Meu Deus, essa foi a noite mais louca da minha vida.

1105 Words
Sabe aquele momento em que seu cérebro desperta, mas você não consegue distinguir se realmente acordou ou se está preso em uma paralisia do sono? Pois é… era exatamente assim que eu me sentia. Tinha a certeza de que dormira antes, mas minha cabeça pesava como se estivesse carregando o mundo. Uma dor infeliz latejava em minhas têmporas. Lentamente, levei as mãos à cabeça, penteando meus cabelos entre os dedos. Ainda de olhos fechados, tudo ao meu redor parecia girar. — Argh... Resmunguei, sentindo uma ânsia h******l. Levantei o corpo antes mesmo de abrir os olhos. O susto foi imediato quando finalmente os abri e não reconheci aquelas colchas divinamente brancas, feitas de um edredom grosso. — Aí, meu Deus! Virei tão rápido que uma tontura c***l me atingiu. Eu reconhecia aquela sensação. Era ressaca. — Onde eu estou?? Olhei ao redor, tentando entender onde diabos tinha ido parar. Meus olhos pousaram sobre uma mesinha de canto onde havia um cartão de visitas. Juro que vi dois deles por um instante. A imagem se distorcia e voltava ao normal conforme eu piscava. Estiquei o braço e peguei o papel. As letras ainda dançavam à minha frente até que, finalmente, consegui distinguir o nome impresso nele: KAIO MAVERICK Sua logomarca ao lado e um número de celular disponível. Rapidamente, assustada, desci o cartão, escondendo-o sob minha mão. — Meu Deus! Eu… eu não posso ter dormido com ele! Meu coração disparou. Olhei ao redor, apressada. Será que ele estava aqui? Não… não teria motivos para deixar o cartão em cima da mesinha se estivesse. Levantei, com a cabeça pesando, e dei passos de ponta de pé até o outro cômodo. — Olá? Deus, que ninguém responda! Olhei sorrateiramente pelos ambientes até ter certeza de que estava sozinha. Minhas roupas continuavam intactas em meu corpo, então… — Graças a Deus... Disse, tocando minhas vestes, tendo a certeza de que, com ele, eu não havia dormido. Puxei o ar rapidamente e lembrei da minha bolsa e celular dentro. Me apressei a procurá-la, movendo o edredom da cama até que a encontrei, nas pernas da mesinha de canto. — Carla!! Você me paga... Removi o celular e liguei para ela rapidamente. Enquanto chamava, levei a mão à cabeça, sentindo aquela dor horrenda. A ligação foi atendida quase quando eu caía. — Argh… Quem é!? — Carla, eu não sei o que aconteceu, mas nunca mais me chame para beber! — Isa? Calma… O que houve? — É exatamente isso que eu quero saber! Porque acordei em um lugar que eu nem sei onde é! Nem sei como vim parar aqui. Disse, indignada. Tinha flashes de lembrança da noite anterior, daquela dança h******l que tivemos e das palavras de repreensão dele, mas nada além disso. — O Kaio não te levou para casa? — Para casa? — É, ele disse que te levaria para casa... Ah, não... — Ah, não o quê? — Você dormiu com aquele homem maravilhoso e esqueceu, foi isso? — Quê!? Usei o tom de indignação. — Claro que não, Carla! Eu não dormi com ele! — E o que você lembra? Porque você saiu daqui com ele. — Eu só lembro de vocês insistindo para nós dançarmos, e com aquele jogo sujo de ficar jogando indiretas para ele. — Amiga… você se prendeu ao que aconteceu com o Renato e não consegue viver mais nada além dele. — E me fazer viver a mesma coisa iria me ajudar muito, não é? Disse, sendo tomada pela raiva. — Como assim, viver tudo de novo? — Foi isso que você ouviu, Carla! O Kaio... O mesmo Kaio, primo do seu namorado, é o meu chefe e o seu também! Ela permaneceu em silêncio, mas eu já podia ver o choque em sua expressão. — Ele é o pai das crianças que eu cuido. Deveria ter compreendido o choque em meu rosto quando vi ele. — Meu Deus... Seu tom foi abismado. — Não se preocupe, ele nem te reconhece ou se preocupa em conhecer os funcionários da própria empresa, mas a mim, ele sabia. Disse o tempo todo que era uma armação do primo e que não faria nada. — Eu juro que não sabia, Isa... — Pois é, agora estou aqui, em um lugar que eu nem faço ideia de onde seja, com um cartão de visitas com o número que acredito ser o pessoal dele. — Ele deixou um cartão? — Deixou, em cima da mesinha. — E você vai ligar? — Eu não! — Por que não? — Para falar o quê? Carla, ele é meu chefe. É o pai dos gêmeos. Como vou comentar a noite bizarra de ontem? — Mas se ele deixou, é porque queria que você ligasse. — Pois vai ficar querendo. Eu não terei essa coragem ou passarei essa vergonha. Disse, indignada. Ouvi seu suspiro pesado. — Amiga, desculpe, de verdade, eu só queria que você se desprendesse daquele crápula. Ele deixou marcas em você que nem sei se o tempo é capaz de apagar. Relaxei o corpo tenso e suspirei. — Eu sei que não fez por m*l. Olha… Eu vou para casa. Pode mandar alguém trazer o carro mais tarde? — Eu passo para levar quando voltar para casa. — Tá certo. — Me desculpa, amiga. Juro que não sabia que ele, justo o primo do Gustavo, era seu chefe. — Já passou. Agora é seguir em frente. Ele nunca está em casa mesmo quando chego, então… não vai fazer diferença. — Tá certo, até mais tarde então. — Até mais! Desliguei a ligação, soltando um suspiro pesado. Decidi então ir embora dali antes que, sei lá, ele resolvesse aparecer e eu ficasse com a cara mais lisa de vergonha. Pedi um carro de aplicativo e o endereço surgiu rapidamente no GPS ligado. Olhei o ambiente com suspeitas. — Será que ele traz todas as mulheres com quem se envolve para cá? Era óbvio, mas me recuso a acreditar que estava em um abatedouro. Descer naquele elevador e observar as pessoas no saguão me deixou nervosa, principalmente o olhar da atendente, que me seguiu até eu sair daquele lugar. O carro já estava me esperando na portaria. Entrei, morrendo de vergonha. — Bom dia, moço. Pode seguir. Disse ao motorista, querendo me enterrar em um buraco. Era só o que eu precisava: pessoas desconhecidas achando que eu era uma acompanhante ou a mulher de mais uma noite daquele homem. Segui para casa nervosa, esperando nunca ter que falar sobre isso com mais ninguém. Essa noite vai ter que ser esquecida. E nunca mais vou falar sobre ela.
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