Tucano narrando Ela tava do meu lado, andando como se nada tivesse acontecido, mas eu conheço cada detalhe da minha mulher. Cada gesto, cada suspiro. E o jeito que ela apertava os dedos, como quem segura raiva, não passou batido. — Bora comer alguma coisa, pequena? — perguntei, puxando ela pela cintura, tentando aliviar o clima. Ela assentiu e fomos pra lanchonete do morro, aquela de sempre, onde os moleques já respeitavam só de ver a gente chegando junto. Mas bastou a gente sentar que os olhares começaram. Olhares de canto, cochichos, risadinhas abafadas. Minha visão ficou vermelha. Eu sou o chefe, c*****o. E ela é minha mulher. A patroa. Mas respirei fundo, engoli seco. Não queria estragar nosso momento. Comemos ali, do jeito que ela gosta: suco gelado, misto quente e batata frita.

