Ana, a donzela

1044 Words
Enquanto Danilo fugia da proposta de casamento de seu avô, com a garota perfeita, Ana cuidava de seu amado tutor. Camilo a encontrou ainda criança vivendo sozinha, a beira da miséria em uma casinha humilde no vilarejo. A menina não tinha opção, seus pais fugiram com egoísmo, não podiam mais cuidar da garota, foram cruéis em deixá-la para trás. Mas o seu anjo da guarda nunca a desamparou, Camilo se compadeceu da menina e a levou para viver em sua casa na fazenda. A medida que a garota crescia as empregadas foram lhe tratando como uma serviçal e não era isso que o patrão queria. Estava planejando lhe dar uma boa educação, aulas de etiqueta, aula de idiomas, roupas para garotas da sua idade e todo o conforto que merecia. O coração de Camilo era generoso e amou Ana com toda sua alma. A garota alegrava seus dias na fazenda, era sempre alegre apesar da vida sofrida. As empregadas sentiram enciumadas pelo tratamento diferente a garota órfã e começaram a humilha-la a fazer Ana se comportar como uma verdadeira escrava naquele lugar, lhes passavam as mais pesadas e difíceis tarefas de limpeza da casa e a menina fazia tudo sem reclamar, pois tinha medo de ser abandonada novamente e passar frio e fome sozinha como passou quando seus pais a deixaram. Camilo não fazia ideia do que sua pupila passava quando ele não estava na fazenda. Ele imaginava que as "cobras" que eram suas empregadas mais velhas e de confiança poderiam acolher com amor e respeito aquela pobre criança órfã. Mesmo trabalhando como uma escrava na fazenda Ana sabia ser grata por tudo que recebia de seu tutor, ele não lhe deixava faltar nada. A matriculou na melhor escola da cidade, permitia que ela tivesse amigos, que vivesse uma vida comum a qualquer menina da sua idade. O tempo foi passando e a garota franzina de olhos assustados e tristes foi desabrochando feito uma linda flor no jardim. Ninguém olhava para Ana com olhos de admiração, mas assim que ela alcançou seus quinze anos até mesmo os amigos traiçoeiros e arruaceiros de Danilo estavam atraídos pela garota que vivia na fazenda. Certo dia os irresponsáveis a cercaram na entrada da fazenda, na estradinha de terra que levava até a cidade. Aquele dia ela havia se atrasado e perdido o ônibus escolar e teve de ir a pé o que não foi uma boa idéia. Ela não suportava Danilo, suas brincadeiras sem respeito quando passava por ela. Com os amigos ele tinha ainda mais coragem para ser o macho escroto que ele era: ___ Olha a protegida de seu avô! (Disse Rafael filho do prefeito) ___ Como ela está ficando gatinha em Danilo, acho que já esta no ponto de ser usada! (Disse Yuri uma dos filhos de um renomado médico) Danilo sorriu e se colocou na frente de Ana, ela estremeceu, olhava para os próprios pés, nervosa com a situação embaraçosa em que se encontrava: ___ Sim! O patinho f**o se tornou em um cisne! (Disse Danilo sorrindo) ___ O problema é que ela se esconde por baixo dessas roupas imensas... (Falou Rafael rindo) ___ Da para sentir que tem um belo corpo! (Disse Yuri tocando sua cintura) Aquele contato físico a fez se desesperar, ela o empurrou com força e tentou correr, mas Danilo a segurou: ___ Meu avó não te ensinou tratar com educação as visitas? (Disse Danilo) ___ Me solta! (Disse ela gritando) Um tiro os assustou, Danilo a soltou e Ana correu como nunca em desespero para a casa. Mais a frente puderam ver o autor daqueles disparos, era Camilo, que caminhava com dificuldade com sua bengala e segurava na outra mão uma espingarda. Os seus amigos ficaram em alerta ao lado de Danilo que também estava surpreso com a atitude de seu avô: ___ Não os quero perto de Ana! Seus vagabundos, ordinários! (Disse Camilo) ___ Calma vovô, a gente só estava brincando com ela! (Disse Danilo) ___ Os dois sumam da minha frente e você Danilo teremos uma conversa séria daqui a pouco! (Disse Camilo apontando a arma para seus amigos) Os rapazes saíram apressados e foram para o jipe de Rafael. Danilo acompanhou o avô, sabia que teria que ouvir horas de repreensão. Não era a primeira vez que brincavam com Ana, ele sabia que o avô protegia a garota e a queria em segurança, mas Danilo tinha muita raiva e ciúme dessa p******o exagerada. Sua mãe inflamava sua mente dizendo que Camilo poderia dar sua herança a garota órfã que criava e isso deixava Danilo em cólera de tanta raiva. Ele era o único neto do poderoso fazendeiro, não aceitaria dividir sua herança com ninguém e muito menos a uma garota que não tinha o sangue de seu avô. Sempre que podia expressava a raiva que tinha por Ana com suas provocações, várias vezes Camilo pegava a menina chorando em algum canto da casa alegando as muitas travessuras que Danilo fazia. As brincadeiras de criança foram tornando cada vez mais ousadas e perigosas, aliás Ana só tinha dez anos e Danilo era mais velho, já era um rapaz de dezenove anos que tinha prazer em provocar a garota indefesa. Aquele dia em que Camilo presenciou a aproximação do neto e os demais amigos provocando Ana ele perdeu completamente a paciência, não queria de forma alguma que eles a machucassem e estava disposto a m***r qualquer um que fizessem m*l a garota. Quando chegou a sua sala de reuniões deixou sua espingarda do lado da mesa e sentou se cansado na cadeira. Precisou fazer um esforço enorme para respirar, estava exausto com aquele simples esforço: ___ Ouça bem o que vou te dizer Danilo! (Disse Camilo apontando o dedo indicador para o neto) ___ Se fizer qualquer maldade a Ana eu vou tirar seu nome do meu testamento! Fui claro? (Disse Camilo tremendo de raiva) Danilo também estava fora de si de tanta raiva, mas concordou com seu avô. Sua mente estava longe, queria encontrar Ana a sós para falar a ela todas as coisas que ela precisava ouvir, ameaça-la da mesma forma que seu avô o ameaçava deserdar. Aquilo não poderia ficar impune, seu avô a quem tanto amava o humilhou para defender a garota bastarda.
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