Analu
A primeira coisa que senti foi o peso do braço dele atravessado sobre minha cintura, como uma âncora me mantendo presa àquela realidade que eu sabia ser passageira. A segunda foi o cheiro — uma mistura inconfundível de sexo, suor e o perfume barato dos lençóis do motel. Um aroma que já me era estranhamente familiar.
Abri os olhos devagar.
A penumbra do quarto era cortada apenas por uma fresta de luz laranja que entrava pela janela m*l fechada — o mundo lá fora ainda não tinha amanhecido completamente.
Madrugada.
A hora mais crua do dia, quando as máscaras caem e as verdades doem mais.
Meu coração acelerou num ritmo de pânico. Eu não devia estar ali. Não devia ter adormecido. As consequências do que eu tinha feito começaram a descer sobre mim como um manto pesado, sufocante.
Com movimentos lentos, cuidadosos, levantei o braço dele — surpresa pela maciez com que ele dormia, tão diferente da ferocidade com que me possuía horas antes. Deslizei para fora da cama, meus pés encontrando o chão frio. A cena era quase cômica: minha roupa cara espalhada pelo quarto barato, meu sutiã de renda pendurado na cadeira de plástico, meu vestido jogado sobre a pia do banheiro que tinha manchas de ferrugem.
Vestir a calcinha no escuro foi um ato de contrição. Colocar o sutiã, uma penitência. Cada peça de roupa que eu recolocava era um passo de volta para a pessoa que eu era supostamente ser — Analu, a filha do empresário, a patricinha do condomínio fechado, a garota de vida perfeita.
Estava me virando para pegar o vestido quando a voz dele cortou o silêncio, rouca de sono, mas carregada daquela ironia que me fazia tremer por dentro.
— Tá indo embora sem se despedir de mim, patricinha?
Meu corpo inteiro congelou.
Virei lentamente.
O Cayo estava sentado na cama, os cabelos castanhos despenteados caindo sobre os olhos, o torso nu iluminado pela luz fraca que entrava pela janela. Os lençóis cobriam apenas as pernas, e eu sabia que sob aquela cobertura barata, ele estava completamente nu. Sempre esteve mais confortável na própria pele do que eu jamais estaria na minha.
— Eu... eu preciso ir — minha voz saiu trêmula, fraca — Vai dar uma briga em casa. Eu não devia ter dormido.
Minhas mãos tremiam enquanto tentava encontrar o lado certo do vestido no escuro. Cada segundo que passava era um prego no caixão da minha reputação, da minha vida como eu conhecia.
— Já tá tarde, você já vai levar uma bronca — ele disse, e eu pude ouvir o sorriso na voz dele — Deixa eu te comer mais uma vez?
Ele se levantou da cama com a mesma graça felina que tinha em todos os movimentos, o p*u mole mas grande, o corpo esculpido — não pela academia — se movendo em minha direção como um predador. A luz da madrugada desenhava sombras nos músculos do seu abdômen, nos contornos dos seus braços.
— Cayo, eu... — tentei protestar, mas ele já estava diante de mim, suas mãos encontrando meu rosto, seus lábios selando os meus num beijo que cheirava a sono, a cigarro, a nós.
Era um beijo possessivo, dominador, que não pedia permissão — tomava. Minhas resistências se desfizeram como açúcar na água, meu corpo respondendo ao dele antes mesmo que minha mente pudesse processar o que estava acontecendo.
Quando nos separamos para respirar, ele olhou nos meus olhos, seus dedos ásperos traçando minha linha da mandíbula.
— Você agora é minha, Ana Luísa — ele declarou, como se estivesse registrando uma escritura, definindo uma verdade irrevogável.
Suas mãos eram hábeis — com uma única ele desfez o fecho do sutiã que eu tinha acabado de colocar com tanto cuidado. O tecido cedeu sob seus dedos experientes, e eu senti o ar frio do quarto contra meus s***s antes de sentir o calor da sua boca.
— Eu passaria o dia todo chupando esses seus s***s lindos — ele murmurou contra minha pele, sua boca encontrando um mamilo enquanto suas mãos apertavam o outro.
Seus dentes mordiscaram suavemente a ponta dura, e um gemido escapou dos meus lábios. A dor era um fio tênue que se entrelaçava com o prazer, criando uma tapeçaria de sensações que me deixava tonta, impotente. Já tinha desistido de lutar contra o desejo — ele sempre ganhava essa batalha.
— Tira essa calcinha e fica de quatro aqui na beira da cama — ele ordenou, seu tom deixando claro que não era um pedido.
Meus olhos baixaram, involuntariamente, para o p*u dele — já duro, imponente, apontando para cima como uma arma carregada, pronta para me levar à loucura mais uma vez. Havia algo primal naquela visão, algo que fazia meu corpo responder imediatamente, minhas pernas amolecendo, minha umidade aumentando.
Obedeci.
Como sempre obedecia quando ele usava aquele tom. Fiquei de quatro na cama, com os pés pendurados para fora da borda, a posição me fazendo sentir incrivelmente exposta, vulnerável. Ele se aproximou, suas mãos encontrando minha cintura, me puxando ainda mais para a beirada, me ajustando ao seu gosto.
— Abre mais as pernas — ele comandou, e eu me abri, sentindo o ar frio tocar minhas partes íntimas que já estavam quentes por ele.
Ouvi seus passos se afastando, e então a luz do abajur se acendeu, inundando o quarto com uma claridade repentina que me fez piscar. De repente, estava tudo iluminado — as paredes descascadas, o chão manchado, nossos corpos suados, e eu, de quatro na cama, completamente exposta à sua visão.
— Quero ver meu p*u te fodendo gostoso — ele disse, sua voz grave ecoando no quarto pequeno.
E então, sem aviso, sem preparação, ele entrou em mim de uma vez. Um gemido — metade dor, metade prazer — escapou da minha garganta enquanto ele preenchia cada espaço vazio dentro de mim. Ele rebolou levemente, fazendo seu p*u entrar mais uns centímetros, e então pulsou dentro de mim.
Era uma sensação que eu nunca tinha experimentado antes — tão íntima, tão possessiva, tão profundamente prazerosa que me fez tremer por inteiro.
— Gosta assim, safada? — ele perguntou, suas mãos segurando meus quadris com força.
Eu balancei a cabeça, incapaz de formar palavras, meu rosto enterrado no lençol que ainda carregava o cheiro do nosso sexo da noite anterior.
Então sua mão bateu na minha b***a — um tapa firme, ressoante, que fez minha pele queimar e meu corpo arcar em resposta.
— Vou deixar sua b***a vermelha de tanto tapa e p**a — ele prometeu, sua voz rouca — Empina mais pra mim.
Empinei, me oferecendo a ele completamente, sem reservas. Era assim que ele me fazia sentir — como uma deusa e uma p**a ao mesmo tempo, reverenciada e usada, amada e fodida.
Ele iniciou um vai e vem intenso, quase me derrubando contra o colchão com a força de suas investidas. Seus quadris batiam contra minha b***a com um som úmido e primitivo que deveria ser constrangedor, mas que só aumentava meu êxtase. Entre as estocadas, suas mãos distribuíam tapas na minha b***a — alguns leves, outros mais firmes, cada um fazendo minha pele queimar e meu prazer aumentar.
E depois, como se sentisse necessidade de suavizar a aspereza, ele se curvava sobre minhas costas, deixando beijos suaves entre minhas omoplatas, murmurando palavras que eu não conseguia ouvir, mas que sentia como carícias.
A intensidade do ritmo, a combinação de dor e prazer, a sensação de estar completamente possuída — tudo se uniu em um crescente que me levou a um orgasmo tão violento que me fez gritar implorando por mais, minhas unhas se enterrando no colchão barato, meu corpo tremendo incontrolavelmente.
Ele não parou.
Não teve pena.
Puxou meu cabelo, trazendo minha cabeça para trás, e continuou me fodendo com uma força renovada, como se meu orgasmo tivesse apenas alimentado seu próprio desejo. Senti seus músculos se tensionarem, ouvi seus gemidos se tornarem mais roucos, e então ele gemeu meu nome
— Ahhh gostosa, p*****a safada, Analu! — e eu senti o jorro quente dele dentro de mim, me preenchendo, me marcando como sua.
Ficamos assim por um momento — ele curvado sobre minhas costas, ofegante, suas mãos ainda segurando meus quadris, seu corpo ainda tremendo com os espasmos finais do prazer. Então ele saiu de mim, e eu senti seu sêmen escorrer pelas minhas pernas — uma sensação ao mesmo tempo suja e íntima, que me fez sentir mais dele do que nunca.
No banho, ele me lavou com uma suavidade que contrastava brutalmente com a fúria com que tinha me possuído minutos antes. Suas mãos, tão ásperas e fortes, deslizavam sobre minha pele com uma reverência que me comovia. Não trocamos muitas palavras — o que havia entre nós nunca foi realmente sobre palavras e sim desejo.
Na moto, de volta para casa, o vento da madrugada secou minhas lágrimas antes que eu mesmo percebesse que estava chorando. Meus braços envoltos em sua cintura, meu rosto pressionado contra suas costas, eu respirava seu cheiro — uma mistura de sabonete barato do motel e algo que era apenas dele — e sabia que estava perdida.
Quando ele parou na frente do condomínio, desceu da moto e me ajudou a descer. Seus olhos me escanearam no crepúsculo que antecedia o amanhecer.
— Te busco às oito? — ele perguntou, não como um pedido, mas como uma constatação.
Eu balancei a cabeça, incapaz de falar, e ele entendeu. Um aceno de cabeça, um último toque em meu rosto, e então ele subiu na moto e foi embora, o ronco do motor ecoando na rua vazia.
A casa estava silenciosa quando entrei — o tipo de silêncio pesado que só existe nas casas onde as pessoas dormem, mas os segredos estão acordados. Subi as escadas para meu quarto, meu corpo ainda latejando com a lembrança dele, meu vestido ainda carregando o cheiro do motel, do sexo, dele.
E então, sozinha no meu banheiro, com a luz c***l do espelho revelando as marcas que ele tinha deixado no meu corpo — os roxos em meus quadris, as marcas de dentes em meus s***s, o vermelho de suas mãos em minha b***a — desabei. As lágrimas vieram silenciosas, mas violentas, sacudindo meu corpo com uma força que me dobrou sobre a pia.
Eu o amava.
A palavra surgiu em minha mente com a clareza brutal de uma verdade que não pode mais ser negada. Amava sua aspereza, sua honestidade brutal, a maneira como ele me fazia sentir viva, real, verdadeira. Amava o sexo com ele — selvagem, primitivo, uma linguagem que meu corpo entendia melhor do que qualquer palavra que eu tinha aprendido em minha vida polida e perfeita.
Mas também sabia que estava jogando minha vida fora. Cayo era tudo que meu pai mais odiava — pobre, sem educação formal, um "motoboy" que vivia com trocados. Não havia futuro nisso, apenas um presente intenso e condenado.
Nos dias que se seguiram, comecei a viver uma vida dupla. A filha exemplar em casa — vestindo as roupas certas, dizendo as palavras certas, sorrindo nos jantares de família. E a mulher apaixonada nas sombras — atendendo seu telefone, o encontrando em motéis baratos, o deixando me possuir de todas as maneiras que queria, sempre que queria.
Cada vez que ele me chamava, eu ia.
Cada vez que suas mãos ásperas encontravam minha pele, eu me entregava.
Cada vez que seu corpo encontrava o meu, eu me perdia.
E nos intervalos, quando estava sozinha em meu quarto perfeito, olhando para o mundo perfeito que me esperava, eu chorava — não por arrependimento, mas por saber que nenhum daqueles momentos com ele duraria para sempre, e que quando tudo acabasse, como eu sabia que iria acabar, eu nunca mais seria a mesma.
A patricinha tinha conhecido o caos, e descobrira que preferia o caos à perfeição. E essa talvez fosse a verdade mais dolorosa de todas.