CAPITULO 3

1259 Words
Ao invés de me proibir poderia se oferecer para ir junto, como sozinho novamente, já virou costume sempre estar sozinho sem ninguém por perto. Quando me levanto para pegar minha muleta não acho em lugar algum, saio arrastando a perna até o quarto escovo meus dentes, pego carteira e celular e saio para rua . –Olá jovem! Mesmo lugar de sempre? -Como combinado o motorista já estava a minha espera, essa era uma velha rotina nossa. –Sim, por favor, mas vai rápido, por favor. –Sem problema. Não podia acreditar que ele pegou minha muleta só para eu não sair, que saco eu preciso sair da aba deles, eu não ia pular, só falei aquilo para não falar o motivo real. Será que aquela garota tagarela vai estar lá mesmo? Meus pensamentos são interrompidos pelo toque do meu celular. –Oi pai. –Esta de castigo, sem mesada por dois meses garoto. —Ele esbraveja do outro da linha. –Tudo bem faz como quiser e obrigado por roubar minha muleta, agora sou um alejado sem muletas e manco. —Falo com raiva transparecendo em minha voz –Olha só Bernardo... —Não espero ele falar e desligo em sua cara. –Também te odeio pai. —Digo olhando pro celular depois da chamada já encerrada. –Sei que não é da minha conta, mas não deveria falar assim com seu pai. –Como o senhor disse... Não é da sua conta. —Digo, já estávamos subindo o morro e nunca desejei tanto me atira lá de cima como hoje. –Esta entregue. –Seu dinheiro... Obrigado. —Alcanço para ele e me preparo para sair. –Hoje não vou poder vim te buscar jovem, mas toma esse cartão é de um amigo. –Valeu. —Digo pegando o cartão e descendo do táxi pulando igual a um saci. Vou em direção ao meu cantinho e paro para observar a menina que cantava e tocava em um violão branco de costas para mim. –Viver para ver Sonhar acordado E ver suas maravilhas. —Sorrio para ela, sua voz até que é bonita... Melhor que sua risada com certeza. –Gosto do silêncio lembra Leila? —Digo agora assumindo minha cara séria, mas falo principalmente para provoca-la. Ela se vira para mim com um lindo sorriso e se levanta vindo em minha direção. Não fui eu quem disse isso. –Sou aleijado, mas consigo andar garota. —Digo assim que ela me alcança –Mala. —Diz ela voltando para seu lugar, vou quase pulando e me sento do seu lado . –Desculpa. —Digo simplesmente a ela que ri. –Você sabe ser educado? Uau achei que você não tinha coração. —Ela fala rindo com aquela risada de ornitorrinco sendo esfaqueado. Reviro meus olhos e me deito sobre aquela grama, sinto algo passar por minha cicatriz em meu joelho me levanto rapidamente fazendo Leila se assustar. –Desculpa doeu? Machuquei-te? Ai meu Deus desculpa... Desculpa por favor. —Ela fala sem parar me dando dor de cabeça Nunca ninguém quis tocar na minha cicatriz, e eu não dei i********e para ela não, é muita petulância desta menina. –Não machucou... Só me assustei Leila e também não te dei i********e. —Falo com desdém para ela. –Posso ver? —Ela pergunta me ignorando por completo. –Ta. —Reviro meus olhos para ela. Mesmo contra a vontade acabo cedendo, não sei explicar se é pela simplicidade com que ela fala que me faz querer agrada-la. Levanto mais para cima meu calção até a altura da virilha deixando a cicatriz por completo amostra, ela fica me olhando séria, olha de mim para cicatriz e ri. –Dói muito? —Sua voz sai num sussurro. –Todos os dias. —Digo olhando na mesma direção que a Leila, minha cicatriz. Não é a cicatriz que dói, mas talvez seja meu coração! –Posso orar por você? —A encaro sério, Leila revira os olhos pra mim. - Licença. Ela fala e logo depois me surpreende colocando uma de suas mãos sobre minha perna e a outra em meu peito. Ela ora em inglês, a cada palavra ela ria ainda de olhos fechados, capturo cada detalhe de seu rosto pálido, pela primeira vez baixo minha armadura, acabo sorrindo para ela que termina sua oração tirando logo em seguida suas mãos de mim. –Ta melhor? —Diz com tanta simplicidade me fazendo rir novamente. Devo estar ficando louco. –Vou pular de Asa Delta me acompanha? –Não trouxe dinheiro. —Ela diz rápido. –Eu pago. –E-eu fico te olhando daqui. —Ela diz desviando seu olhar pro chão. –Tem medo de altura? —Pergunto me segurando para não rir. –Não ri. —Sua cara é séria, o que faz meu riso sumir. Levanto-me a puxando nunca sou assim tão atencioso, doideira. –Anda logo. —Uso ela de apoio e saímos do nosso canto escondido, indo para a pista de salto. –E ai cara... Vamos pular? —Benjamim diz assim que me avista. –Claro... Hoje minha amiga vai pular comigo, arranje uma instrutora mulher para Leila, por minha conta. –É pra já cara. —Benjamin sai gritando que nem louco chamando à instrutora. —RUÍNA –Porque você sempre é m*l humorado? –Não sei... A não é da sua conta lembrou? –Pedra. –Vem vamos colocar as roupas Leila. —Digo para ela olhando para Benjamin e Ruína que estavam a nossa espera. –Só se você tirar uma foto comigo. –Não... —Saio andando mais paro assim que percebo que Leila continuava parada no mesmo lugar. –Permita-se divertir Beezinho. —Ela ria sem parar me olhando, o que me faz revirar os olhos. –Não gosto que me chame assim... Tira logo... Essa sua foto. —Digo sem paciência nenhuma com ela. Ela coloca seu braço ao redor da minha cintura e tira a foto, logo após me mostra reclamando por eu não por rir. –Anda vamos logo Leila. —Digo a empurrando e a mesma começa rir. Seguimos até os instrutores para colocarmos as roupas e sinto de segurança que não são poucas. Ben e mais outro me ajudam a vestir tudo que preciso para voarmos. –Bee... Eu não quero! Por favor, coração de pedra... —Leila fala me chamando atenção, era nítido o apavoramento em sua voz . –Calma... Você vai amar quando pularmos Leila! Confia em mim, vai sair viva depois. —Digo lhe fazendo uma careta seguida de um sorriso. Tomamos impulso e finalmente pulamos, o friozinho invadindo a barriga, a adrenalina se espalhando pelo corpo, o grito de euforia saindo pela garganta faz eu rir com gosto atraindo a atenção de Benjamin. Podia ver Leila logo mais ao lado, sua cara de apavorada, seus olhos vidrados em um ponto fixo me fez por um minuto achar que ela estava passando m*l. –LEILAAA... ESTÁ-SE BEM? —Grito para ela que procura com os olhos até me achar. –RELAXAAA... –VOCÊ É LOUCOOO. —Balanço minha cabeça em negativo e volto a apreciar a vista linda, o sol batendo em meu rosto dava sensação de liberdade. Logo pousamos, caímos sentados na grama do campo o voo dura uns trinta minutos, mas a sensação é de que o tempo para lá em cima, e como eu queria poder parar o tempo. Pago Benjamin e Ruína e subimos com eles de volta para o topo do morro.
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