CAPITULO 5

1699 Words
–Sim senhor. —Digo com todo o sarcasmo me sentando em sua frente. Ele me olha sério, mas sempre deixando umas risadas escapar o que me faz revirar os olhos. –Tá de castigo... Sem mesada. —Seu tom não era autoritário. –Acabou? –Não, eu não acabei... Quem é aquela menina? –Conheci ela há alguns dias, por quê? —Passo minha mão sobre meus cabelos o encarando. –Nada não. –Minha vez. —Solto uma risadinha. –Quero trabalhar, vou continuar com as fisios, mãe. —Nessa hora olho para ela que estava no sofá ao lado de meu pai. –Vou arranjar um curso para fazer... E... Vou sair de casa. Eles ficaram me olhando sem reações, suas caras já falavam tudo, e nenhum deles se habilitou a dizer algo então tudo bem. –Valeu! Vou tomar um banho e ir dormir. Levanto-me e vou para o meu quarto sem ser parado, tiro toda minha roupa e entro na água, a vontade era de não sair mais de lá, mas minha mãe não pensa igual. –Seu celular tá tocando Bernardo. –Tá já estou saindo. –Anda a janta esta pronta. Saio enrolado na minha toalha, me apoiando na bengala, pego meu celular e o mesmo me assusta quando começa a tocar na mesma hora. –Fala Leila. –Poxa pedra que mau humor, hein! –que você quer garota? —A ouço suspirar. A linha fica muda, e se eu não estivesse ouvindo sua respiração acharia que a ligação havia caído, bufo. –Vou desligar. –Queria te convidar para sairmos amanhã de manhã. —Ela fala rápido. –Too na fisioterapia. –De tarde? –Too de castigo. —Solto toda minha respiração e me sento em minha cama. –Tá me evitando? —Ela pergunta excitando. –Não sei... Olha não somos amigos não. –Sr. Mau humor, posso te ver na sua fisio? —E ela excitou de novo. –Arg... Vou jantar Leila, boa noite. –Espera Bernardo que saco... –Eu too pelado falando com você, too com fome, depois te ligo. —Digo entre dentes para ela sem a menor paciência. Ela sussurra um desculpa e desliga imediatamente, jogo meu celular na cama e volto a me vestir, coloco uma calça de moletom cinza e vou para cozinha. –Até que enfim, estávamos esperando. –Não pedi que me esperassem. –Gostei da sua amiga. —Ele fala ignorando minha ultima resposta. Coloco um pedaço de bife na boca e engulo antes de responder. –Ela não é minha amiga. —Falo revirando os olhos e voltando a comer. –Pareceu bem preocupado com ela... –Posso ser arrogante, mas não ia deixar de prestar socorro a ela e a culpa foi minha. –E porque sua culpa filho? —Jacque fala se pronunciando pela primeira vez na nossa conversa. –A convenci a pular de Asa Delta... Posso comer? –Não pedi que não comesse. —Meu fala no mesmo tom de sarcasmo comigo. Comemos em silêncio, ninguém falou nada e era como se eu estava sozinho ali de novo, termino de comer e volto ao meu quarto, pego meu celular e mando mensagem para ela. “Desculpa esse é o endereço: Fisioterapeuta Jacque, Rua Primos 495 começo as nove! Boa noite”. Coloco o celular de baixo do travesseiro e durmo com o cansaço, a dor e as lembranças me envolvem quase me engolindo, até me consumir por completo. Sou acordado por mãos pequenas e delicadas, sorrio ouço uma risada engraçada, pera ai eu conheço essa risada. Abro meus olhos na esperança e só vejo minha mãe me olhando seria. –Que foi? —Pergunto seco, com o olhar gélido para ela. –Você estava chamando por sua mãe... —Ela estava sentada na beira da minha cama. Sua voz saiu como um sussurro, ela me da um sorriso sem graça, finjo que não a escuto e mudo de assunto. –Que hora é? –Sete e meia da manhã. –Meu pai já foi? –Sim, eu preciso ir mais cedo hoje, tudo bem? Você vai? –Sim senhora vou tomar banho, vou ir tomar minha injeção, depois eu vou. –Deixei seu café pronto. —Ela se levanta e sai. Fico deitado encarando o teto por alguns minutos, tentando lembrar o que eu sonhei, no meu celular não havia nada da Leila, me levanto e pego minhas roupas para tomar um banho rápido, coloco um calção jeans claro, meus tênis bota branco da Adida, uma regata verde escura, pego as roupas para a fisioterapia, minha injeção e saio de casa indo a caminho do posto. Que não fica muito longe da li acho que umas duas quadras o que me dificulta um pouco, temos uma vida boa, meus pais trabalham pelo SUS e tem seus consultórios particular mas eu prefiro ir no posto publico mesmo. –O que faz aqui? –E eu, é... É. –Vai dizer que é por causa de ontem? –Não... É só uma consulta normal, você fugiu da fisio? –Tenho que tomar uma injeção... –Me espere te levo depois. Ela fala isso, me da um beijo na bochecha e vai em direção ao medico que a chamava. Logo sou chamado também, odeio o enfermeiro do ambulatório Gustavo o cara tá sempre rindo nunca vi. –Olha o Senhor Moribundo tem uma gatinha. –Vai se ferrar. –Cadê o respeito? –Quer ter respeito? Aprende a respeitar. –Abaixa a calça. —Ele fala se rindo, faço o que ele manda. –Merda... –Que foi Gustavo? —Digo entre dentes pela dor. –Entupiu a agulha, foi m*l. —Ele tira agulha de uma vez só e prepara outra dose. Uma injeção daquelas dói muito, ele aplicou a metade da dose e a agulha entupiu agora ele esta com outra seringa com mais remédio e fura o outro lado da minha b***a. Eu quase chorei, não estava de bom humor, depois disso piorou, saio daquela sala sem falar com Gustavo e praguejando pela saúde publica ser uma porcaria. Chego à rua e vejo a Leila parada me encarando. –O que você está olhando? –Cê tá bem Beezinho? —Ela fala fazendo uma careta. –Não. Chame-me assim. –Que mau humor, anda vamos logo. —A sigo que entra num carro e manda-me entrar também. –Oi Melanie. –Oi. —Diz ela seca. –Segue para a clínica? O Bernardo nós mostra o caminho né? —Aceno com a cabeça em confirmação. –E eu também vou ficar lá. —A irmã dela bufa, mas segue caminho, a guio que não demora muito para chegarmos. –Não sei como você quer ser amiga dele... Cara carrancudo. –Too escutando sua... –Nada né Bernardo. —Leila me interrompe. –Ninguém merece. —Reviro meus olhos e fico em silêncio enquanto ela estaciona. Viajo pro dia no morro, em que Leila ora por mim, lembro-me de suas palavras. “Me de passagem livre papai Para poder ser um instrumento Me deixe ser para ele um porto, a cura.” –BERNARDO... –Que? –Chegamos. —Descemos do carro. Entro na clinica seguido por Leila, passamos direto pela recepção, assim que minha mãe nos vê vem ao nosso encontro, a deixo com Leila e vou pro vestuário. Depois de vestido vou ao encontro das duas que param de rir assim que chego. –Vamos fazer essa fisio hoje ou não? —Pergunto com desgosto, não sei a necessidade de ficar rindo de tudo. –Claro filho vamos. —Ela fala meio desconfortável. Parto para a mesma rotina de todos os dias, mas hoje faço mais exercícios que ontem, e no final eu só queria dormir, estava suado e grudento. Saio em direção ao bebedouro e encontro Leila. –Me alcança um copo? —Ela se assusta e cospe a água em mim, molhando minha cara, meu sangue ferve, respiro uma, duas, três... E ouço-a rir tanto que chegava estar chorando. Não vou perder a cabeça... Respira inspira... –Qual a graça? —Pergunto entre dentes para ela. Ela não ria mais, havia pessoas ao nosso redor que riam da situação. –Desculpa bê, mas foi engraçado vai... Me da um sorriso... Pode ser pequeno. —Ela diz com a mão na boca rindo. Passo por ela e me sirvo olho bem para ela. –Vamos ver se você acha isso engraçado. —Digo com ironia, e jogo um copo de água na sua cara que com o susto solta um grito. Saio dali bufando alto, as pessoas curiosas umas davam risadas, outras nos olhavam sérias ou espantadas, mas sou interrompido por braços minúsculos em volta da minha cintura. –Calma... Desculpa, achei que você ia levar na brincadeira. –Me larga! Não te dei essa i********e. —Falo alto com ela que me larga na hora. –Não Leila... —Jogo minha cabeça para trás em sinal de raiva, a mesma se encontrava de braços abertos e me olhando. –Só um? Se permita Bernardo. —Ela fala num sussurro e fazendo um beicinho até engraçado. Ela começa a fazer a cara do gato do Shrek, finjo que não vejo nada e vou pro vestuário, olho para trás e ela continua lá, me olhando, bufo virei um molenga. –Tá... —O sorriso dela se alarga e ela vem correndo, praticamente se atira em cima de mim quase nos derrubando, Leila é pequena bate no meu queixo, ela me abraça apertado e ergue-a cabeça para me olhar. –Que foi? —Me abraça. –Não gosto de demonstração de carinho –Nem percebi isso, estou só pedindo um abraço não te pedindo em casamento. –Ai é que tá... Ninguém casaria com um aleijado. -E eu sei disso mais do que ninguém, pois nunca uma menina da escola queria sair comigo ou me convidou pra algo, ela cicatriz simplesmente afastava todos. –Eu casaria... Você é lindo. —Ela fala ficando vermelha. Tiro seus braços de mim reviro meus olhos e entro no vestiário desta vez. –Garota estupida.
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