Esse é um péssimo momento pra mim, a queda.
O (quase) fundo do poço.
A minha tragédia e vergonha.
Estava em uma delegacia, de frente para o delegado e próximo ao escrivão, que estava sentado olhando pra mim com um ar de debochado, como quem diz que eu me fodi, de novo pra variar. Esse filho da p**a é bem rancoroso, visto que no natal passado ele foi parar dentro de uma piscina, adoro confraternização, não gosto de quem está nela.
Eu estava com meu braço parcialmente imobilizado e sem camisa, apenas com a calça e o tênis. Estava frio pra caramba e ninguém se importava em me dar um caso um um cobertor para me cobrir.
Era véspera do meu aniversário de vinte anos e tinha um delegado com uma cara f**a pra caramba me encarando, o que me fazia pensar se realmente é meu pai ou se realmente me ama ainda. Eu era seu primogênito, ele devia me amar mais e não ralhar comigo dessa forma.
Já ouviram aquele ditado, que acidentes acontecem? Então, eu era a prova viva disso.
Meu pai era um fofo. Na verdade eu minto muito ao dizer tais palavras, porque meu pai não era fofo, ele era tudo, menos fofo.
Aí você me pergunta e quer saber o motivo da minha presença em uma delegacia. Ah, trazer comida para meu pai que não foi pra casa, claro. Obviamente.
Só que não.
Havia batido o carro, o carro era do meu pai, o dito delegado. Além de ser dele, eu peguei sem pedir. O que piora muito a minha situação. Ele devia estar muito puto comigo. Eu disse que ele não era fofo. Será que ele não pode considerar que o carro já é meu presente de aniversário do ano?
– Vai ficar calado, James? – A voz dele saiu como um raio em minha direção.
– Pai, eu estou arrependido.
– Cala a boca!
Bem, eu tentei. Juro. Okay, isso não é bom.
– Foi o senhor que começou.
– Eu? Não, você começou, você estava correndo, não só fora do limite de velocidade, mas estava correndo com o meu carro e bêbado, praticamente isso.
Horas atrás eu estava muito bêbado, meu pai me colocou em uma cela e me injetou glicose e remédio pra dor.
Até que ajudou.
– Eu não queria deixar as coisas chegarem nesse ponto, me desculpa, papai.
Eu era um cara de p*u, admito, mas é melhor morrer tentando.
– Tinha alguém do seu lado, que tinha uma perna e um nariz quebrado. Preciso dizer mais alguma coisa?
– Vai fundo! – Conversas acalmava meu pai.
E por Deus, ele precisava ficar calmo, ouvir ele conversar não era tão r**m. Mesmo que eu fosse o alvo de toda aquela conversa. Eu não ia falar nada, meu pai é meu pai, temos uma hierarquia aqui.
– Você teve sua habilitação suspensa, a lei é clara, você ficaria atrás de uma cela se eu não tivesse impedido. James, você não é mais réu primário.
Eu olhei pra ele, ele estava certo. Já havia feito muito, não era bom mais coisa para meu currículo. Nem mais um BO e nem alistamento nas forças militares e essa baboseira.
Minha primeira passagem aconteceu dois anos atrás, eu havia bebido e brigado, mas não foi nem a briga que pegou para o meu lado, foi eu ter discutido com um policial, desacato, três meses de serviço comunitário e um pedido de desculpa. O pedido de desculpas do meu pai me fez pedir na base do ódio, meu? Não, dele.
– Para onde é a passagem? – Perguntei firme, enquanto olhava para os envelopes na mesa com o logo do aeroporto.
Eu sabia que aquilo era pra mim, meu pai nunca tirava férias, nem quando levou uma bala na perna, achava que se ele saísse iria virar bagunça.
– Del Rey, você vai pra casa da sua mãe.
Eu olhei pra ele.
Foi a pior piada da noite.
Na verdade, só o começo havia sido bom, o resto estava só piorando.
Gradativamente.
– Minha mãe? Eu não quero ir, quero ficar pai, por favor – Argumentei.
Ou tentei fazer alguma coisa. Meu pai sorriu, sorriu de raiva, tenho certeza. James, dessa vez você está muito na lama. Veja a expressão dele, como ele me coloca no útero da minha mãe mentalmente de volta.
– Se ficar por esses lados vai para o alistamento, se você se recusar, serviço comunitário por um grande tempo. Por outro lado, ir para sua mãe é a coisa mais sensata, lá você tem um ambiente mais calmo, tem seu irmão Alex, você vai se sair bem filho.
Eu olhei indignado pra ele.
– Minha mãe? Meu irmão? Sabe que não nos damos bem – Meu pai era bem vingativo.
Isso significava muito pra mim. Significava que eu tinha que evitar isso. Bater de frente agora não era e nunca seria uma boa ideia.
– Sim, ela. Não é a mulher mais…
– Não fala dela pra mim, obrigado - O cortei e sorri pra ele, pegando a passagem na mesa. – Bem, doutor Frost, acho que vai ficar com saudades de mim.
– Espero que saiba que eu não posso fazer nada por você lá – Era mais um aviso, um alerta para eu não me meter em confusão. – Se entrar em confusão, eu não vou poder fazer nada.
– Provavelmente não .
– Aproveite esse tempo, novos ares.
– Vou aproveitar, claro que vou. O mato tem várias alternativas de aproveitamento.
O único mato que eu conhecia era o mato da maconha. O resto é resto. Será que se eu me jogar no chão meu pai muda de ideia? Bem, não vamos ser tão dramáticos. Isso é só por um tempo, até que a poeira abaixe por aqui, depois eu voltaria e pronto, todos sairíamos felizes para sempre.
Começamos!!!!!
AVISO - Mais um livro fresquinho pra vocês (finalmenteeee), para ficar por dentro adicione o livro na biblioteca, comente sempre nos capítulos para eu poder saber o que vocês acham do livro e deixe o seu voto maravilhoso ou me sigam para receber novidades e atualizações. Até amanhã com mais um capítulo fantástico. Att, Amanda Oliveira, amo-te. Beijinhos. Hehehehe até