mãos em punhos, bateria em Tristan para defender sua melhor amiga, se fosse necessário.
— Ele me beijou? — ela soou confusa.
— Você está perguntando para mim? — questionou Anaïs.
— É que foi tudo tão rápido…
— Em, você não está dizendo nada com nada, volta do início e explica.
— Certo. — ela afirmou balancando a cabeca e abaixou a voz para que só Ana a escutasse — Eu pedi que Tristan seguisse a minha onda da conversa para afastar Adryan. Na conversa eu pedi que ele me ajudasse com o texto e foi quando você avisou que hoje tínhamos compromisso.
— E ainda está de pé, né?
— Sim. — ela confirmou — E aí vocês saíram e eu agradeci, ele disse que realmente queria um café comigo e um almoço para me ajudar. E quando perguntei o motivo, ele disse que era para irritar Adryan.
— Ouch, mas justo.
— Eu disse isso. Ele sugeriu de sairmos algumas vezes, eu disse que iria pensar e coloquei algumas condições.
— Como?
— Ajudar na festa de Natal, de verdade. Pedi para me ajudar com meus textos. E mais importante: nenhum dos dois pode se envolver de verdade.
— E então ele te beijou? — perguntou Anaïs querendo chegar ao ponto importante.
— Ele concordou com meus pedidos, disse que se fossemos fazer, deveríamos concordar com algumas regras. E então ele falou que daria um lembrete para pensar na ideia com carinho. Foi aí que ele me beijou.
— E como você se sentiu?
— Confusa, atônita… Quer dizer, eu não estava esperando por aquilo definitivamente.
— Mas você gostou do beijo ou de ser beijada?
— Foi um bom beijo, eu só prefiro estar de acordo com o beijo antes de ele acontecer. E prefiro quando eu tenho sentimentos amorosos por quem vai me beijar.
— Sempre romântica.
— Sempre.
— De qualquer forma, se não for levar adiante sair várias vezes com ele, deveria ir ao menos na primeira para que ele possa te ajudar com seu texto, experiência e troca de conhecimento sempre é bom. — aconselhou Anaïs.
— Isso eu pretendo fazer.
***
Emma foi com a amiga para sua casa, elas ajudaram o Sr. Whitlock a preparar o jantar e conversavam sobre tudo, especificamente sobre o calendário. Não sobre sua magia, ou o reino escondido sob perigo, mas tentavam descobrir se ele lembrava de algo, como ganhou, quando guardou, qualquer fragmento para ser altamente analisado por elas.
— Então papai, você disse que conheceu a mamãe na faculdade e ganhou o calendário do seu pai, mas quando você o guardou? Na foto que você me mandou ele parecia estar bem empoeirado.
Ele parou um momento realmente considerando a questão, fazia tanto tempo e as memórias pareciam se confundir em sua mente, como algo borrado e incerto. Uma vaga lembrança da morte de Josephine, sua esposa, e então o calendário guardado e o corte nas comemorações de Natal.
— Eu acho que foi depois que sua mãe morreu, eu fiquei tão triste que guardei o calendário e naquele ano só tivemos Natal porque a família de Ana insistiu muito que deveríamos ir à ceia deles.
— Sempre achei esses calendários de advento mágicos. — comentou Anaïs querendo parecer despretensiosa.
— Acho que muitos acreditam na magia do Natal, mas para mim, minha magia é ter minha filha.
Capítulo 6:
O jantar estava pronto, torta de frango. Havia acabado de sair do forno e todos se sentaram ao redor da mesa. Rufus cortou os pedaços colocando nos respectivos pratos.