Davi Narrando Rose me ajudou a passar da cadeira de rodas para a cadeira de banho com aqueles movimentos treinados, precisos, que só funcionavam porque eu não tinha alternativa. Ela segurou minhas costas, meu braço, guiou meu peso como se estivesse movendo um corpo que não era meu, e era aí que morava a pior parte: nada daquilo parecia meu. Nem meu corpo, minha vida e nem aquela casa. Quando ela finalmente conseguiu me posicionar debaixo do chuveiro, o barulho da água caindo preencheu o banheiro inteiro. Vapor começou a subir devagar e, por um segundo, eu desejei desaparecer ali mesmo, virar fumaça, sumir. Rose abriu o registro e soltou a água morna sobre o meu corpo. Eu fechei os olhos, sentindo o calor bater nos meus ombros, escorrer pelo peito, cair nas minhas pernas, minhas pernas

