Robson narrando
A verdade é que nunca houve rótulo pra mim. Homem, mulher, trans, hétero, gay — tanto faz. Pra mim, sempre foi sobre prazer. Sobre o que eu sentia no momento. Eu nunca tive preferência definida. Mas também nunca tive liberdade pra ser quem eu era. Porque na família em que eu nasci, liberdade era luxo. E eu aprendi desde cedo que ou você se molda ou é destruído.
Meu pai sempre fez questão de deixar claro o que ele esperava de mim: um neto, um herdeiro, um filho “à altura” do sobrenome dele. O engraçado é que o meu irmão, aquele lixo arrogante, podia fazer o que quisesse. Era mulher diferente todo dia, drogas, desrespeito, promiscuidade — e ainda assim, era ovacionado como o exemplo da família. Já eu, que mantinha meus podres mais bem guardados, era apontado o tempo intei
