DAVÍ NARRANDO Eu saí do banheiro empurrando a cadeira devagar, com a toalha jogada no ombro, a cueca e a bermuda larga no corpo, o cabelo ainda pingando umas gotas teimosas no pescoço. Eu tava exausto, mas não era só físico, não. Era mental. Tomar banho sozinho depois de tanto tempo… parecia pequeno pros outros, mas pra mim foi tipo atravessar um desfiladeiro andando em corda bamba. E ainda tinha ela ali, encostada na parede, mexendo no celular como se estivesse esperando um Uber, mas pronta pra dar opinião se eu tropeçasse. Quando ela levantou a cabeça e me viu, abriu aquele sorriso debochado, cheio de ironia, mas sem maldade. — Morri não — falei, secando uma última gota na nuca. — Fica tranquila que hoje ninguém vai ficar feliz com minha morte. Ela soltou uma risadinha curta. — Que

