Meu Deus

661 Words
Bruna narrando Meus olhos estavam fixos nele, mas não por vontade própria. Era impossível não olhar. Tucano não demonstrava nada além de raiva, um olhar frio, sombrio, como se matar um cara fosse tão simples quanto piscar. O sangue ainda manchava o chão do bar quando ele deu a ordem. — Limpem essa p***a. Some com o corpo. Os vapores nem hesitaram. Obedecer Tucano era questão de sobrevivência. Dona Graça me chamou no canto, sua voz baixa e preocupada. — Vai pra casa, menina. Hoje já deu. Eu seguro as pontas aqui. Assenti, ainda atordoada. Peguei minha bolsa e fui embora pelos fundos, sem coragem de cruzar o olhar com Tucano de novo. Eu precisava sair dali. O caminho até minha casa nunca pareceu tão longo, cada passo pesado, minha respiração instável. Eu ainda via a cena na minha cabeça… o tiro, o corpo caindo… os olhos frios de Tucano. Assim que cheguei na porta de casa, um barulho de motor fez meu peito apertar. A moto dele. Droga. Tentei abrir a porta rápido, mas Tucano foi mais ágil. Ele desceu da moto e, antes que eu pudesse reagir, segurou meu braço com força. — Me solta! — explodi, tentando me livrar. O medo e a raiva se misturavam no meu peito. Mas ele não afrouxou. Os olhos dele estavam cravados em mim, intensos, dominantes. — Eu nunca te dei liberdade pra isso! — continuei, minha voz saindo mais firme do que eu esperava. — Nunca nem olhei pra você, a gente nunca ficou! Tucano não disse nada de imediato. Ele apenas me olhava, como se estivesse me analisando, como se minha reação dissesse mais do que minhas palavras. O silêncio entre nós era sufocante. Eu sentia o cheiro dele, o calor da sua pele próxima demais da minha, e, ao mesmo tempo que meu corpo tremia de medo, algo dentro de mim se revirava. Ele me queria. E eu não sabia se isso era meu maior problema… ou meu maior perigo. — Me solta! Você tá me machucando! — minha voz saiu desesperada, mas Tucano não cedeu. Os dedos dele apertavam meu braço com força, como se quisesse me prender ali, como se eu fosse fugir a qualquer momento. — Tô com medo de você… — sussurrei, e vi algo diferente nos olhos dele. Por um segundo, parecia que minhas palavras o acertaram. Mas só durou um instante. Logo, o olhar dele endureceu de novo. — Medo? — ele riu sem humor. — Medo de mim, Bruna? Logo eu, que sou o único filho da p**a que não deixaria ninguém encostar um dedo em você? Tentei puxar meu braço, mas ele segurou ainda mais forte. — Nunca te fiz nada! — gritei, sentindo as lágrimas encherem meus olhos. — Por que essa obsessão? O que você quer de mim? Tucano me empurrou contra a parede com força, não o suficiente pra me machucar de verdade, mas o bastante pra me sentir presa. — Você quer mesmo saber? — ele rosnou, os olhos pegando fogo. O peito subia e descia rápido, como se ele estivesse lutando contra algo dentro dele. — Eu quero que você me deixe em paz! — rebati, tentando empurrá-lo, mas era como tentar mover uma parede. Os olhos dele analisavam cada traço do meu rosto, e eu sentia que ele lutava contra algo que nem ele entendia. — Eu não sei o que fazer com você, Bruna… — a voz dele saiu baixa, um tom diferente, quase frustrado. Minha respiração estava acelerada, o peito apertado. Eu nunca tinha visto Tucano assim, tão perto, tão intenso… tão fora de controle. Ele me soltou de repente, como se o toque queimasse. — Vai pra casa. Agora. — a voz dele saiu cortante. Não pensei duas vezes. Passei por ele o mais rápido que pude, abri a porta e entrei, trancando atrás de mim. Encostei as costas na porta, tentando recuperar o ar. O que diabos acabou de acontecer? Continuação
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