ISABELA NARRANDO Ele ficou me olhando como se eu tivesse acabado de enfiar a mão dentro da alma dele e puxado um segredo que ele guardava num cofre com quatro cadeados. O olho dele arregalou de um jeito que eu nunca tinha visto o Davi reagir na vida. Nem quando eu joguei a torrada dele na minha boca. Nem quando eu levei ele pra varanda. Nem quando o fisioterapeuta ficou secando minhas pernas. Ali… parecia que eu tinha tocado no ponto exato onde ele mais doía. E eu nem tinha falado na maldade. Eu só… falei. — Davi… — eu tentei suavizar, erguendo uma sobrancelha. — Foi só uma pergunta, tá? Não precisa ficar assim, não. Ele virou o rosto na hora, como se fugir do meu olhar fosse resolver alguma coisa. Como se esconder o rosto fosse esconder o assunto. — Esquece isso, Isabela. — A voz

